OS GRIMÓRIOS
Olá a todos! Nesse post vou falar um pouco sobre os livros conhecidos como "grimórios" fazendo uma explanação geral sobre os conceitos a respeito desse assunto.
Afirma-se que a palavra "grimório" venha de "grimoire" ou "gramaire" da língua francesa medieval que significa "gramática". Por algum motivo a palavra "grimório" acabou ganhando o significado de tipos específicos de "livros de magia". Porém, é necessário explicar o conceito que define que características fazem com que um livro seja considerado um grimório.
Pessoalmente, eu costumo chamar de grimório qualquer livro com belo acabamento e capa dura com o estilo que lembra os livros da Idade Média costurados á mão e escritos á mão por monges. Mesmo depois da "invenção" da imprensa pelo inventor alemão Gutenberg (1398-1468) os livros daquela época ainda eram belíssimos e com aspecto artesanal. Mas, é apenas do meu ponto de vista estético que considero um livro "estilo grimório" pois o que faz com que um livro seja considerado um grimório de verdade é seu conteúdo com algo semelhante a uma "receita mágica" ou "manual de magia". É bom especificar outros conceitos de livros que se assemelham ao conceito de grimório. Existem os livros chamados de "livros das sombras" e os conhecidos como "diários mágicos". "Livro das sombras" é um conceito que define um livro que o adepto escreve por si mesmo contendo certas práticas ocultas que ele conhece e que tem funcionado pra ele. "Diário mágico" já é algo bem mais pessoal, mais íntimo, nele o adepto registra minuciosamente todos os detalhes de suas práticas ocultas e ritualísticas. Existem grupos esotéricos que até mesmo exigem que seus membros mantenham diários mágicos bem documentados. Não apenas as práticas ocultas são registradas no diário mágico, mas também todo o contexto, todas as sensações e resultados. Simplificando o máximo possível, um grimório é um "livro de magia" consagrado pela tradição e de origem antiga, os mais conhecidos datam de meados da Idade Média. Dentro do contexto da tradição da magia ocidental, os dois grimórios mais considerados e de referência para a prática da chamada "magia cerimonial" são "A Chave de Salomão" (também chamado "Clavícula de Salomão") e a "Chave Menor de Salomão" (também conhecido como "Lemegeton") que é composto de cinco partes sendo a mais conhecida a primeira denominada "Goetia".
A CHAVE DE SALOMÃO
Esse grimório vem circulando na forma de manuscritos pela Europa desde o séc. XII. Ele tornou-se mais acessível ao grande público no séc XIX quando grandes ocultistas modernos como Eliphas Levi e Mac Gregor Mathers publicaram traduções dele baseados em manuscritos em hebraico e latim presentes em grandes bibliotecas da França e Inglaterra. O trabalho desses dois ocultistas foi de reconstrução, pois, os manuscritos estavam ilegíveis em certas partes e alguns "pantáculos" as figuras mágicas estavam distorcidas e disformes, foi necessário interpretá-los, simplificá-los e reconstruí-los para torná-los inteligíveis ao público.
O nome de Salomão é associado a esse livro porque a tradição afirma que além de rei de Israel, Salomão (famoso por sua grande sabedoria, como proclama a Bíblia) também era perito em impor sua vontade sobre espíritos. A Bíblia tradicional não menciona isso, mas, outras tradições como o Talmude, o Kebra Nagast (livro considerado sagrado na Etiópia) e o Alcorão abordam esse lado oculto desse rei. Até as "Mil e Uma Noites" embora seja ficção, também fala disso.
Logo no início do texto desse livro, Salomão em primeira pessoa se dirige ao seu filho Roboão dizendo que registrou seus "segredos mágicos" nesse livro antes de morrer. Em seguida é narrado uma história contando como certos sábios da Babilônia encontraram esses manuscritos escondidos em código e um deles conseguiu decifrar. Naturalmente esse historinha é de cunho "iniciático" e obviamente esse livro não é a tradução de um manuscrito do próprio Salomão. A maioria dos pesquisadores concorda que na verdade "A Chave de Salomão" foi composto por indivíduos anônimos cujas práticas nos permite classificá-los como "conjuradores". Através de tentativas e erros, eles foram compondo esse manuscrito. Um conjurador teve acesso e com a prática foi acrescentando algo no texto, outro foi acrescentando algo e assim sucescivamente. Alguns pantáculos desse grimório apareceram nas primeiras temporadas da série "Supernatural" ("Sobrenatural" no Brasil). Uma característica desse grimório é que a simbologia dele é alinhada com princípio "sétuplo" então seus símbolos giram em torno dos sete principais astros consagrados pela tradição: sol, lua, vênus, marte, júpiter, saturno e mercúrio. Ele apresenta uma série de correspondências com esses sete princípios como cores, horas, incenso, símbolos e etc. para o praticante "alinhar" e usar para focar no tipo de entidades a serem invocadas, porém, elas não são especificadas com exatidão.
