sábado, 31 de março de 2018

MAOMÉ  E  O  ALCORÃO

   Nunca antes na história o islamismo esteve tão perto de nossa sociedade ocidental quanto nos dias atuais devido em grande parte ás notícias propagadas na mídia das barbaridades cometidas por "imigrantes" muçulmanos nos países europeus. Nossa sociedade ocidental (de maioria cristã) sempre permaneceu afastada do islã. Talvez um dos grandes eventos que chamou a atenção do mundo para o islamismo tenha sido o atentado de 11 de setembro de 2001 nas torres gêmeas em Nova York (atentado envolto em sinistros simbolismos e "coincidências" que os adeptos de teorias da conspiração gostam de explorar). A pouco tempo surgiu o grupo extremista "Estado Islãmico"também chamado de ISIS e Daesh (cujo surgimento também é envolto em "teorias conspiratórias") e diversos atentados nas capitais da Europa cometidos por indivíduos que simplesmente usam um carro ou outro veículo como arma atropelando as pessoas. Certamente quem se dá o trabalho de fazer uma pesquisa ainda que superficial na internet encontrará fatos chocantes a respeito do islã e a maneira como grupos étnicos religiosos não muçulmanos são tradados nos países de maioria muçulmana (em especial os cristãos que praticamente tem que pagar uma taxa para não serem perseguidos como se paga a uma máfia). É comum também encontrar fatos como atentados suicidas cometidos por muçulmanos contra outros muçulmanos afinal existem diversas seitas dentro do islã como sunismo e xiismo. Um traço característico do islã que causa muito espanto aos não muçulmanos é a entrega deles em atos suicidas alegando que o Alcorão justifica tais atos. Há muita coisa a respeito do islã que simplesmente é mal interpretada pelos não muçulmanos e também existem muitos elementos relacionados ao esoterismo/ocultismo no islã por isso vou fazer uma abordagem geral sobre esse assunto esclarecendo alguns pontos nesse post.

QUEM  FOI  MAOMÉ  E  COMO  ERA  A  ARÁBIA  NAQUELA  ÉPOCA

   Um dos pontos polêmicos discutidos pelos não muçulmanos é a respeito de quem foi Maomé e se foi ele mesmo quem criou o Alcorão. Em relação a Arábia da época de Maomé é bom esclarecer que não era uma nação unificada. Naquela época existiam diversas tribos que falavam a língua árabe castiça mas com costumes e crenças diversas. Haviam as tribos beduínas que eram comerciantes nômades, mas também haviam comunidades fixas. Haviam reinos comandados por judeus e reinos comandados por cristãos (a comunidade cristã da atual Síria é uma das mais antigas do mundo e surgiu pouco tempo após a morte de Cristo) e haviam reinos comandados por politeístas, a maioria dos árabes era politeísta e adoravam muitas divindades. As guerras entre esses diversos grupos eram constantes e faziam parte da rotina da população. Maomé (originalmente em árabe é chamado de "Muhamed") nasceu na cidade Meca ano 570 d.C de uma tribo chamada Koraich que vivia do comércio mas não era nômade, eles costumavam fazer duas viagens de comércio por ano á Síria e ao Iêmen sendo que o resto do ano permaneciam em suas residências fixas. Maomé ficou órfão de pais e foi criado pelo tio. Em 590 d.C. o tio de Maomé arranjou um casamento para ele com uma mulher que acabava de se tornar viúva chamada Khadija que tinha quase o dobro da idade dele, mas era muito rica. Dessa forma, Maomé herdou os bens dela e passou a se dedicar ao comércio como a maioria de sua tribo. Até cerca de 40 anos Maomé seguiu uma carreira bem sucedida nos negócios ele vivia da venda de peles de animais e frutas secas como uva passas e tãmaras além de possivelmente ter alguns animais de rebanho, mas, certamente não era rico para os padrões de seus contemporâneos. Embora fosse bom nos negócios, se manteve analfabeto a vida toda, ele nunca aprendeu a ler e escrever, jamais foi visto molhando uma pena na tinta para escrever nada com as próprias mãos. Nessa idade, como ocorre com muitos homens, ele sentiu necessidade de se isolar para refletir sobre a vida e passou a ficar longos períodos na pequena caverna de Hira próximo a sua casa. Em uma noite 610 d.C. durante o ramadã que já era um "mês sagrado" para os árabes antes do surgimento do islã, Maomé estava na caverna quando lhe apareceu uma entidade mostrando a ele um pergaminho e ordenado: "Leia!" Maomé respondeu que não sabia ler e a entidade agarrou-o fortemente pela nuca e após ordenar três vezes "Leia!" deu a ele o que iria se tornar os primeiros versos do capítulo 96 do Alcorão:
   "Lê, em nome de teu Senhor que te criou,
   Criou o homem de algo que se agarra. 
   Lê que teu Senhor é generosíssimo,
   Que ensinou pela pena,
   Ensinou ao homem o que ele não sabia."

   No dia seguinte, Maomé saiu correndo da caverna apavorado com essa experiência e contou o ocorrido a Khadija. Ela sujeriu que aquilo poderia ter sido uma revelação de um "anjo" mas ele mesmo permaneceu em dúvida, afinal poderia ter sido outras entidades como djinns ou demônios. Tal entidade apareceu para ele outras vezes após aquele dia, e depois de cerca de três anos, ele se sentiu preparado para se auto declarar como um "profeta" de Deus e passou a pregar a nova religião a princípio para sua própria família e amigos próximos de sua tribo e depois para outras pessoas. O Alcorão não foi escrito por ele ("Alcorão" vem de "al curam" que significa "a recitação" em árabe) é basicamente um livro oral concebido para ser memorizado e não escrito. Os capítulos passaram a serem revelados a ele depois daquela experiência aos poucos, até pouco antes de sua morte. Depois da experiência na caverna, Maomé desenvolveu habilidades mediúnicas e sua sensibilidade espiritual aumentou muito. Ele passou a ver várias entidades quase diariamente. O Alcorão era recitado a ele geralmente pela manhã, no fim da tarde ou á noite, ás vezes em sonhos. Ele entrava em transe nesses momentos e depois retinha o que se lembrava do que lhe era recitado e transmitia ás pessoas. Naturalmente muitos acusaram ele de ser uma fraude, o chamavam de louco, poeta (achavam que o Alcorão era um tipo de poesia) de mágico e de "possuído por djinn". Ele duvidou de si mesmo e em várias ocasiões tentou se suicidar sendo impedido por uma entidade que afirmava que ele era de fato um profeta com a missão de transmitir uma mensagem. Muitos defendem que a entidade que revelou a ele na caverna de Hira foi o anjo Gabriel, Maomé não afirmava isso mas em várias outras ocasiões dizia que o anjo Gabriel (chamado "Jibril" na tradição árabe) lhe prestava orientação. Muitos doutores, teólogos muçulmanos discutem sobre isso até hoje, quanto a identidade da entidade da caverna não há consenso mas quanto a assistência de Gabriel em várias ocasiões a maioria concorda. Em 627 d.C foi formado um grupo composto por cerca de dez mil homens, judeus, politeístas e até membros da própria tribo de Maomé para matá-lo e a seus seguidores. Maomé dispunha de cerca de três mil homens porém bem motivados e assim venceu essa e muitas outras batalhas. Antes de morrer, Maomé se certificou que seus seguidores mais próximos saberiam recitar o Alcorão completo de cor (tarefa que leva vários dias devido a seu tamanho). Maomé não teve filhos, mas filhas, e essas filhas lhe deram netos, mas ele não estabeleceu um sucessor direto, por isso as disputas pela autoridade começaram assim que ele morreu. Abu Bakr, seu sogro se assumiu o sucessor e temendo que o Alcorão se perdesse encarregou Zaid Ibn Thabet de reunir os textos. Osman, o terceiro líder, mandou organizar o Alcorão definitivo semelhante a esse que está disponível em várias traduções hoje em dia. Cada capítulo é chamado de "sura" e o Alcorão completo é composto de 114 suras. 

