Olá a todos! Nesse post vou analisar alguns elementos de ocultismo presentes no jogo Yu-gi-oh.
Yu-gi-oh começou como um mangá criado por Kazuki Takahashi em 1996. Alguns anos depois foi produzido o anime e em seguida o jogo estilo TCG (iniciais de "trading card game" jogo de cartas colecionáveis) que foi um grande sucesso tendo vendido mais de 22 bilhões de cartas no mundo todo! Nessa resenha não vou falar sobre a história do mangá ou anime e recomendo aos que não conhecem darem uma olhada nos episódios (pessoalmente eu acho muito legal o anime!) vou me focar no jogo em si, na dinâmica de uma partida e nos elementos de ocultismo ali presentes.
Pra quem não conhece, jogos estilo TCG são diferentes de outros jogos onde se usa cartas como o baralho comum de 52 cartas divididas em quatro naipes mais duas cartas representando Coringa. O primeiro baralho de jogo estilo TCG foi o "Magic The Gathering" criado em 1993 por Richard Garfield. O jogo ainda é fabricado e jogado até hoje em dia.
Sobre a jogabilidade de Yu-gi-oh, primeiramente os jogadores devem montar seus baralhos, o mínimo de cartas a compor um baralho é 40 mas os jogadores podem incluir mais algumas embora se recomende não exceder muito esse número. As cartas são divididas em três tipos básicos: cartas de monstros, cartas de magia e cartas de armadilha. Cada jogador começa com 8000 pontos de vida, vence quem conseguir zerar os pontos de vida do adversário, para calcular isso os jogadores costumam usar calculadoras nas quais colocam o número 8000 e depois vão diminuindo conforme o jogo se desenrola. O campo onde se desenrola o jogo é assim:
É tão simples que pode ser improvisado pelos próprios jogadores com cartolina. Nele há o local onde o baralho de cada jogador deve ficar, uma área para cartas de armadilha, uma área para as cartas tipo monstro e o "cemitério" onde vão as cartas já usadas de magia e de monstros derrotados. A diminuição nos pontos de vida ocorre quando a carta de monstro de um jogador ataca o monstro de outro com poder mais fraco e o dano é calculado e diminuído dos pontos de vida.
O design dos monstros das cartas se baseia em criaturas de fantasia, personagens típicos de jogos RPG como guerreiros, magos e dragões. Alguns devem se lembrar de uma certa polêmica de uns anos atrás quando no programa de tv do Gilberto Barros se acusou o jogo de ser "coisa do demônio" (foi bem vergonha alheia! ha ha ha!). Muitas cartas de monstros realmente são demônios, são seres elementais para serem evocados não vejo nada de mau nisso pois é apenas o jogo para jogar e se divertir não um "ritual cerimonial" completo. Cartas de demônios:
As cartas possuem numerações mostrando a força delas. Monstros fracos podem ser colocados em campo (invocados) sem nenhuma outra exigência, mas, monstros mais fortes exigem uma ou duas cartas para serem sacrificadas para poderem ser postas em campo. O dispositivo de exigir sacrifícios para ter mais poder e vantagens aparece em vários momentos ao longo do jogo, existem até cartas de magia específicas e que exigem sacrifícios de cartas específicas, veja algumas delas:
O conceito de que é necessário sacrificar algo para se obter alguma vantagem e que quanto mais caro, valioso e significativo for o objeto sacrificado maior é a vantagem obtida está presente no subconsciente da humanidade a milhares de anos. Rituais de sacrifício fizeram no passado parte de antigas religiões e alguns ainda fazem hoje em dia, em muitos aspectos é difícil fazer uma distinção clara entre religião e magia o que separa as duas coisas é uma fina membrana, afinal, ter que se submeter a uma "divindade superior" lhe prestar culto, fazer rituais e se abster de certas coisas para obter alguma vantagem dessa divindade é um tipo de magia: faça sacrifícios e sua alma vai para o céu ou faça sacrifícios e seus pecados serão redimidos, faça sacrifícios e a "divindade" curará sua doença ou lhe tornará mais rico. As religiões monoteístas tendem a considerar a si mesmas cada qual como a única religião verdadeira e chamam as outras de tradições pagãs, primitivas, bárbaras e superstição. Porém, o conceito de sacrifício é tão presente no subconsciente do ser humano que é simplesmente impossível ele se livrar disso. Alguns exemplos: dentro do judaísmo (considerada a base de outras religiões monoteístas como o cristianismo e o islamismo) ainda existe um ritual de sacrifício chamado kapparot em que os adeptos sacrificam uma galinha ou galo branco para expiar os pecados. Não raro os adeptos dão um passeio com os animais pelas ruas antes de abatê-los, pois, na antiguidade era costume nos rituais de sacrifício de animais passear com o animal e deixá-lo calmo antes de abatê-lo. Uma adepta judia passeando com sua vítima antes do abate:
Um adepto judeu com sua galinha para abater e "expiar seus pecados":
Os muçulmanos celebram até hoje um festival chamado Eid al-Adha em que sacrificam animais, mas, nesse caso a intenção é se lembrar da disposição de Abraão de sacrificar seu filho Ismael (na tradição muçulmana se considera que Deus ordenou a Abraão sacrificar seu filho Ismael para testar sua fé diferente da Bíblia que narra que Deus mandou sacrificar Isaac). O ritual muçulmano:
Até mesmo no hinduísmo onde as vacas são consideradas sagradas e a maioria dos adeptos simplesmente não come nenhum tipo de carne existe um rital onde se sacrifica vários animais para a deusa Gandhimai para obter sorte e prosperidade. Autoridades da Índia costumam fazer vista grossa contra tal prática mas ainda é realizada no norte da Índia e no Nepal:
Quanto a "magia" que aparece no jogo, encontramos muitos símbolos que fazem referência como cartas mostrando "livros de magia" conhecidos aqui no ocidente como "grimórios":
E também encontramos no jogo cartas com variações de pentagramas e hexagramas, imagens de figuras geométricas envoltas em círculos com inscrições em caracteres fictícios (no filme "Dr Strange" aparecem algumas figuras assim):
Círculos com caracteres estranhos talvez seja referência aos círculos da magia cerimonial. Um símbolo em especial aparece no jogo e embora outros no passado tenham possivelmente desenhado ele, seu uso como elemento de algum significado mágico foi feito por Aleister Crowley, é o chamado "hexagrama unicursal" é chamado assim porque tem seis pontas mas pode ser traçado de modo unicursal sem necessidade de parar o traçado:
Esse símbolo costuma ser usado por adeptos da Thelema (grupo esotérico que existe até hoje e cujos ensinamentos são baseados nos de Aleister Crowley). Esse símbolo também aparece no seriado Sobrenatural especificamente na oitava temporada onde é o símbolo da fictícia sociedade chamada "Homens de Letras". No jogo Yu-gi-oh esse símbolo aparece no centro de um círculo e rodeado de carácteres onde é chamado de "lacre de orichalcos", a carta:
A palavra "orichalcos" vem da palavra "oricalco" que é mencionada pelo filósofo da Grécia Antiga Platão em seu livro "Crítias" onde ele diz que oricalco era o nome de um metal usado no antigo continente de Atlântida. Já os carácteres que foram desenhados em torno dessa carta são alguns dos carácteres da "língua enoquiana" trazida pelo ocultista inglês da renascença John Dee. Como se pode perceber, os produtores do jogo se apropriaram de símbolos de origens diferentes.
No anime existe o chamado "domínio das trevas" é uma outra dimensão onde os monstros invocados através das cartas são reais e os danos causados aos pontos de vida são sentidos no corpo dos jogadores. Nesse caso é possível que os produtores tenham se baseado no chamado "plano astral" onde as entidades espirituais independentes ou projetadas pela mente dos ocultistas vivem e interagem.
Concluindo, alguns conceitos de ocultismo foram adaptados para o jogo, entretanto, nada que sirva para um verdadeiro adepto, apenas o simbolismo foi usado.
Você acha que esse lacre de orichalcos é um simbolo do mal?
ResponderExcluirOlá. Na verdade como foi explicado no post, o chamado "lacre de orichalcos" é um símbolo inventado pelos produtores baseado em vários conceitos diferentes sendo que "orichalcos" é o nome de um suposto metal do antigo continente de Atlântida, o símbolo do centro é o "hexagrama unicursal" usado ainda hoje pelos seguidores da "Thelema" grupo esotérico de autoria de Aleister Crowley e as letras ao redor são enoquianas, trazidas por John Dee, portanto não é um símbolo "do mal" é um símbolo composto que os produtores inventaram baseados em várias fontes, tem um significado dentro do anime/mangá mas fora desse universo de ficção não significa nada em específico apenas um amontoado de símbolos de origens diferentes.
ResponderExcluirUm simbolo só se torna maligno para aquele que o interpreta de forma maligna, me deparei com esta carta a um dia atrás quando vim um episodio no qual o personagem dono desta carta adivinhem só o nome dele? Sim, ALISTER..... heehehehehe produtos safadinhos esses kkk
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