GOETIA
Como já foi dito, na verdade a Goetia é a primeira parte de cinco partes que compõe o chamado "Lemegeton" ou "Chave Menor de Salomão". A premissa é a mesma da Chave de Salomão, o texto afirma que são instruções de Salomão para invocar certas entidades. Também tem uma historinha de cunho "iniciático" narrando que Salomão prendeu esses espíritos em um jarro de cobre e enterrou na Babilônia sendo os habitantes abriram inconsequentemente esse jarro e libertaram esses espíritos pensando que se tratava de um tesouro enterrado por Salomão. A principal diferença da Goetia com a Chave de Salomão é que na Goetia os espíritos estão catalogados, são 72 e o texto apresenta descrições da forma deles, voz, grau hieráquico, nome e "selo" também chamado de "sigilo" ou "assinatura" é o símbolo pessoal de cada um. Mac Gregos Mathher e Crowley publicaram traduções modernas desse livro.Os praticantes afirmam que lhe dar com os 72 espíritos da Goetia não é pra principiantes pois tais entidades possuem presença muito forte e a coisa toda pode facilmente sair do controle e trazer consequências desagradáveis aos amadores.
OUTROS GRIMÓRIOS
Além desses dois textos mais reconhecidos pela tradição, existem vários outros outros grimórios cada qual com suas peculiaridades. SAGRADA MAGIA DE ABRAMELIN-O livro conhecido como "Sagrada Magia de Abramelin" é um grimório com uma história curiosa, foi publicado por Mathers também. O objetivo principal desse grimório é que o praticante entre em contato com seu "santo anjo guardião" e através desse possa realizar várias façanhas. Ao invés de "pantáculos" o livro apresenta "quadrados mágicos" que são conjuntos de quadrinhos contendo letras cada qual com uma função mágica própria. O livro narra a história de um tal Abraão o judeu. Ele buscou desde a juventude adquirir conhecimentos mágicos e viajou por muitas terras buscando esses conhecimentos, mas só encontrou decepção. Apenas quando ele passou por uma pequena vila no Egito lhe indicaram um mago que poderia ajudá-lo em seu propósito. Esse mago era o chamado Abramelin e era de origem caudeia, ele orientou Abraão nas técnicas descritas nesse grimório para entrar em contato com seu "santo anjo guardião". Esse livro teria sido escrito por volta de 1458 e publicado em meados do séc. XVI. O que os especialistas afirmam é que o "santo anjo guardião" não deve ser encarado como uma entidade á parte com personalidade própria, e sim uma versão do "eu superior" do praticante, sua ligação com os planos espirituais. Seria o mesmo que os cabalistas chamam de "maggid" uma entidade espiritual formada da própria energia do adepto que em certas ocasiões se manifesta pra ele e lhe dá orientações.
LIVRO DE RAZIEL-Conhecido como "Sefer Ha Raziel" esse livro surgiu em meados da Idade Média e teria sido obra de rabinos cabalistas. Ele apresenta várias orientações para o adepto fazer pantáculos com letras e símbolos judaicos. O nome Raziel significa "segredo de Deus" e é o nome de um arcanjo que segundo a tradição trouxe a Adão um livro contendo segredos para ele poder evitar os malefícios dos seres espirituais. Mas isso não significa que esse "Livro de Raziel" seja o mesmo dado a Adão, como já disse trata-se de obra de rabinos cabalistas.
ESPADA DE MOISÉS-Esse livro também é obra de rabinos cabalistas surgido na Idade Média. O nome de Moisés é usado porque o texto sugere que esses ensinamentos foram dados a Moisés por Deus para realizar várias proezas. O texto apresenta vários "nomes secretos de Deus" e fórmulas para diversos propósitos.
