OS GRIMÓRIOS
Olá a todos! Nesse post vou falar um pouco sobre os livros conhecidos como "grimórios" fazendo uma explanação geral sobre os conceitos a respeito desse assunto.
Afirma-se que a palavra "grimório" venha de "grimoire" ou "gramaire" da língua francesa medieval que significa "gramática". Por algum motivo a palavra "grimório" acabou ganhando o significado de tipos específicos de "livros de magia". Porém, é necessário explicar o conceito que define que características fazem com que um livro seja considerado um grimório.
Pessoalmente, eu costumo chamar de grimório qualquer livro com belo acabamento e capa dura com o estilo que lembra os livros da Idade Média costurados á mão e escritos á mão por monges. Mesmo depois da "invenção" da imprensa pelo inventor alemão Gutenberg (1398-1468) os livros daquela época ainda eram belíssimos e com aspecto artesanal. Mas, é apenas do meu ponto de vista estético que considero um livro "estilo grimório" pois o que faz com que um livro seja considerado um grimório de verdade é seu conteúdo com algo semelhante a uma "receita mágica" ou "manual de magia". É bom especificar outros conceitos de livros que se assemelham ao conceito de grimório. Existem os livros chamados de "livros das sombras" e os conhecidos como "diários mágicos". "Livro das sombras" é um conceito que define um livro que o adepto escreve por si mesmo contendo certas práticas ocultas que ele conhece e que tem funcionado pra ele. "Diário mágico" já é algo bem mais pessoal, mais íntimo, nele o adepto registra minuciosamente todos os detalhes de suas práticas ocultas e ritualísticas. Existem grupos esotéricos que até mesmo exigem que seus membros mantenham diários mágicos bem documentados. Não apenas as práticas ocultas são registradas no diário mágico, mas também todo o contexto, todas as sensações e resultados. Simplificando o máximo possível, um grimório é um "livro de magia" consagrado pela tradição e de origem antiga, os mais conhecidos datam de meados da Idade Média. Dentro do contexto da tradição da magia ocidental, os dois grimórios mais considerados e de referência para a prática da chamada "magia cerimonial" são "A Chave de Salomão" (também chamado "Clavícula de Salomão") e a "Chave Menor de Salomão" (também conhecido como "Lemegeton") que é composto de cinco partes sendo a mais conhecida a primeira denominada "Goetia".
A CHAVE DE SALOMÃO
Esse grimório vem circulando na forma de manuscritos pela Europa desde o séc. XII. Ele tornou-se mais acessível ao grande público no séc XIX quando grandes ocultistas modernos como Eliphas Levi e Mac Gregor Mathers publicaram traduções dele baseados em manuscritos em hebraico e latim presentes em grandes bibliotecas da França e Inglaterra. O trabalho desses dois ocultistas foi de reconstrução, pois, os manuscritos estavam ilegíveis em certas partes e alguns "pantáculos" as figuras mágicas estavam distorcidas e disformes, foi necessário interpretá-los, simplificá-los e reconstruí-los para torná-los inteligíveis ao público.
O nome de Salomão é associado a esse livro porque a tradição afirma que além de rei de Israel, Salomão (famoso por sua grande sabedoria, como proclama a Bíblia) também era perito em impor sua vontade sobre espíritos. A Bíblia tradicional não menciona isso, mas, outras tradições como o Talmude, o Kebra Nagast (livro considerado sagrado na Etiópia) e o Alcorão abordam esse lado oculto desse rei. Até as "Mil e Uma Noites" embora seja ficção, também fala disso.