FORMA  EXTERNA  DO  ISLà E  ASSIMILAÇÃO  DO  POLITEÍSMO  DA  ÉPOCA

   Em muitos aspectos, o islã é na verdade uma adaptação de costumes comuns dos politeístas da época de Maomé. Com relação ao nome de Deus em árabe "Allá" a wikipédia alude que sua origem vem do termo em língua semita "El" que significa "Deus". Muitos pesquisadores, entretanto, afirmam que Allá na verdade era o nome de uma entidade do culto politeísta árabe, o "deus da lua" razão da lua crescente ser um símbolo tradicional no islamismo. Outra relação entre o islã e a lua como símbolo é o antigo calendário árabe que é lunar. Muitos povos da antiguidade tinham calendários lunares como o calendário tradicional do judaísmo (que conta a era atual em mais de cinco mil anos) e o calendário chinês antigo, repare que o "ano novo chinês" nunca coincide com a virada do ano no calendário solar tradicional usado aqui no ocidente. Dentre as muitas divindades cultuadas pelos árabes politeístas do tempo de Maomé estavam três deusas chamadas Uzza, Al-Zurrara e Al-Lat além de Manath. Uzza (significa "a poderosa") era considerada a filha do deus supremo, Al-Zurrara (considerada a deusa do amor e da beleza) era considerada irmã de Uzza, Al-Lat era considerada a "deusa mãe" e Manath era considerada a deusa do destino. Uma ilustração de como essas deusas deveriam ser retratadas pelos politeístas na época:

   O centro de culto dessas deusas era em Meca e especificamente em torno da pedra negra de Caaba. Quando os seguidores de Maomé se tornaram mais numerosos, o centro de culto dessas deusas foi tomado á força dos politeístas e transformado no centro de culto de Allá que continua sendo até hoje. Muitos especulam a origem da "pedra negra" acredita-se que seja um meteoro que a muitos anos atrás caiu na região e se tornou centro de culto. Depois dos seguidores de Maomé tomarem o local, construíram uma mesquita próximo dali e em torno da pedra negra fizeram uma construção em forma de cubo. Na tradição muçulmana, todo adepto que tiver dinheiro suficiente deve fazer a "haaj" (peregrinação) ao menos uma vez na vida e dar sete voltas em torno dessa pedra. Veja foto dela:
   A pedra em si é pequena e foi envolta em uma estrutura de prata, repare nela atrás desses guardas da foto: 
  
   Não apenas esse costume foi copiado dos cultos pagãos, vários outros também foram, mas, de um modo geral, essa pedra se tornou o centro do islã a nova religião fundada por Maomé. Naquela época, alguns árabes costumavam se voltar para a direção de Jerusalém para fazerem suas orações, com o surgimento do islã a direção de oração (quibla) passou a ser a direção da pedra de Caaba. 

BRUTALIDADES  DA  ÉPOCA  DE  MAOMÉ
   
   Como eu já disse, na época de Maomé as guerras eram constantes. Pode-se afirmar sem dúvidas que após a revelação na caverna de Hira e o crescimento dos adeptos, Maomé deixou de ser apenas um comerciante para ser um líder militar e liderou pessoalmente muitas batalhas contra várias comunidades da Arábia, comunidades cristãs, comunidades judaicas e comunidades politeístas. Naquela época meados de 600 d.C. era considerado um direito legítimo os combatentes vencedores escravizarem os vencidos, suas esposas parentes e filhos e tomarem seus bens. Inclusive era considerado legítimo estuprar as mulheres dos derrotados, certamente Maomé e seus seguidores assim o fizeram. No Alcorão há instruções relativas a como lhe dar com os escravos e a escravidão era comum na época. O próprio Maomé embora não fosse rico tinha alguns escravos. Recentemente foi noticiado que na guerra da Síria mães matavam suas filhas e se suicidavam para evitarem de serem estupradas pelos soldados. A escravidão é um dos muitos aspectos do islã totalmente anacrônicos que deveriam ter sido abolidos, mas, de um modo geral, exceto pelas comodidades da tecnologia e ciência atuais as comunidades muçulmanas continuam vivendo como a 1400 anos atrás! A atitude de seguir o Alcorão á risca sem ponderar suas instruções e o contexto da época em que foi revelado simplesmente congelou os muçulmanos no tempo. Quanto aos atos suicidas, as instruções encontradas no Alcorão eram dirigidas principalmente aos primeiros adeptos que aderiram ao islã no início. As primeiras batalhas eram de sobrevivência contra os exércitos coligados compostos por judeus e politeístas que estavam determinados a exterminar Maomé qualquer de seus seguidores. Quando convocados á batalha, muitos que se diziam seus seguidores davam desculpas para não batalhar é a esses que o Alcorão se dirigia com a promessa de um "paraíso" caso morressem pela causa do islã. Judeus e cristãos geralmente são chamados no Alcorão de "povo do livro" e "adeptos do livro" e é dito que os que merecerem entre eles serão bem recompensados na vida após a morte. As ameaças do Alcorão geralmente eram dirigidas aos politeístas da época e especialmente contra eles que o Alcorão incitava lutar como se fosse uma "jihad" (guerra santa). 