GALDRABÓK-Esse grimório é datado de cerca do séc. XVII e é de origem islandesa. Diferente dos outros que tem como base personagens do misticismo judaico, esse livro apresenta símbolos rúnicos típicos da tradição escandinava com orientação para diversos usos deles como proteção, afastamento de espíritos e cura de animais.
GRIMÓRIO PERDIDO DE HARUT E MARUT-Esse livro é atribuído a um tal mago árabe al-Toukhi do Egito, escrito em meados da Idade Média. Outro livro atribuído a esse personagem é o "Red Magic". A menção a Harut e Marut se deve a esses personagens serem citados no Alcorão como anjos enviados a antiga Babilônia para testar as pessoas. Eles ensinavam encantamentos á elas mas advertiam de que não deveriam renegar a fé verdadeira. De acordo com a história acabaram sendo seduzidos por uma mulher e foram castigados por Deus por isso. O "Red Magic" apresenta várias conjurações em que são usados nomes divinos típicos da tradição judaica, mas o estilo é árabe. Possui também diversos símbolos típicos da magia árabe e orientação de rituais usados para diversos propósitos.
BLACK PULLET-O nome desse grimório é "galinha preta" em uma tradução livre, pois galinha em francês é "poule". Assim como vários outros grimórios, esse também possui uma historinha que parece ser de caráter iniciático (a menos que se queira considerar como sendo uma história real, fica a critério do leitor). Essa história se passa no tempo de Napoleão Bonaparte, meados de 1800, portanto não é tão antigo quanto outros grimórios. A narrativa do livro originalmente escrito em francês diz que foi escrito por um soldado francês único sobrevivente de um ataque turco próximo as grandes pirâmides do Egito. Há noite, esse soldado viu um compartimento se abrir na grande pirâmide e dele sair um senhor "turco" (podemos deduzir que se refira a "turco" qualquer indivíduo com aspecto ou roupa árabe). Esse turco percebe que o soldado francês está moribundo mas ainda vivo e o leva para dentro da pirâmide onde supostamente existiriam vastos salões e cuida dele até se restabelecer. Depois o turco explica a ele que vem praticando magia a cerca de duzentos anos e acumulando tesouros. Ele também faz diversas demonstrações e explica a ele como praticar também tal magia com o uso de anéis especialmente fabricados para isso, e mostra seu "espírito familiar" chamado Odous. Por fim o turco diz que morrerá e que além de seus conhecimentos concederá ao francês seu espírito familiar, seus tesouros acumulados e ensinará ele a preparar a "franga preta" capaz de indicar onde existe ouro. O livro é escrito como se o francês tivesse realmente vivido isso e publicado na França com todo conforto que os tesouros e as práticas lhe proporcionaram. As técnicas apresentadas nesse grimório são uma combinação de instruções relativas a fabricação desses anéis especiais para serem usados junto a palavras específicas e pantáculos com diversos propósitos. É interessante registrar que alguns dos pantáculos desse grimório aparecem na forma de tatuagem nas costas do personagem Constantine na capa de uma história em quadrinhos, veja:
Em outros blogs já existem explicações detalhadas sobre esses símbolos da tatuagem do personagem, por isso vou falar apenas em termos gerais. As letrinhas escritas em linhas circulares pelas costas são uma conjuração ao arcanjo Uriel pedindo proteção. O pantáculo no centro de acordo com o grimório tem a função de conceder a quem usa o conhecimento das virtudes dos minerais, vegetais e o conhecimento para realizar curas com sucesso. O pantáculo em formato de triângulo virado pra baixo logo abaixo do central de acordo com o grimório serve para conjurar as forças celestiais e infernais que aparecerão na forma de espíritos para realizar tarefas. O pantáculo do lado esquerdo abaixo do anterior de acordo com o grimório concede a quem usa os talentos e virtudes para fazer o bem e converter as substâncias de má qualidade em boa qualidade.
GRIMÓRIOS ESTILO "MAGIA NEGRA"
Não raro alguns dos grimórios medievais apresentam técnicas de sacrifícios de animais, conjurações a entidades reconhecidas como demônios "barra pesada" e algo próximo a "pactos" ou técnicas para ludibriar as entidades através de brechas nos pactos. Assim sendo, esses grimórios estão alinhados ao que pode ser descrito como "magia negra".