Logo no início do texto desse livro, Salomão em primeira pessoa se dirige ao seu filho Roboão dizendo que registrou seus "segredos mágicos" nesse livro antes de morrer. Em seguida é narrado uma história contando como certos sábios da Babilônia encontraram esses manuscritos escondidos em código e um deles conseguiu decifrar. Naturalmente esse historinha é de cunho "iniciático" e obviamente esse livro não é a tradução de um manuscrito do próprio Salomão. A maioria dos pesquisadores concorda que na verdade "A Chave de Salomão" foi composto por indivíduos anônimos cujas práticas nos permite classificá-los como "conjuradores". Através de tentativas e erros, eles foram compondo esse manuscrito. Um conjurador teve acesso e com a prática foi acrescentando algo no texto, outro foi acrescentando algo e assim sucescivamente. Alguns pantáculos desse grimório apareceram nas primeiras temporadas da série "Supernatural" ("Sobrenatural" no Brasil). Uma característica desse grimório é que a simbologia dele é alinhada com princípio "sétuplo" então seus símbolos giram em torno dos sete principais astros consagrados pela tradição: sol, lua, vênus, marte, júpiter, saturno e mercúrio. Ele apresenta uma série de correspondências com esses sete princípios como cores, horas, incenso, símbolos e etc. para o praticante "alinhar" e usar para focar no tipo de entidades a serem invocadas, porém, elas não são especificadas com exatidão.
GOETIA
Como já foi dito, na verdade a Goetia é a primeira parte de cinco partes que compõe o chamado "Lemegeton" ou "Chave Menor de Salomão". A premissa é a mesma da Chave de Salomão, o texto afirma que são instruções de Salomão para invocar certas entidades. Também tem uma historinha de cunho "iniciático" narrando que Salomão prendeu esses espíritos em um jarro de cobre e enterrou na Babilônia sendo os habitantes abriram inconsequentemente esse jarro e libertaram esses espíritos pensando que se tratava de um tesouro enterrado por Salomão. A principal diferença da Goetia com a Chave de Salomão é que na Goetia os espíritos estão catalogados, são 72 e o texto apresenta descrições da forma deles, voz, grau hieráquico, nome e "selo" também chamado de "sigilo" ou "assinatura" é o símbolo pessoal de cada um. Mac Gregos Mathher e Crowley publicaram traduções modernas desse livro.Os praticantes afirmam que lhe dar com os 72 espíritos da Goetia não é pra principiantes pois tais entidades possuem presença muito forte e a coisa toda pode facilmente sair do controle e trazer consequências desagradáveis aos amadores.
OUTROS GRIMÓRIOS
Além desses dois textos mais reconhecidos pela tradição, existem vários outros outros grimórios cada qual com suas peculiaridades. SAGRADA MAGIA DE ABRAMELIN-O livro conhecido como "Sagrada Magia de Abramelin" é um grimório com uma história curiosa, foi publicado por Mathers também. O objetivo principal desse grimório é que o praticante entre em contato com seu "santo anjo guardião" e através desse possa realizar várias façanhas. Ao invés de "pantáculos" o livro apresenta "quadrados mágicos" que são conjuntos de quadrinhos contendo letras cada qual com uma função mágica própria. O livro narra a história de um tal Abraão o judeu. Ele buscou desde a juventude adquirir conhecimentos mágicos e viajou por muitas terras buscando esses conhecimentos, mas só encontrou decepção. Apenas quando ele passou por uma pequena vila no Egito lhe indicaram um mago que poderia ajudá-lo em seu propósito. Esse mago era o chamado Abramelin e era de origem caudeia, ele orientou Abraão nas técnicas descritas nesse grimório para entrar em contato com seu "santo anjo guardião". Esse livro teria sido escrito por volta de 1458 e publicado em meados do séc. XVI. O que os especialistas afirmam é que o "santo anjo guardião" não deve ser encarado como uma entidade á parte com personalidade própria, e sim uma versão do "eu superior" do praticante, sua ligação com os planos espirituais. Seria o mesmo que os cabalistas chamam de "maggid" uma entidade espiritual formada da própria energia do adepto que em certas ocasiões se manifesta pra ele e lhe dá orientações.