MORTE  DE  MAOMÉ

   Certamente Maomé cometeu muitos crimes em sua trajetória militante para estabelecer o islã no ambiente de sua época. Ele também sofria de uma obsessão desmedida por sexo semelhante ao rei Salomão (lembremos que na narrativa bíblica é dito que Salomão teve cerca de mil esposas entre escravas e filhas de outros reis. Algumas o levaram a adorar seus deuses estrangeiros, um dos motivos da ruína de seu reino antes unido em torno de si, respeitado pelos estrangeiros e próspero) inclusive tanto Salomão quanto Maomé morreram com cerca de sessenta anos. Quanto a Aisha, a esposa mais nova de Maomé com a qual ele teve relações  quando ela tinha cerca de nove anos e ele cerca de cinquenta, as narrativas da época dizem que naquele momento ele desejava tomar uma nova esposa e sua tia lhe recomendou Aisha ou uma outra que tinha se tornado viúva recentemente. Casamentos arranjados eram muito comuns na antiguidade, e, Aisha na verdade já estava prometida por seus pais a um filho de cristãos, mas, como Maomé tomou a frente ela foi concedida a ele e ele não aguardou ela se tornar maior de idade para ter relações com ela. Talvez tenha sido a única esposa que ele tomou virgem já que as outras ou eram escravas compradas, escravas tomadas de guerras, viúvas ou separadas. Naquela época bastava que o homem pudesse ter o suficiente para prover comida, casa e roupas para se casar, e, mesmo que Maomé não fosse rico, ele de fato acumulou várias esposas não se sabe exatamente quantas. Outro episódio que evidencia a obsessão de Maomé é quando ele viu sem querer Zaynab, esposa de seu filho adotivo Zayd nua. A princípio Maomé teve receio de pedir para seu filho adotivo que se separasse dela, mas, como revelado na sura 33 versículo 37 do Alcorão, é dito que os filhos adotivos não são considerados o mesmo que filhos biológicos e portanto as esposas deles podem se casar com o pai adotivo considerado sogro caso ambas as partes concordem. Isso não quer dizer que tal relação deva ser vista como natural, em qualquer cultura mesmo a da época dele, se casar com a nora ainda que esposa de um filho adotivo é algo pouco comum e pouco aceitável. Muitos episódios bem registrados pelos historiadores árabes narram sobre Maomé tomando como esposa a filha ou esposa dos adversários que ele e seu exército combateram e mataram, frequentemente no mesmo dia. Significa que as mulheres ou moças sequer tinham tempo de velar pelo cadáver de seus pais, irmãos ou esposos pois o homem responsável pela morte deles acabava de tomar elas como sua "presa" legítima adquirida através da guerra. Uma narrativa fala sobre uma dessas moças entrando na tenda de Maomé e chorando e arrancando os cabelos sobre o corpo do esposo morto ou irmão e naquela mesma noite sendo maquiada, perfumada e vestida pelas mulheres da família dele para consumar o casamento com ele! Se Maomé não tinha auto controle, evidentemente ele também devia achar que as mulheres eram pouco melhores que animais sem consciência pelo que seus atos mostram. Além disso, embora a promessa de várias "húris" esposas virgens para os adeptos que morrerem e tiverem merecido na outra vida seja um atrativo dessa religião, na prática não faz muita diferença pois tanto Maomé em sua época quanto alguns adeptos de hoje em dia simplesmente acumulam várias esposas aqui mesmo nessa vida material. 
   Mas, como o próprio Alcorão afirma, cada alma terá de comparecer perante a Deus e terá de prestar contas de todos seus atos praticados em vida sem que possa recorrer a qualquer outra entidade para lhe prestar auxílio além de Deus mesmo. E a prestação de contas de Maomé começou ainda nessa vida material. Após uma batalha contra uma comunidade judaica em Khaibar, uma judia ofereceu a Maomé e seus seguidores no jantar um cordeiro assado (outras fontes dizem que foi uma cabra) com veneno. Maomé comeu e após dar a primeira mordida, cuspiu e disse "-Detenham suas mãos! Verdadeiramente a perna do cordeiro me disse que está envenenada!". Após isso, Maomé passou seus últimos três anos de vida sofrendo uma terrível dor no peito e dizia que sua aorta (principal artéria do coração) havia sido cortada. Perguntaram a ele se a cozinheira deveria ser morta, ele respondeu que não e chamou-a e perguntou a ela porque ela tinha feito aquilo. Ela respondeu que se ele fosse verdadeiramente um profeta, Deus o teria advertido e evitado que ele se envenenasse. E caso esse não fosse um profeta de verdade todos se veriam livres dele. No próprio Alcorão é dito que caso Maomé tivesse inventado alguma coisa não oficial do Alcorão ele teria sua aorta cortada como punição, veja o capítulo 69 versículos 44 a 47:
   "Se este mensageiro nos tivesse atribuído dizeres inventados,
   Tê-lo-íamos apanhado pela mão direita,
   E ter-lhe-íamos cortado a aorta.
   E nenhum de vós teria podido impedir-nos." 

   Quanto a revelação do Alcorão que Maomé teria inventado de sua própria cabeça, essa é conhecida como "versículos satânicos". Quando Maomé estava em Meca, ele desejava muito que sua tribo Kuraich se convertesse totalmente ao islã, porém muitos ainda se apegavam a adoração ás deusas já citadas. Então foi revelado a ele a sura 53 e no versículos 19, 20 e 21 ele disse ao recitar para os de sua tribo:
   "Vocês tem refletido sobre Al-Lat, Al-Uzza,
   E Manath a terceira?
   Essas são exaltadas e a intercessão através delas é permitida".

   Os membros de sua tribo ficaram satisfeitos de terem ouvido que era permitido adorar as deusas as quais eles já estavam acostumados a adorar. Porém, a revelação original era da seguinte forma:
   "Acaso vistes Al-Lat, Al-Uzza,
   E Manath a terceira entre elas?
   Porventura os machos pertencerão a vós e as fêmeas a Deus?"