GRIMÓRIO DO PAPA HONÓRIO-Pode parecer estranho que o nome de um papa seja associado a um "livro de magia negra" mas acontece que a autoria desse livro não deve ser considerada como desse tal papa Honório, outro autor ou autores devem ter atribuído esse nome a ele. O livro apresenta diversas conjurações a demônios e instruções de sacrifício de animais. Esse livro não deve ser confundido com o "Livro Jurado de Honório" pois a história a respeito desse diz que trata-se de um livro resultado da atitude de um grupo de magos que decidiram reunir todo seu conhecimento em um só livro ao longo da vida. Antes de morrer, o mago passava esse "livro jurado" para seu sucessor que acrescentava mais conhecimentos e assim por diante.
GRIMÓRIO VERUM-O texto dele alega que foi escrito por "Aliebeck o egípcio" em Mênfis ano 1517, mas os especialistas afirmam que na verdade deve ter sido feito no séc. XVIII. Parte dele com seus selos próprios de demônios foi publicado por Mac Gregor Mathers que o diferenciava da Chave de Salomão.
GRAN GRIMOIRE-Esse é outro grimório cujo texto diz ser de meados de 1500 porém os especialistas afirmam que na verdade foi composto em era moderna, meados do séc. XIX. Apresenta instruções e selos para invocar Lucifer, Lucifuge Astaroth e outros demônios "barra pesada". Também chamado de "Dragão Vermelho". Alguns selos desses grimórios e os 72 da Goetia foram apresentados no livro "Qabalah, Qliphop and Goetic Magic" de Thomas Karlsson, sueco erudito do oculto e fundador da ordem esotérica Dragon Rouge que contribuiu por anos como letrista da banda de metal sinfônico Therion. Mencionei ele em outra postagem desse mesmo blog entitulada "THERION E O OCULTISMO". O livro de Karlsson:
Nesse livro Karlsson também cita experiências de adeptos com Goetia que realizaram invocações sem uso de cerimônias tão elaboradas quanto as do texto oficial, métodos simplificados.
O CORVO NEGRO-Conhecido como "Livro do Dr. Johannes Faust" (aquele famoso por ter feito um pacto demoníaco, citei ele no meu livro "Análise Sobre Mitos e o Oculto" link á direita do blog). Esse livro é de origem alemã e pesquisadores sugerem que seja obra de jesuítas alemães do séc. XVII. Que jesuítas se envolvam com magia cerimonial não é de se surpreender, muitos membros do clero católico foram (e ainda são) praticantes. O texto narra como se fosse feito pelo próprio Fausto descrevendo suas invocações e modos de coerção para que os demônios sejam coagidos a realizar suas vontades. Apresenta nomes de vários demônios com diversas funções e seus selos.
LIVRO DE SÃO CIPRIANO-Não se deve confundir o São Cipriano suposto autor desse livro com o São Cipriano considerado santo católico que foi bispo de Cartago norte da África e que viveu em meados de 250 d.C. O São Cipriano suposto autor desse grimório teria sido um feiticeiro de magia negra de Antióquia região da atual Turquia que se arrependeu de suas práticas por amor a uma moça cristã e tal livro seriam os escritos que seus seguidores copiaram dele após sua morte. É mais um caso de grimório com história de cunho iniciático embora qualquer um esteja livre para acreditar que tenha existido realmente tal personagem. Blavatsky em seu livro "A Doutrina Secreta Volume V" afirma que uma tradução desse livro foi publicada inicialmente em francês pelo Marquês de Mirville (1802-1873) escritor, médium e espírita. Na história é dito que esse Cipriano aprendeu muitos conhecimentos ocultos em muitas viagens (Blavatsky supõe que ele teria sido iniciado nos mistérios dos templos pagãos do passado). Então, ele se apaixonou por uma jovem cristã chamada Justina e quis usar de seus feitiços para que ela cedesse a seu desejo sexual, mas, todos espíritos enviados por ele falharam. Assim, ele constatou que suas práticas ocultas não superavam a religião cristã da jovem e se converteu renunciando a seus livros do oculto e se batizando. Mas tanto ele quanto ela foram martirizados pela perseguição aos cristãos do tempo do imperador Dioclesiano. Pode-se dizer que esse é o grimório estilo "magia negra" mais vulgarizado aqui no Brasil, já vi edições "de bolso" bem pequenininhas, algumas com encadernamento de luxo reivindicando serem o "verdadeiro" livro de São Cipriano, O Bruxo, capa preta, capa de aço etc. Pelo que me lembre do conteúdo possui vários rituais para diversos propósitos uns afirmado serem "infalíveis", rituais para conjurar demônios, para se adquirir um "espírito familiar" e coisas assim. Não me parece ter um sistema ou uma estética muito embasada por isso pode-se supor que pode ter sido feito por ocultistas do séc. XVIII ao invés de serem registros de práticas do suposto Cipriano daquela época.