LIVRO DE RAZIEL-Conhecido como "Sefer Ha Raziel" esse livro surgiu em meados da Idade Média e teria sido obra de rabinos cabalistas. Ele apresenta várias orientações para o adepto fazer pantáculos com letras e símbolos judaicos. O nome Raziel significa "segredo de Deus" e é o nome de um arcanjo que segundo a tradição trouxe a Adão um livro contendo segredos para ele poder evitar os malefícios dos seres espirituais. Mas isso não significa que esse "Livro de Raziel" seja o mesmo dado a Adão, como já disse trata-se de obra de rabinos cabalistas.
ESPADA DE MOISÉS-Esse livro também é obra de rabinos cabalistas surgido na Idade Média. O nome de Moisés é usado porque o texto sugere que esses ensinamentos foram dados a Moisés por Deus para realizar várias proezas. O texto apresenta vários "nomes secretos de Deus" e fórmulas para diversos propósitos.
GALDRABÓK-Esse grimório é datado de cerca do séc. XVII e é de origem islandesa. Diferente dos outros que tem como base personagens do misticismo judaico, esse livro apresenta símbolos rúnicos típicos da tradição escandinava com orientação para diversos usos deles como proteção, afastamento de espíritos e cura de animais.
GRIMÓRIO PERDIDO DE HARUT E MARUT-Esse livro é atribuído a um tal mago árabe al-Toukhi do Egito, escrito em meados da Idade Média. Outro livro atribuído a esse personagem é o "Red Magic". A menção a Harut e Marut se deve a esses personagens serem citados no Alcorão como anjos enviados a antiga Babilônia para testar as pessoas. Eles ensinavam encantamentos á elas mas advertiam de que não deveriam renegar a fé verdadeira. De acordo com a história acabaram sendo seduzidos por uma mulher e foram castigados por Deus por isso. O "Red Magic" apresenta várias conjurações em que são usados nomes divinos típicos da tradição judaica, mas o estilo é árabe. Possui também diversos símbolos típicos da magia árabe e orientação de rituais usados para diversos propósitos.
BLACK PULLET-O nome desse grimório é "galinha preta" em uma tradução livre, pois galinha em francês é "poule". Assim como vários outros grimórios, esse também possui uma historinha que parece ser de caráter iniciático (a menos que se queira considerar como sendo uma história real, fica a critério do leitor). Essa história se passa no tempo de Napoleão Bonaparte, meados de 1800, portanto não é tão antigo quanto outros grimórios. A narrativa do livro originalmente escrito em francês diz que foi escrito por um soldado francês único sobrevivente de um ataque turco próximo as grandes pirâmides do Egito. Há noite, esse soldado viu um compartimento se abrir na grande pirâmide e dele sair um senhor "turco" (podemos deduzir que se refira a "turco" qualquer indivíduo com aspecto ou roupa árabe). Esse turco percebe que o soldado francês está moribundo mas ainda vivo e o leva para dentro da pirâmide onde supostamente existiriam vastos salões e cuida dele até se restabelecer. Depois o turco explica a ele que vem praticando magia a cerca de duzentos anos e acumulando tesouros. Ele também faz diversas demonstrações e explica a ele como praticar também tal magia com o uso de anéis especialmente fabricados para isso, e mostra seu "espírito familiar" chamado Odous. Por fim o turco diz que morrerá e que além de seus conhecimentos concederá ao francês seu espírito familiar, seus tesouros acumulados e ensinará ele a preparar a "franga preta" capaz de indicar onde existe ouro. O livro é escrito como se o francês tivesse realmente vivido isso e publicado na França com todo conforto que os tesouros e as práticas lhe proporcionaram. As técnicas apresentadas nesse grimório são uma combinação de instruções relativas a fabricação desses anéis especiais para serem usados junto a palavras específicas e pantáculos com diversos propósitos. É interessante registrar que alguns dos pantáculos desse grimório aparecem na forma de tatuagem nas costas do personagem Constantine na capa de uma história em quadrinhos, veja:
Em outros blogs já existem explicações detalhadas sobre esses símbolos da tatuagem do personagem, por isso vou falar apenas em termos gerais. As letrinhas escritas em linhas circulares pelas costas são uma conjuração ao arcanjo Uriel pedindo proteção. O pantáculo no centro de acordo com o grimório tem a função de conceder a quem usa o conhecimento das virtudes dos minerais, vegetais e o conhecimento para realizar curas com sucesso. O pantáculo em formato de triângulo virado pra baixo logo abaixo do central de acordo com o grimório serve para conjurar as forças celestiais e infernais que aparecerão na forma de espíritos para realizar tarefas. O pantáculo do lado esquerdo abaixo do anterior de acordo com o grimório concede a quem usa os talentos e virtudes para fazer o bem e converter as substâncias de má qualidade em boa qualidade.