   Esse último versículo é uma referência ao desejo que a maioria dos homens da época de Maomé tinha de ter filhos enquanto afirmava que Deus tinha filhas como as deusas adoradas pelos politeístas. A tradição afirma que Gabriel repreendeu Maomé por ter feito essa distorção na revelação original e esse é um dos motivos de seu castigo ter o atingido ainda em vida, vindo ele a morrer agonizando com dores no peito por três anos por ter sido envenenado por uma mulher e sem ter estabelecido quem seria seu sucessor, as disputas pelo poder começaram assim que ele morreu e até hoje há divisões de seitas. Em relação ao envenenamento de Maomé, esse foi um teste no qual ele não passou. Para citar alguns exemplos, no livro Atos dos Apóstolos é dito que após um naufrágio na ilha de Malta, enquanto Paulo estava recolhendo lenha para fogueira na praia surgiu uma serpente e o picou, mas, Paulo simplesmente balançou a cobra no fogo. Os habitantes da ilha vendo aquilo pensaram que ele viria a morrer, mas, nada aconteceu com ele. Certa vez, adversários invejosos levaram a São Bento de Núrsia um pão envenenado, ele entregou o pão a um corvo que o levou para longe. Foi oferecida comida envenenada a Santo Antônio e ele fez o sinal da cruz sobre o alimento e comeu sem sofrer dano algum. Todos esses citados nada sofreram devido a veneno, mas, Maomé falhou nesse ponto como médium. 

CONSIDERAÇÕES  FINAIS

   Resumindo, deve-se considerar que as revelações do Alcorão são uma farsa inventada por Maomé? Não. O que se deve levar em conta é que originalmente as revelações do Alcorão foram concebidas para serem um livro oral, feito para ser memorizado. Apenas algumas gerações depois da morte de Maomé os líderes muçulmanos indicaram eruditos letrados para reunirem as recitações e escreverem. Houve manipulação na versão final que chegou a nós hoje em dia? Talvez sim em alguns pontos. Mas o básico está lá. Além de Maomé ter morrido analfabeto, ele jamais teria conhecimento, erudição suficiente para abordar em um livro narrativas muitas vezes complementares ás feitas na Torá/Bíblia sobre personagens como os patriarcas Abraão, Moisés e Salomão e mesmo a respeito da infância de Jesus. O Alcorão foi revelado á ele aos poucos, e não de uma vez só. É possível graças aos historiadores saber onde as suras foram reveladas a ele e em que circunstâncias, é importante saber o contexto. Repare que as suras eram reveladas e em seguida ocorriam certos eventos. Na sura seguinte que era revelada, geralmente era feito um comentário sobre o que já ocorreu e qual deve ser a atitude correta dos adeptos diante de tais circunstâncias. Além disso, repare que muitas vezes a recitação do Alcorão diz "nós", "nós fizemos isso", "nós fizemos aquilo", "diga isso", "diga aquilo", "não estavas lá quando aconteceu isso ou aquilo". Certamente eram várias entidades que revelaram a ele as suras embora em certas partes o enunciado é em primeira pessoa. Muito das orientações do Alcorão não tem nenhuma aplicação nos dias atuais embora fizessem sentido no contexto da época em que foi revelado, há uma necessidade de se interpretar de modo racional a mensagem ao invés de seguir ao pé da letra. Muitos pontos obscuros do Alcorão merecem serem esclarecidos e já a mais de um ano eu venho estudando e comparando duas edições, reescrevendo e fazendo comentários de rodapé a respeito das partes mais obscuras, tem sido muito trabalhoso, mas, necessário e eu considero esse o meu livro mais importante que pretendo publicar no futuro.  


     

quinta-feira, 15 de março de 2018

RESENHA  DE  SÉRIES-2

   Olá pessoal! Nesse post vou fazer a resenha de uma série bastante popular e cujo enredo gira em torno do ocultismo, a série conhecida no Brasil como "Sobrenatural", no original em inglês "Supernatural". Um dos posteres da série:

   A série com o formato como conhecemos foi criada em 2005 por Erick Kripke mas ele já havia formulando os conceitos dela por cerca de dez anos antes e tentado vender para produtoras de tv como seriado. O tema central da história são dois irmãos Dean e Sam Winchester que viajam pelos EUA caçando criaturas sobrenaturais. Dentro dos conceitos da série os "caçadores" são indivíduos ou grupos de pessoas que se dedicam a caçar criaturas sobrenaturais. Como acontece como muitas outras obras de ficção, essa possui alguns elementos bem embasados, mas outros são ridículos e não tem fundamento algum, os produtores romancearam e literalmente "viajaram na maionese" em muitos pontos. Mas, como algumas coisas na série tem fundamento então vou fazer uma explanação geral sobre o que tem base. 
   Em relação ao enredo em geral na minha opinião é bem feito, a dinâmica dos acontecimentos é muito bacana e sem dúvidas o modo como os acontecimentos se desdobram e as relações psicológicas entre os personagens lembra algo de outras séries como "Star Trek" e "Arquivos X". Com relação a "caçadores" de verdade é fácil encontrar pela net blogs de aficionados da série que se dizem caçadores e dizem se reunir para "caçar" essas criaturas. Se existem indivíduos realmente dedicando seu tempo a fazer isso eu não saberia dizer, o que se pode afirmar com certeza é que muitos indivíduos no passado e ainda na atualidade se dedicam a confrontar seres do oculto, como por exemplo o famoso casal Ed e Lorraine Warren que viajavam por várias partes dos EUA atrás de "casas mal assombradas" quer sejam por demônios ou por espíritos desencarnados. Os casos deles foram muito bem documentados e aos interessados recomendo o livro "Ed e Lorraine Warren Demonologistas" lançado aqui no Brasil pela editora Dark Side. Para lhe dar com tais entidades é necessário conhecimento do oculto e eles realmente acumularam muito conhecimento em suas carreiras, na verdade pode-se dizer que eles eram predestinados pois Ed já tinha histórico de parentes devotos católicos tendo ele se especializado em demonologia e Lorraine era clarividente desde criança. Certas entidades estão por aí a muito tempo, basta mencionar que os exorcismos não são exclusividade das religiões cristãs, existem técnicas de exorcismo que remontam a antiga Suméria além do judaísmo, islamismo e budismo também terem técnicas próprias. Xamãs de povos indígenas do mundo todo também possuem técnicas para lhe darem com tais entidades. Os druídas tipos de sacerdotes/magos do povo celta da Europa combatiam entidades assim. Os inquisidores da Idade Média tem sido acusados de brutalidade e ignorância e com razão em muitos casos, porém realmente bruxas reais foram executadas por eles e isso é fato. Basicamente, para lhe dar com entidades de um mundo tão complexo quanto desconhecido é necessário conhecimento de ocultismo, por isso os "caçadores" precisam serem ocultistas e muitos elementos de ocultismo aparecem na série, como por exemplo as "armadilhas do diabo". Há muito exagero no modo como muitos fãs entendem isso como se para "prender" uma entidade bastasse desenhar um símbolo aí a entidade fica presa. Na prática não é assim que funciona. No exorcismo por exemplo quando o exorcista realmente consegue impor sua vontade sobre uma entidade pode dar um comando para que tal entidade seja banida para um lugar específico. Há um caso assim relatado no livro Maleus Maleficarum, o exorcista comandou o espírito que saísse da vítima que possuía e fosse para a latrina encerrando a sessão de exorcismo. Á noite o exorcista foi a latrina fazer suas necessidades e foi atacado lá pela entidade, pois nem ele parece ter acreditado que lá ela estaria literalmente "presa". No post desse mesmo blog que fiz de título "DEMONOLOGIA" eu mencionei as "bacias de encantamento" que ainda são encontradas por arqueólogos e eram enterradas nas soleiras das portas para "prender demônios", na prática a intenção era afastar e não prender os demônios pois para prendê-los seria necessário um tipo de jarro preparado especificamente para isso como nas histórias sobre o rei Salomão embora eu também já tenha ouvido falar de comandos para lacrar demônios em certos objetos como cristais. No meu livro "Análise Sobre Mitos e o Oculto" eu mencionei a história da "caixa dibbuk" na qual duas garotas judias invocaram um espírito na época da Segunda Guerra Mundial e a confusão só terminou décadas depois quando outras pessoas finalmente lacraram a caixa e esconderam em um local seguro. Ainda em relação a demônios, na série Dean e Sam tatuam um pentagrama estilizado para evitarem de serem possuídos, até mesmo muitos fãs fazem a mesma tatuagem, veja:
   O pentagrama é superestimado na série e usado pra quase tudo inclusive em balas de revólver, é um grande exagero. Dentro do ocultismo o pentagrama é muito estimado por representar o "homem perfeito" com a cabeça ou espírito representando na ponta de cima ordenando as outras quatro pontas que representam os quatro elementos por isso os grupos satanistas gostam de usar o pentagrama invertido para representar os elementos do mundo material acima do espírito. As possessões por entidades não são fenômenos tão corriqueiros assim embora ainda ocorram, acontecem em certas circunstâncias como eu expliquei no meu livro, frequentemente quando a pessoa se envolve com magia negra ou brinca de invocar com o tabuleiro ouija, e também quando a pessoa se afunda no negativismo se colocando contra os princípios de Deus ou o cristianismo assim a possessão é facilitada pois a própria pessoa se identifica com as entidades negativas. Mas caso uma entidade venha a possuir um corpo é pouco provável que vá "temer" essa tatuagem pois se tratam de entidades que fazem pouco caso de regras como já disse. Na série, especificamente nas primeiras temporadas aparece o quinto pantáculo de marte ilustração presente no grimório "Clavícula de Salomão" veja:
   Nessa cena tal símbolo é usado para "prender demônios" e embora seja originalmente circular no livro, os produtores agregaram um heptagrama e outros símbolos ao redor. Na verdade no livro Clavícula de Salomão esse símbolo não é usado para "prender demônios" é usado para o adepto impor sua vontade sobre os espíritos relacionados a marte, pois, a técnica de magia cerimonial desse livro não especifica que tipo de entidade irá ser invocada, o livro apresenta símbolos, tipos de incenso, cores, horas e etc. para o praticante "focar" mais ou menos a entidade a ser evocada baseada nos sete principais astros ou seja: espíritos de marte, espíritos de vênus etc. Já no grimório "Lemegeton" também conhecido como "Chave Menor de Salomão" ou simplesmente "Goetia" há a descrição de 72 entidades a serem invocadas. Nos símbolos especificados da Goetia (eu costumo chamar de goécia) existe a descrição do "triângulo de manifestação" no qual as entidades devem permanecer ao serem invocadas. No seriado Constantine tem um episódio que o Constantine desenha um triângulo para a entidade ficar presa ali, mas, esse é um exagero dos produtores pois na prática a entidade ou entidades no plural não ficam presas no triângulo, ficam transitando em torno do "círculo protetor", o triângulo serve para "focar" a entidade e forçá-la a se manifestar ali, mas, em se tratando de entidades negativas regras não são de muita ajuda. Atualmente há praticantes da Goetia que se arriscam a sair do "círculo protetor" e entrar no triangulo para "se fundir" a entidade, tal ato foi feito por Crowley certa vez mas é desnecessário ressaltar que é arriscado. Na verdade a ideia de "comunhão" com tais entidades deve ser entendida no sentido filosófico ou seja: "se tornar um com seu lado negro". Muitos elementos de magia cerimonial e símbolos tirados da Goetia e da Clavícula de Salomão são usados no seriado, mas, os produtores exageraram nas cenas em que os personagens para "invocar" uma entidade ou "lançar" algum tipo de feitiço simplesmente traçam certos símbolos no chão, acendem velas, espremem ervas ou sangue em uma tigela e falam "encantamentos" em latim como nessa cena:
   Tudo isso é bem distorcido e foge do que é a verdadeira magia cerimonial. No seriado Sam e Dean quando estão em um local onde algo "paranormal" vai acontecer "baforam" ar como se a temperatura tivesse caíndo e também acontece alguma anomalia eletrônica tipo estática, chiado na tv, rádio, telefone e luzes piscando. Sam "baforando":