Muito material de grimórios foram apresentados ao público moderno graças a Arthur Edward Waite (1857-1942) autor inglês nascido nos EUA que estudou muito do ocultismo ocidental e publicou obras sobre o assunto sendo co-autor junto com Pamela Colman Smith de um popular tarot chamado "Tarot Rider Waite" ou "Tarot Waite Smith". Ele foi membro da Golden Dawn influente grupo esotérico do ocidente. Referências a vários grimórios aparecem em sua obra "O Livro da Magia Cerimonial" de 1913. Foto de Waite:
Falei de modo geral sobre o conceito do que é um grimório e o conteúdo de alguns dos mais conhecidos. Como se pode perceber nem todos são realmente antigos, muitos podem ser considerados modernos. Frutos em sua maioria de autores anônimos que registraram fórmulas focadas em conjuração, mas também instruções para muitas outras finalidades. Há quem atribua grande importância a livros do tipo considerando-os "valiosos" e "raros" o que eu considero uma mistificação exagerada. Alan Moore escritor de histórias em quadrinhos autor de Constantine, Watchman, V de Vingança e outras grandes obras, além de ocultista praticante em uma entrevista disse que qualquer pessoa hoje em dia pode ir a uma livraria esotérica adquirir um livro desse tipo e praticar os rituais. Do meu ponto de vista considero os grimórios como valiosos mais em seus aspectos culturais, pois, eles reúnem tradições típicas de muitas culturas antigas não apenas judaica. É um sonho de muitos ocultistas encontrar em apenas um grimório as fórmulas que irão resolver sua vida, o "grimório dos grimórios" uma infantilidade tal atitude. Que possam existir grimórios e outros livros com conteúdo realmente extraordinário, instruções valiosíssimas do oculto podemos especular que sim, afinal existem tantas ordens esotéricas e praticantes autônomos. Mas quanto aos que estão ao alcance do grande público, sua importância é mais como uma produção cultural legado de nossa tradição ocidental, embora muitos praticantes muito se beneficiem dessas obras e até considerem suas fórmulas indispensáveis para todos os ocultistas. Minha opinião é que como usar e em que circunstancias usar depende do preparo e maturidade de cada um, além de tato para saber com qual texto o praticante se identifica mais.
Muito legal. Acho interessante também comentar, que apesar da Clavícula de Salomão ser atribuída à Salomão, já encontrei diversos artigos que explicavam que provavelmente foi feito por padres estudantes de demonologia, já que boa parte das egrégoras evocadas são de deuses árabes, no geral: como Baal, Belzebub, Moloch repaginados em um visual claramente católico/medieval.
ResponderExcluirO próprio Baal era representado por um touro, antes de se tornar um sapo.
Acho que vale a pena também citar os escritos de São Cipriano e o Franga Preta, que são manuscritos medievais com características claras de seu tempo, além dos manuais do Agrippa que desvelam os alfabetos mágicos que são usados em todos os outros.
Grato pelo comentário!
ResponderExcluirQuando a pessoa está por dentro do assunto como é o seu caso, muito mais me alegra. Quanto a menção a Salomão nessa área de grimórios e demonologia naturalmente nenhum escrito realmente dele sobre isso parece ter sobrevivido aos dias atuais,mas as tradições sobre ele são tão fortes nos meios ocultistas que o nome dele é usado como referência. Quanto ao livro de "São Cipriano" eu só lembrei dele depois de ter terminado de fazer o post são tantas fontes de informação consultadas que certas coisas relevantes ficam de fora sem querer, vou atualizar isso. Quanto ao livro "franga preta" o "Black Pullet" eu creio q é dos menos conhecidos mas vou atualizar sobre ele tbm inclusive a menção aos pantáculos dele na HQ do Constantine. Já sobre os manuais de Agrippa creio q é o discípulo dele Johann Weyer conhecido como Wierius q escreveu relevantes manuais de demonologia, e os "alfabetos mágicos" esses são bem divulgados e conhecidos existe uma variedade deles. Vou fazer as atualizações, continue acompanhando o blog e comentando nos posts são valiosas contribuições p/ tds leitores, abraços.