domingo, 1 de setembro de 2019

OCULTISTAS NOTÁVEIS-10

   Olá pessoal! Nesse post vou falar um pouco sobre o tão difamado "Conde de Cagliostro".
   Falei de modo resumido sobre ele no meu livro "Análise Sobre Mitos e o Oculto"(link á direita do blog). Ele andou por várias partes da Europa no séc. XVIII, uma época marcada por outros aventureiros como o sedutor Casanova e o famoso Conde de Saint  Germain, alquimista/imortal. Muitas fontes ainda retratam Cagliostro como um charlatão, um enganador com alguma ligação com a maçonaria que ludibriou a muitos em suas andanças. Afirma-se até mesmo que era italiano, um aprendiz de farmacêutico que se autoproclamou alquimista (muito comum no passado ajudantes de farmacêuticos se aventurarem na alquimia, vide Edward Kelley, assistente de John Dee). Mas tanto sua nacionalidade quanto ordens as quais estava filiado são duvidosas, uma investigação mais profunda revela algo diferente do que é popularmente divulgado.
   O melhor trabalho de fonte é o livro "Cagliostro, O Grande Mestre do Oculto" de Marc Haven(Marc-Enri Emmanuel Lalande 1868-1926) lançado aqui pela Madras Editora. Ele era de estatura mediana, pele clara, olhos negros sempre vivos, cabelos penteados para trás e costumava usar uma camisa aberta branca simples do estilo da época. Se apresentava com o título de Conde de Cagliostro, e nome de Giuseppe Bálsamo, falava na sua conversação diária o italiano e o francês, ás vezes uma mistura de italiano e francês. Busto representando ele:
   Embora passasse como italiano, os que o ouviram falar o português de Portugal afirmam que essa era a língua que ele melhor falava, portanto, sugere-se que sua verdadeira nacionalidade seja de Portugal embora o próprio ocultasse isso. Foi casado com Serafina Feliciani, uma mulher tímida e discreta que acompanhou Cagliostro em suas andanças. Sua primeira aparição pública foi em Londres ano 1776 onde alugou um apartamento. Embora ninguém soubesse de onde vinha sua renda, sempre tinha o suficiente para viver bem e até se hospedar em hotéis caros. Se espalhou a notícia que eram um casal de ricos caridosos. Sugeriu a um pobre os números para apostar na loteria, ele ganhou! Sempre acertava os números. Quiseram roubar seu caderno onde fazia os cálculos mas nunca puderam compreende-lo e também uma caixinha com seu "pó de projeção" que ele se recusava a dar. Saiu de lá decepcionado. Em 1780 chega a São Petersburgo já adentrando os círculos maçônicos. A imperatriz Catarina II a princípio foi grande apoiadora de tudo que fosse maçônico ou esotérico, depois se tornou enfadada disso. Em Varsóvia na Polônia encontrou um nobre grande entusiasta da alquimia e até transformou parte de sua casa em laboratório, realizou uma transmutação ele mesmo na frente de todos, mas almas simplórias não o compreenderam. Em 1882 chega em Estrasburgo cidade da fronteira entre França e Alemanha. Suas curas nessa cidade chamaram muito atenção. Ele não cobrava nada aos doentes e até dava o dinheiro e receita quando precisavam ir a farmácia. Os médicos oficiais foram seus grandes adversários (assim como do alquimista Paracelso). Chegou em Lyon na França em 1784. Lá quis estabelecer um novo rito na maçonaria o "Rito Egípcio", chegou a enviar um documento oficial solicitando, mas, tal ordem é pouco afeita á inovações. Mesmo assim ele fundou sua própria loja maçônica. Uma golpista madame de la Motte envolveu seu amigo o cardeal Roham em uma alta dívida por um colar de diamantes que seria supostamente dado a Maria Antonieta. Quando o caso veio á público Cagliostro foi preso na Bastilha. O caso foi resolvido e ele inocentado. Teve um retorno a Londres mas tão pouco proveitoso quanto sua primeira estadia. Rumou para Suíça, depois chegou em 1789 em Roma. A Inquisição não tardou a pegá-lo e em 1791 foi executado (embora haja quem alimente especulações de que foi uma morte forjada). Antes disso, emissários foram até ele na prisão onde ele falou em árabe. 
   A maioria dos relatos sobre Cagliostro são de escritos de seus inimigos, jornalistas sensacionalistas, interessados no oculto decepcionados, gente que não conseguiu extorqui-lo. Sua relação com o Conde de Saint Germain é especulada, há quem afirme que nunca houve essa relação, outros como Vitor Manuel Adrião em seu livro "As Forças Secretas da Civilização" publicado aqui pela Madras afirma que Cagliostro estava a serviço de Saint Germain e que sua missão foi salvar o delfim da França antes da Revolução. Afinal o que ele queria em suas andanças? Embora fosse maçom ele não parecia estar seguindo qualquer diretriz da ordem. Quando chegava na cidade ele mandava sua esposa preparar a mesa para receber qualquer pessoa que necessitasse, estava á disposição dos pobres e doentes desde a manhã até a noite, nunca cobrando nada, comia em pé e rapidamente. Aos interessados no oculto se dispunha a discutir tais assuntos e até a ensinar embora nunca encontrasse mentes preparadas. Por todas essas características tudo leva a crer que ele foi um membro da ordem Sufi e que era a serviço dessa ordem que ele agiu daquela forma (para entender sobre o sufismo recomendo meu outro post desse mesmo blog intitulado "O QUE É O SUFISMO?". Um adepto português sufi que assumiu uma identidade fictícia para cumprir a designação de seus mestres quer seja introduzindo algo novo na maçonaria, ensinando o oculto aos interessados ou fazendo obras de caridade. Apesar de quase nunca escrever, Cagliostro possuía um selo pessoal que talvez os filiados a seu grupo o reconheçam: