sexta-feira, 17 de abril de 2020

A CIÊNCIA DA FORMA, DA MATÉRIA E A GEOMETRIA SAGRADA


   Olá a todos! Nesse post vou dissertar sobre alguns artefatos e construções antigas e a ciência que está por trás dessas obras. Sendo mais direto, vou apresentar que tipo de "arte" está por trás da fabricação da chamada "arca da aliança" , do tabernáculo e do templo de Salomão. 
   A "arca da aliança" é o baú que Deus orientou Moisés a fabricar para poder guardar principalmente as tábuas dos dez mandamentos, um vaso contendo o maná e talvez outros artefatos não especificados. O tabernáculo é o "templo móvel" basicamente a tenda e o cercado onde a arca seria depositada durante a travessia dos hebreus pelo deserto até a terra prometida. Mesmo sendo proibido aos judeus confeccionar imagens para fim religioso, a arca tornou-se o objeto sagrado central e tangível da fé. As particularidades e minucias sobre a construção da arca, do tabernáculo e os objetos usados no serviço do tabernáculo pelos sacerdotes da descendência de Aarão -os "cohens"- eram tão complexos que Deus teve que mostrar as imagens de tudo a Moisés durante a conferência, segundo a tradição, em fogo. Mas Moisés não deveria fazer tudo sozinho e Deus ordenou a ele que um homem chamado Betsalel fosse o artífice mestre, veja em Êxodo cap. 35 versículos 30 a 35:

   "Moisés disse aos israelitas: 'Vede: o Senhor designou Betsalel, filho de Uri, filho de Hur, da tribo de Judá; encheu-o de um espírito divino para dar-lhe sabedoria, inteligência e habilidade para toda a sorte de obras: invenções, trabalho em ouro, em prata, em bronze, gravação de pedras de engaste, trabalho em madeira, execução de toda espécie de obras. Concedeu-lhe também o dom de ensinar, assim como a Aoliav, filho de Aquisamec, da tribo de Dan. Dotou-os de talento para executar toda a sorte de obras de escultura e de arte, de bordados em estofo e púrpura e violeta e escarlate, de carmesin e de linho fino, e para a execução assim como o projeto de toda espécie de trabalhos.'"

   Betsalel (também grafado como "Besalel" ou "Betzalel") era artesão, seu avô Hur foi joalheiro e ele aprendeu não apenas essa arte mas, outras tantas relacionadas a trabalho com a matéria. Seu nome significa "na sombra de Deus" ("beit"= casa, "tsl"= sombra, "El"=Deus) e quando Moisés ordenou a ele que fabricasse primeiro os objetos do tabernáculo e depois o tabernáculo, Betsalel respondeu que o correto era construir primeiro a "casa" e depois os objetos e Moisés o felicitou porque era realmente assim que Deus tinha ordenado e Moisés afirmou que ele realmente estava "á sombra" de Deus. Em toda antiguidade clássica os artesão (em um sentido muito mais amplo, não apenas quem fabrica objetos de arte, mas trabalha com a matéria) eram considerados "mágicos" e dotados de um conhecimento especial. Na mitologia grega o deus Hefesto da forja é quem fabricou todas as armas dos deuses que tinham capacidades incomuns, além de ter projetado seus palácios. Dédalo foi o artífice que construiu o labirinto de Minos e também as asas de cera com a qual pôde sair de lá. Os antigos vinkings pensavam a mesma coisa a respeito dos artesãos em especial os que trabalhavam com ferro. Quando a Bíblia diz que Betsalel era dotado de inteligência não era apenas inteligência em um sentido comum, mas, em um sentido mais profundo, de alguém que não apenas sabe trabalhar com a matéria, mas também que conhece os segredos ocultos da matéria. Outra habilidade atribuída a Betsalel era a capacidade de "permutar as letras pelas quais o céu a a terra foram criados" o que significa que ele dominava as técnicas do Sêfer Yetsirá. Veja o que o Arieh Kaplan diz sobre isso no prefácio de sua edição do Sêfer Yetsirá:

   "Os mistérios do Sêfer Yetsirá foram usados novamente após o Êxodo quando os israelitas estavam construindo o Tabernáculo no deserto. O Talmud diz que Betzalel foi escolhido para construir este Tabernáculo porque ele 'sabia como permutar as letras com as quais o céu e a terra foram criados'. Tal conhecimento esotérico era necessário, visto que se pretendia que o Tabernáculo fosse um microcosmo, traçando um paralelo simultâneo com o Universo, o domínio espiritual e o corpo humano. Não era suficiente a mera construção de um edifício físico. Na construção, o arquiteto tinha de meditar no significado de cada parte e imbuí-las com as propriedades espirituais necessárias."