   Na verdade o que acontece é que quando alguma entidade negativa vai se manifestar no ambiente é comum a temperatura cair mesmo. Quanto as anomalias eletrônicas também costumam acontecer quando certas entidades se manifestam, além do fenômeno conhecido a muitos anos chamado poltergeist. Tem certas cenas em que os personagens colocam sal nas portas e janelas para supostamente se protegerem de "fantasmas" veja:
   A questão do sal é que ele não afasta "fantasmas". Na verdade a virtude do sal e seu uso no ocultismo é relacionada a purificação contra energias negativas. Na Idade Média havia o "sal consagrado" nas igrejas que os adeptos eram encorajados a tomarem para se protegerem. Nas tradições africanas adaptadas aqui no Brasil é comum o "banho de sal grosso" que as pessoas tomam na virada de ano. O incenso de sálvia também é usado com esse propósito de purificação e afastar energias negativas. Em relação ao uso de ferro contra entidades espirituais negativas isso tem fundamento e é comprovado desde a antiguidade, pois, nos templos politeístas pagãos da antiguidade as entidades ás vezes se manifestavam se passando por "deuses" e os adeptos dos cultos pediam as pessoas para não levarem objetos de ferro nas cerimônias. Quanto a vampiros, eles são apresentados na série como um tipo de espécie que tem um "vampiro alfa" que cria um "ninho" de vampiros mordendo outras pessoas e na série o modo de se matar eles é simplesmente cortando a cabeça. Aqui no blog no post de título "VAMPIROS" eu abordei esse tema que é bem mais abrangente do que criaturas bebendo o sangue de outras. Tipos de vampirismo podem ser encontrados em várias espécies animais como o peixe chamado lampréia que suga o sangue de outros animais ou o verme anelídeo sanguessuga, mas em um sentido mais amplo a questão do vampirismo é basicamente energética e qualquer pessoa pode "sugar" energeticamente outra assim como certas entidades de vários tipos "sugam" vários tipos de energia. Pelo menos os produtores não retrataram os vampiros tipo Drácula temendo alho e cruzes! Isso seria bem tosco. A partir da quarta temporada os anjos passam a fazerem parte das criaturas envolvidas na trama. No seriado os anjos são retratados como um grupo elitista os "soldados de Deus". Nem todos viram Deus pessoalmente e a fé deles é testada tanto quanto a nossa e alguns deles acabam se rebelando contra os planos divinos como soldados enlouquecidos desejando que o "apocalipse" aconteça logo pra exterminar tudo. Os produtores pelo menos não retrataram os anjos como seres bonzinhos de cachinhos dourados e asinhas e isso é algo a ser enaltecido. Os anjos podem realmente serem entidades bastante hostis em relação aos seres humanos. Dentro da cabala a vertente esotérica do judaísmo, existe uma técnica conhecida como "merkabah" que significa "veículo", nessa técnica o praticante busca criar um corpo astral para si e "ascender" aos planos espirituais superiores vulgarmente chamado "céu" e ver e ouvir o que acontece lá. Essa é considerada a técnica mais secreta e perigosa da cabala e muitos praticantes já morreram por causa disso. Uma das razões para esses "acidentes"são os anjos que muitas vezes são impelidos por pesados juramentos a ajudarem o praticante a ascender e depois se vingam dele. Além disso, dentro dos planos espirituais superiores qualquer erro pode ser fatal e os anjos não terão nenhum remorso em matar o praticante, dentro da cabala isso é chamado de "beijo de Deus" quando um adepto morre em suas práticas de ocultismo. Escrevi um livro (não publicado) especificamente sobre angelologia para explicar que anjos não são "robôs bonzinhos" de Deus. Um certo símbolo é usado pelos personagens do seriado para "banir" anjos normalmente sendo desenhado com sangue, esse:
   Pessoalmente eu não sei dizer se os produtores tiraram esse símbolo de algum livro de ocultismo ou inventaram mas nele vemos certos princípios como o círculo mais eficaz em "pantáculos" um símbolo no meio que parece um selo de um espírito e sete símbolos menores ao lado. Do ponto de vista da simbologia tem algum fundamento sim, mas, é bastante exagerado como no seriado o simples ato de desenhar algum símbolo poder causar tantos efeitos imediatos, na realidade do ocultismo as coisas não acontecem de modo tão imediato assim. Em um certo episódio o anjo Castiel diz que não pôde ajudar os heróis por causa dos símbolos desenhados em um lugar que mantinham anjos afastados veja:
   Nesse caso é dito que os símbolos foram desenhados "astralmente" e apenas quando os heróis foram ao local em suas formas astrais puderam ver os símbolos, as pessoas com visão normal não podiam enxergar. Em um episódio o personagem demônio Alasteir é preso e o anjo Castiel diz que os símbolos abaixo dele usados para o prender são "enoquianos", essa cena:
   Nessa cena os símbolos não são realmente "enoquianos" mas, de fato símbolos como as letras trazidas por John Dee sobre o qual falei no post "OCULTISTAS NOTÁVEIS-2" são usados para vários propósitos dentro do ocultismo, inclusive a "língua enoquiana". Ocultistas atuais como Lon Milo Duquette e Donald Tyson costumam fazer uso de símbolos ou da "língua enoquiana" em suas práticas. Quanto a bruxas, algumas bruxas realmente de magia negra pesada são retratadas no seriado. Essas bruxas costumam usar em seus feitiços o chamado "saquinho das bruxas" veja:
   De fato as bruxas tem entre suas práticas a de esconder certos objetos para prejudicar as pessoas, saquinhos contendo ossos de animais e possivelmente algum objeto da pessoa a qual elas querem prejudicar são relativamente comuns entre suas práticas ocultas. Uso de algum objeto de sua vítima ou amostra orgânica tipo pedaço de unha ou cabelo é outra prática comum das bruxas nesse caso é uma técnica tipo "magia simpática". Em um episódio das últimas temporadas é feito menção a um grupo de ocultistas alemães da época da Segunda Guerra Mundial, isso é baseado na "Sociedade Thule" que existiu de verdade veja ao fundo dessa cena uma imagem típica da Sociedade Thule com uma adaga e suástica:
   Nesse episódio um grupo de ocultistas judeus cria uma sociedade para combater esses ocultistas nazistas e um deles fabrica um "golem" criatura presente no folclore judeu um tipo de "escravo" criado artificialmente com barro. A palavra "golem" vem da mesma raiz do nome Adão em hebraico e significa "terra vermelha" ou "argila". Esse é o golem no seriado:
   O golem é uma criatura mencionada em várias obras de ficção e da cultura pop como em um filme alemão de 1920 chamado "Der Golem", em um episódio do seriado "Arquivos X" e um episódio do desenho "Os Simpsons". Quando qualquer pessoa pesquisa sobre o golem geralmente encontra a história do rabino Judá Loew Ben Betzalel(1526-1609) também conhecido como Maharal de Praga, República Tcheca, um rabino cabalista que realmente criou um golem em sua época. Porém, ele não foi o primeiro a fazê-lo, outros cabalistas do passado antes dele o fizeram. A base para a criação do golem é encontrada no livro "Sêfer Yetsirá" um dos livros básicos da cabala. Baseado em várias versões da história os produtores do seriado retrataram a história de que para "dominar" o golem deveria se escrever o nome em um pergaminho e colocar na boca do golem:
   Construir um golem de verdade é considerado entre os cabalistas um sinal de grande sabedoria e santidade e tal qual a técnica merkabah, essa é também uma técnica de alto risco. Falei sobre o golem e também sobre a merkabah em meu livro sobre cabala chamado "O Conhecimento da Cabala" disponível em versão digital no site www.clubedeautores.com.br.
   Concluindo, como o leitor pode perceber realmente os produtores do seriado tiveram alguma base para as coisas sobrenaturais retratadas nele, porém, tomaram a liberdade de exagerar e romancear muita coisa que realmente parece ridícula e irreal para quem assiste. Aos interessados em ocultismo e no sobrenatural em geral recomendo meu livro "Análise Sobre Mitos e o Oculto" link á direita do blog, ou se preferirem podem comprar direto comigo enviando e-mail para meu endereço: ricardodiasoliveira7@gmail.com até mais!
   

