OCULTISTAS NOTÁVEIS-5
Olá pessoal! Continuando as postagens sobre alguns personagens que deram relevantes contribuições para o ocultismo aqui do ocidente, nesse post vou falar um pouco sobre o ocultista Stanislas de Guaita (1861-1897).
Stanislas de Guaita, francês de origem e cujo nome completo era Marie Victor Stanislas de Guaita talvez seja mais conhecido por ter sido autor dos livros "O Templo de Satã" publicados em dois volumes aqui no Brasil pela editora Três, nesses livros ele relata suas experiências no confronto contra grupos satanistas na França da época. Mas sua vida pessoal e realizações na área do oculto vão muito além da publicação desses livros e vale a pena relatar um pouco de sua vida aqui. Foto dele:
Desde de jovem Stanislas se interessou por poesia. Mais tarde também demonstrou interesse por química. Estudou direito em Paris. O ambiente ocultista da França de sua época era muito rico, e ele teve contato pessoal com muitos personagens eminentes do oculto durante sua breve vida. Uma das maiores, senão a maior influência que fez com que ele se voltasse para o ocultismo foram as obras de Eliphas Levi (1810-1875). Seu contato com o também ocultista Josephin Peladán e as obras de Fabre d'Olivet devem ter cimentado seu propósito de fundar um grupo esotérico em 1889 que ele chamou de "Ordem Cabalística da Rosa Cruz" da qual ele foi presidente (grão mestre) até sua morte. Essa sociedade teve entre seus eminentes membros Papus (cujo nome verdadeiro era Gerárd Encausse nascido em 1865 e falecido em 1916).
Stanislas passava boa parte de seu tempo no seu apartamento térreo da Avenida Trudaine em Paris onde mantinha uma biblioteca particular com muitos livros raros sobre o oculto. Segundo amigos, ele costumava ficar semanas isolado em seu apartamento e apenas saía para garimpar livros raros sobre o oculto em alguns sebos de Paris. Mas também cuidava de seus ganhos financeiros no campo, sendo ele de origem nobre tinha um castelo em Ateville. Em seu apartamento tinha uma sala reservada para experiências alquímicas. Também dedicava-se a ajudar gratuitamente doentes em hospitais através de técnicas de magnetização. Sua atividade de magnetizador o pôs em contato com Oswald Wirth (1860-1943) que também atuava como magnetizador e foi membro da "Societé Magnétique de France" desde os 20 anos. Wirth conheceu Stanislas em 1887 e tornou-se seu secretário pessoal.
O confronto de Stanislas com o satanismo e cuja experiência tornou pública em seu livro "O Templo de Satã" ocorreu quando ele soube de rumores suspeitos a respeito das atividades de Joseph Antoine Boullan, um ex-abade que havia fundado um grupo chamado "Igreja do Carmelo". Stanislas e Wirth ocultaram suas identidades verdadeiras e se passaram por interessados em fazer parte do grupo de Boullan. Lá, os dois puderam constatar a verdadeira natureza daquele grupo que era realmente satanista. Boullan era discípulo de Eugêne Vintras que já havia sido denunciado como satanista por Eliphas Levi. Depois de constatar a verdadeira natureza do grupo de Boullan, Stanislas começou um "confronto astral" com Boullan e seus associados. Um dos indivíduos que era membro da "Igreja de Carmelo" naquela época foi o escritor e crítico de arte Joris Karl Huysmans. Huysmans relata que passou a ser perturbado pelo que ele chamava de "socos fluídicos", rajadas de ar frio que batiam no seu rosto á noite e também afetavam seu gato. O confronto astral entre o grupo de Stanislas e o de Boullan durou anos, até Boullan cair morto em 1893. O jornalista Jules Blois no jornal "Le Figaro" acusou publicamente Stanislas de ter matado Boullan com "magia negra". Stanislas sentiu que sua honra havia sido insultada e desafiou Blois para acertarem suas contas em um duelo de pistola. O duelo não teve consequências drásticas e nenhum dos dois morreu. Blois disse algo sobre circunstâncias estranhas e sobrenaturais envolvendo o duelo como um estranho cavalo que surgiu no caminho para o duelo e que as balas tinham sido "magicamente" impedidas de saírem do cano das pistolas.
Stanislas faleceu pouco tempo após a morte de Boullan. A causa de sua morte foi apontada como tendo sida uremia, uma doença causada pelo acúmulo de ureia no sangue. Entre os sintomas de que sofrem os portadores dessa doença estão náuseas, mal-estar, vômitos e dores de cabeça. Seu pai também tinha falecido por causa dessa doença. Peter Krassa em seu livro "O Cronovisor do Padre Ernetti" retrata Stanislas como nada mais que um viciado em morfina obcecado pelo oculto e que morreu de overdose da droga. De fato Stanislas fazia uso de morfina mas a razão para isso era para aliviar os desagradáveis sintomas da uremia de que sofria, não foi uma menção justa da parte de Krassa ter retratado Stanislas dessa forma. Sua preciosa biblioteca que deveria valer segundo alguns 38 mil francos na época foi vendida por apenas 15 mil francos à livraria Dorbon. Sua família recusou as ofertas de vários adeptos pela biblioteca e sua mãe, especificamente, uma católica devota e fervorosa via nas atividades ocultas do filho a causa de sua morte, ela nunca compreendeu que na verdade o filho era adepto do cristianismo esotérico e não do catolicismo e das interpretações muitas vezes superficiais e literais desse segmento cristão.
As realizações de Stanislas na área do oculto foram realmente admiráveis e foram além de seus livros publicados, ele foi um adepto fervoroso da cabala que considerava a mais sublime das práticas ocultas, e também flertou com a alquimia. Também desempenhou um importantíssimo papel no renascimento do esoterismo em sua época especialmente ligado aos grupos esotéricos pois manteve contato com vários deles inclusive a Ordem Martinista.
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