   Também Bin Gorion em "As Lendas do Povo Judeu" menciona o mesmo, apenas muda o termo "permutar" por "ligar" as letras, veja o trecho:

   "Bezalel sabia ligar as letras, por força das quais foram criados o céu e a terra. Era chamado de Bezalel, pois, quando Moisés recebeu sua instrução no Sinai, ele também ali estava sob a sombra de Deus."

   Arieh Kaplan continua ressaltando os "estados de consciência" representados por determinadas séfiras da árvore da vida que Betsalel era capaz de alcançar, veja o trecho:

   "O Talmud deriva tudo isso do versículo onde Deus diz{Êxodo cap.31 vers 2-3}: 'Eu chamei por seu nome Betzalel...e o enchi com o espírito de Deus, com Sabedoria, Entendimento, e Conhecimento"(Chocmá, Biná, e Daát) referem-se a estados de consciência que discutiremos extensamente. Tais estados de consciência são obtidos mediante a manipulação das letras."

   Portanto, Betsalel era dotado de um conhecimento especial não era apenas um artesão comum. A arca foi criada sob medidas bem definidas e de madeira de acácia recoberta de ouro. Uma representação de como era a arca:

   Vários especialistas afirmam que essa combinação do ouro com a madeira de acácia faz com que a arca funcione como um tipo de "capacitor" acumulando energia solar e descarregando na forma de eletricidade. Todos os materiais utilizados na fabricação dos artefatos do tabernáculo são altamente significativos. A acácia por exemplo tem uma importância simbólica muito grande na maçonaria. Com relação a ciência da matéria e forma dos objetos, um inventor Tcheco chamado Robert Pavlita inventou o que foram chamados "geradores psicotrônicos" objetos que devido a serem feitos de determinados materiais e sob determinadas formas e medidas são capazes de acumular energia (humana) e descarregar essa energia na forma de um tipo de magnetismo capaz de atrair objetos não apenas metálicos. As autoras Sheila Ostrander e Lynn Schroeder tiveram a oportunidade de conhecer pessoalmente Pavlita e suas criações, elas relataram a esperiência no livro "Experiências Psíquicas Além da Cortina de Ferro". Pavlita teve a ideia se baseando em antigos textos o que comprova que os da antiguidade já conheciam essa ciência, veja esses dois trechos da já citada obra:

   "O gerador psicotrônico, ou gerador de Pavlita, como é chamado em homenagem ao seu inventor, nasceu, em parte, de antigos manuscritos e descobrimentos esquecidos, velhos conhecimentos combinados com a ciência moderna."

   "-Pavlita teve a ideia depois de estudar muitos textos antiquíssimos."

   Assim como o artífice responsável pela criação da arca era dotado de um conhecimento especial, também o artífice responsável por vários adornos do templo que deveria receber a arca também era dotado de um conhecimento especial. A tradição diz que seu nome era Hiram, veja o que a Bíblia diz em I Reis cap. 7 versículos 13 a 14: 

   "O rei Salomão mandara vir de Tiro um homem que trabalhava em bronze, Hiram, filho de uma viúva da tribo de Neftali, cujo pai era de Tiro. Hiram era talentoso, cheio de inteligência e habilidade para fazer toda espécie de trabalhos em bronze. Apresentou-se ao rei Salomão e executou todos os seus trabalhos."

   Esse personagem acabou sendo tomado como uma figura de referência para a maçonaria e vale ressaltar que várias catedrais da Europa foram construídas na Idade Média por arquitetos com ligações com a maçonaria, não oficialmente, pois, tal ordem como é conhecida hoje em dia só veio á publico no séc. XVIII, eram ligados a confrarias esotéricas formadas por remanescentes dos Templários. Em especial várias referências á alquimia são encontradas nos adornos de muitas dessas catedrais, o que liga mais facilmente á ordem Rosa Cruz que se manifestou publicamente bem antes da maçonaria. Ilustração representando o Templo de Salomão:

   Não se sabe ao certo como era a forma desse templo, todas as representações são tentativas, o que se tem são as medidas que certamente são parâmetros muito especiais capazes de proporcionar a construção certas propriedades incomuns. O local da construção é altamente significafico: o Monte Moria é onde segundo a tradição (o Alcorão confirma) Abraão foi submetido a um teste por Deus quase matando seu filho Issac. Muitos povos do passado determinavam que seus templos fossem edificados em locais específicos e com formas específicas, pois, sabiam que essas referências outorgavam a obra características singulares. Léonard Ribordy em seu livro "Arquitetura e Geometria Sagradas Pelo Mundo" comenta vários exemplos de edificações antigas que foram feitas sob medidas e formas especiais:

   Talvez o mais eminente exemplo dessas ciências seja a pirâmide de Quéops do Egito (que não foi feita por Quéops), mas os mistérios referentes a essa e outras pirâmides são matéria para outros especialistas e muitas obras a respeito já foram publicadas para o público interessado.