terça-feira, 6 de março de 2018

OCULTISTAS  NOTÁVEIS-6

   Olá a todos! Nesse post vou falar sobre um ocultista cujas práticas tem sido muito populares entre adeptos da atualidade, o inglês Austin Osman Spare (1886-1956). Foto dele:
   Spare declarava que teve o primeiro contato com o oculto devido a uma senhora que foi sua babá, uma mulher de aparência idosa vinda do interior da Inglaterra que ele chama de Sra. Paterson. A Sra. Paterson, segundo Spare, dizia que era oriunda de uma antiga linhagem de feiticeiras. Ela era capaz de realizar várias façanhas como realizar divinações com precisão, manifestar imagens de aparições com clareza e alterar sua própria forma de uma velha para uma mulher atraente. Essa última habilidade se encaixa no conceito de "prestigiação" e lembra a habilidade de alguns adeptos iogues da Índia e sufis do Oriente Médio que induzem a aparição de objetos ou fazem certas coisas parecerem outras ás vezes para vários observadores, um tipo de habilidade psíquica que induz a mente de outra a "ver" o que o adepto quer que ela veja. Cabe mencionar também relacionado a isso aquelas histórias de antigos feiticeiros que se hospedavam em estalagens, bebiam e comiam, e depois na hora de pagar a conta pagavam com pedaços de chifres cortados, eles induziam a mente do estalajadeiro a ver como se fossem moedas. Apenas quando o sujeito estava bem longe o estalajadeiro percebia que o que ele via como moedas era na verdade pedaços de chifres cortados!
   Spare na verdade se manteve profissionalmente trabalhando como desenhista e pintor e suas pinturas tem um estilo que lembra a chamada "art nouveau" porém com aspecto mais monstruoso, bizarro, distorcido e de cunho sexual. Aleister Crowley teve contato inicial com Spare quando foi ver uma exposição dos desenhos dele. Crowley gostou muito do aspecto "bizarro" e "distorcido" da arte de Spare e achou que ele poderia contribuir para seu próprio grupo esotérico "Arstrum Argentum". Spare ficou pouco tempo lá, não gostava dos ensinamentos excessivamente dogmáticos e sistemas mágicos "pré-moldado". Por isso criou seu próprio sistema cuja proposta básica era de ser mais livre. Ele chamou esse seu conceito esotérico de "Zos Kia". "Zos" ele definia como sendo o corpo e "Kia" como o "eu superior", assim, Kia podia usar o Zos para se manifestar. Os conceitos do sistema de Spare podem ser encontrados nos livros "Liber Null" de Petter J. Carrol, esse um declarado admirador de Spare, e nos livros publicados do próprio Spare "A Book of Satyrs", "The Book of Pleasure", "The Focus of Life" e "Anathema of Zos". Os trabalhos de Spare e Peter James Carrol são a base de um grupo chamado "Iluminados de Thanateros" ("Iluminates of Thanateros" abreviando "IOT"). "Thanateros" é a junção dos nomes de duas entidades: "Thanatos" deus grego da morte e "Eros" deus grego do amor/sexo, assim o fizeram pois consideram que essas são as duas maiores forças da existência. A síntese do conteúdo esotérico dessa ordem pode ser encontrada no livro "Liber KKK" ("KKK" vem de "Kaos Keraunos Kibernetos") e é praticamente o que é considerado hoje em dia "magia do caos" sendo seus adeptos os chamados magos "caoístas". Caos nesse caso é no sentido de que tudo pode ser usado para os propósitos ocultistas desde que funcione, inclusive rituais próprios podem ser criados pelo praticante, e o que não funciona deve ser descartado apenas o que dá resultados é usado de acordo com esse sistema. Um símbolo que representa o caoísmo é a chamada "estrela do caos" uma bolinha com setas saindo em várias direções, veja:
   Um lema usado pelos caoístas e que reflete bem suas técnicas é: "Nada é verdadeiro, tudo é permitido". O conceito de sexualidade de Spare era que tudo e todos estavam em constante interação sexual e inclusive havia interação sexual com o que nós consideramos esteticamente bizarro como nas imagens estranhas de suas pinturas. Ele tinha uma técnica de "sigilização" na qual propõe que o adepto crie um "sigilo" com uma intenção, um propósito, para tal usa-se a própria intuição e também usa-se formas que tenham a ver com a intenção proposta como letras da palavra ou tarefa proposta. Depois se "energiza" esse sigilo e deixa-o de lado. De acordo com ele, no momento apropriado, aquela tarefa ou intenção para qual se criou o sigilo irá se manifestar aqui no plano material. Na magia cerimonial tradicional cada "entidade" tem seu próprio sigilo também chamado de "selo" ou "assinatura" e esses símbolos são bem conhecidos pelos adeptos e encontrados em vários grimórios, sempre os mesmos usados por todos adeptos, sem que haja variações, por isso a proposta de Spare é realmente nova. Alguns aspectos de suas técnicas parecem ser mais psicológicas, mas funcionavam como por exemplo certa vez em que ele queria levantar um pesado monte de lenha. A princípio não conseguiu fazer com suas próprias forças, mas depois, ele projetou em sua mente uma força como a de um tigre e assim conseguiu levantar o pesado feixe de lenha que com a força normal que tinha não conseguiria fazer. Ele também tinha habilidade de "evocar" certas entidades sem ter de recorrer a complexos rituais e fórmulas. Certa vez quando um casal quis ver uma aparição dessas como demonstração, Spare avisou que poderia ser perigoso, mas, para satisfazê-los ele fechou os olhos e se concentrou. Logo surgiu uma forma esverdeada nebulosa ganhando forma e o casal ficou assutado pedindo a ele para encerrar a demonstração e ele desfez a "entidade",ou, como se diz em termos de magia cerimonial, ele fez um "banimento". Mesmo tendo desenvolvido seu sistema próprio, Spare não deixava de frequentar os "sabaths" os encontros das antigas feiticeiras.
   Como já disse, Spare e suas técnicas são tidas em alta consideração por Peter James Carrol influente personagem associado a ordem dos Iluminados de Thanateros e grande foi a contribuição dele para o que é chamado atualmente de "magia do caos". Alguns anos antes de sua morte, perguntaram a Crowley sobre Spare e ele respondeu que Spare era um "irmão negro" seu, o que evidencia que Crowley considerava Spare um eminente adepto da "mão esquerda".    