GRIMÓRIOS ESTILO "MAGIA NEGRA"
Não raro alguns dos grimórios medievais apresentam técnicas de sacrifícios de animais, conjurações a entidades reconhecidas como demônios "barra pesada" e algo próximo a "pactos" ou técnicas para ludibriar as entidades através de brechas nos pactos. Assim sendo, esses grimórios estão alinhados ao que pode ser descrito como "magia negra".
GRIMÓRIO DO PAPA HONÓRIO-Pode parecer estranho que o nome de um papa seja associado a um "livro de magia negra" mas acontece que a autoria desse livro não deve ser considerada como desse tal papa Honório, outro autor ou autores devem ter atribuído esse nome a ele. O livro apresenta diversas conjurações a demônios e instruções de sacrifício de animais. Esse livro não deve ser confundido com o "Livro Jurado de Honório" pois a história a respeito desse diz que trata-se de um livro resultado da atitude de um grupo de magos que decidiram reunir todo seu conhecimento em um só livro ao longo da vida. Antes de morrer, o mago passava esse "livro jurado" para seu sucessor que acrescentava mais conhecimentos e assim por diante.
GRIMÓRIO VERUM-O texto dele alega que foi escrito por "Aliebeck o egípcio" em Mênfis ano 1517, mas os especialistas afirmam que na verdade deve ter sido feito no séc. XVIII. Parte dele com seus selos próprios de demônios foi publicado por Mac Gregor Mathers que o diferenciava da Chave de Salomão.
GRAN GRIMOIRE-Esse é outro grimório cujo texto diz ser de meados de 1500 porém os especialistas afirmam que na verdade foi composto em era moderna, meados do séc. XIX. Apresenta instruções e selos para invocar Lucifer, Lucifuge Astaroth e outros demônios "barra pesada". Também chamado de "Dragão Vermelho". Alguns selos desses grimórios e os 72 da Goetia foram apresentados no livro "Qabalah, Qliphop and Goetic Magic" de Thomas Karlsson, sueco erudito do oculto e fundador da ordem esotérica Dragon Rouge que contribuiu por anos como letrista da banda de metal sinfônico Therion. Mencionei ele em outra postagem desse mesmo blog entitulada "THERION E O OCULTISMO". O livro de Karlsson:
Nesse livro Karlsson também cita experiências de adeptos com Goetia que realizaram invocações sem uso de cerimônias tão elaboradas quanto as do texto oficial, métodos simplificados.
O CORVO NEGRO-Conhecido como "Livro do Dr. Johannes Faust" (aquele famoso por ter feito um pacto demoníaco, citei ele no meu livro "Análise Sobre Mitos e o Oculto" link á direita do blog). Esse livro é de origem alemã e pesquisadores sugerem que seja obra de jesuítas alemães do séc. XVII. Que jesuítas se envolvam com magia cerimonial não é de se surpreender, muitos membros do clero católico foram (e ainda são) praticantes. O texto narra como se fosse feito pelo próprio Fausto descrevendo suas invocações e modos de coerção para que os demônios sejam coagidos a realizar suas vontades. Apresenta nomes de vários demônios com diversas funções e seus selos.