quinta-feira, 1 de março de 2018

OCULTISTAS  NOTÁVEIS-5

   Olá pessoal! Continuando as postagens sobre alguns personagens que deram relevantes contribuições para o ocultismo aqui do ocidente, nesse post vou falar um pouco sobre o ocultista Stanislas de Guaita (1861-1897).
   Stanislas de Guaita, francês de origem e cujo nome completo era Marie Victor Stanislas de Guaita talvez seja mais conhecido por ter sido autor dos livros "O Templo de Satã" publicados em dois volumes aqui no Brasil pela editora Três, nesses livros ele relata suas experiências no confronto contra grupos satanistas na França da época. Mas sua vida pessoal e realizações na área do oculto vão muito além da publicação desses livros e vale a pena relatar um pouco de sua vida aqui. Foto dele:
   Desde de jovem Stanislas se interessou por poesia. Mais tarde também demonstrou interesse por química. Estudou direito em Paris. O ambiente ocultista da França de sua época era muito rico, e ele teve contato pessoal com muitos personagens eminentes do oculto durante sua breve vida. Uma das maiores, senão a maior influência que fez com que ele se voltasse para o ocultismo foram as obras de Eliphas Levi (1810-1875). Seu contato com o também ocultista Josephin Peladán e as obras de Fabre d'Olivet devem ter cimentado seu propósito de fundar um grupo esotérico em 1889 que ele chamou de "Ordem Cabalística da Rosa Cruz" da qual ele foi presidente (grão mestre) até sua morte. Essa sociedade teve entre seus eminentes membros Papus (cujo nome verdadeiro era Gerárd Encausse nascido em 1865 e falecido em 1916). 
   Stanislas passava boa parte de seu tempo no seu apartamento térreo da Avenida Trudaine em Paris onde mantinha uma biblioteca particular com muitos livros raros sobre o oculto. Segundo amigos, ele costumava ficar semanas isolado em seu apartamento e apenas saía para garimpar livros raros sobre o oculto em alguns sebos de Paris. Mas também cuidava de seus ganhos financeiros no campo, sendo ele de origem nobre tinha um castelo em Ateville. Em seu apartamento tinha uma sala reservada para experiências alquímicas. Também dedicava-se a ajudar gratuitamente doentes em hospitais através de técnicas de magnetização. Sua atividade de magnetizador o pôs em contato com Oswald Wirth (1860-1943) que também atuava como magnetizador e foi membro da "Societé Magnétique de France" desde os 20 anos. Wirth conheceu Stanislas em 1887 e tornou-se seu secretário pessoal. 
   O confronto de Stanislas com o satanismo e cuja experiência tornou pública em seu livro "O Templo de Satã" ocorreu quando ele soube de rumores suspeitos a respeito das atividades de Joseph Antoine Boullan, um ex-abade que havia fundado um grupo chamado "Igreja do Carmelo". Stanislas e Wirth ocultaram suas identidades verdadeiras e se passaram por interessados em fazer parte do grupo de Boullan. Lá, os dois puderam constatar a verdadeira natureza daquele grupo que era realmente satanista. Boullan era discípulo de Eugêne Vintras que já havia sido denunciado como satanista por Eliphas Levi. Depois de constatar a verdadeira natureza do grupo de Boullan, Stanislas começou um "confronto astral" com Boullan e seus associados. Um dos indivíduos que era membro da "Igreja de Carmelo" naquela época foi o escritor e crítico de arte Joris Karl Huysmans. Huysmans relata que passou a ser perturbado pelo que ele chamava de "socos fluídicos", rajadas de ar frio que batiam no seu rosto á noite e também afetavam seu gato. O confronto astral entre o grupo de Stanislas e o de Boullan durou anos, até Boullan cair morto em 1893. O jornalista Jules Blois no jornal "Le Figaro" acusou publicamente Stanislas de ter matado Boullan com "magia negra". Stanislas sentiu que sua honra havia sido insultada e desafiou Blois para acertarem suas contas em um duelo de pistola. O duelo não teve consequências drásticas e nenhum dos dois morreu. Blois disse algo sobre circunstâncias estranhas e sobrenaturais envolvendo o duelo como um estranho cavalo que surgiu no caminho para o duelo e que as balas tinham sido "magicamente" impedidas de saírem do cano das pistolas. 
   Stanislas faleceu pouco tempo após a morte de Boullan. A causa de sua morte foi apontada como tendo sida uremia, uma doença causada pelo acúmulo de ureia no sangue. Entre os sintomas de que sofrem os portadores dessa doença estão náuseas, mal-estar, vômitos e dores de cabeça. Seu pai também tinha falecido por causa dessa doença. Peter Krassa em seu livro "O Cronovisor do Padre Ernetti" retrata Stanislas como nada mais que um viciado em morfina obcecado pelo oculto e que morreu de overdose da droga. De fato Stanislas fazia uso de morfina mas a razão para isso era para aliviar os desagradáveis sintomas da uremia de que sofria, não foi uma menção justa da parte de Krassa ter retratado Stanislas dessa forma. Sua preciosa biblioteca que deveria valer segundo alguns 38 mil francos na época foi vendida por apenas 15 mil francos à livraria Dorbon. Sua família recusou as ofertas de vários adeptos pela biblioteca e sua mãe, especificamente, uma católica devota e fervorosa via nas atividades ocultas do filho a causa de sua morte, ela nunca compreendeu que na verdade o filho era adepto do cristianismo esotérico e não do catolicismo e das interpretações muitas vezes superficiais e literais desse segmento cristão. 
   As realizações de Stanislas na área do oculto foram realmente admiráveis e foram além de seus livros publicados, ele foi um adepto fervoroso da cabala que considerava a mais sublime das práticas ocultas, e também flertou com a alquimia. Também desempenhou um importantíssimo papel no renascimento do esoterismo em sua época especialmente ligado aos grupos esotéricos pois manteve contato com vários deles inclusive a Ordem Martinista.