LIVRO DE SÃO CIPRIANO-Não se deve confundir o São Cipriano suposto autor desse livro com o São Cipriano considerado santo católico que foi bispo de Cartago norte da África e que viveu em meados de 250 d.C. O São Cipriano suposto autor desse grimório teria sido um feiticeiro de magia negra de Antióquia região da atual Turquia que se arrependeu de suas práticas por amor a uma moça cristã e tal livro seriam os escritos que seus seguidores copiaram dele após sua morte. É mais um caso de grimório com história de cunho iniciático embora qualquer um esteja livre para acreditar que tenha existido realmente tal personagem. Blavatsky em seu livro "A Doutrina Secreta Volume V" afirma que uma tradução desse livro foi publicada inicialmente em francês pelo Marquês de Mirville (1802-1873) escritor, médium e espírita. Na história é dito que esse Cipriano aprendeu muitos conhecimentos ocultos em muitas viagens (Blavatsky supõe que ele teria sido iniciado nos mistérios dos templos pagãos do passado). Então, ele se apaixonou por uma jovem cristã chamada Justina e quis usar de seus feitiços para que ela cedesse a seu desejo sexual, mas, todos espíritos enviados por ele falharam. Assim, ele constatou que suas práticas ocultas não superavam a religião cristã da jovem e se converteu renunciando a seus livros do oculto e se batizando. Mas tanto ele quanto ela foram martirizados pela perseguição aos cristãos do tempo do imperador Dioclesiano. Pode-se dizer que esse é o grimório estilo "magia negra" mais vulgarizado aqui no Brasil, já vi edições "de bolso" bem pequenininhas, algumas com encadernamento de luxo reivindicando serem o "verdadeiro" livro de São Cipriano, O Bruxo, capa preta, capa de aço etc. Pelo que me lembre do conteúdo possui vários rituais para diversos propósitos uns afirmado serem "infalíveis", rituais para conjurar demônios, para se adquirir um "espírito familiar" e coisas assim. Não me parece ter um sistema ou uma estética muito embasada por isso pode-se supor que pode ter sido feito por ocultistas do séc. XVIII ao invés de serem registros de práticas do suposto Cipriano daquela época.
Muito material de grimórios foram apresentados ao público moderno graças a Arthur Edward Waite (1857-1942) autor inglês nascido nos EUA que estudou muito do ocultismo ocidental e publicou obras sobre o assunto sendo co-autor junto com Pamela Colman Smith de um popular tarot chamado "Tarot Rider Waite" ou "Tarot Waite Smith". Ele foi membro da Golden Dawn influente grupo esotérico do ocidente. Referências a vários grimórios aparecem em sua obra "O Livro da Magia Cerimonial" de 1913. Foto de Waite:
Falei de modo geral sobre o conceito do que é um grimório e o conteúdo de alguns dos mais conhecidos. Como se pode perceber nem todos são realmente antigos, muitos podem ser considerados modernos. Frutos em sua maioria de autores anônimos que registraram fórmulas focadas em conjuração, mas também instruções para muitas outras finalidades. Há quem atribua grande importância a livros do tipo considerando-os "valiosos" e "raros" o que eu considero uma mistificação exagerada. Alan Moore escritor de histórias em quadrinhos autor de Constantine, Watchman, V de Vingança e outras grandes obras, além de ocultista praticante em uma entrevista disse que qualquer pessoa hoje em dia pode ir a uma livraria esotérica adquirir um livro desse tipo e praticar os rituais. Do meu ponto de vista considero os grimórios como valiosos mais em seus aspectos culturais, pois, eles reúnem tradições típicas de muitas culturas antigas não apenas judaica. É um sonho de muitos ocultistas encontrar em apenas um grimório as fórmulas que irão resolver sua vida, o "grimório dos grimórios" uma infantilidade tal atitude. Que possam existir grimórios e outros livros com conteúdo realmente extraordinário, instruções valiosíssimas do oculto podemos especular que sim, afinal existem tantas ordens esotéricas e praticantes autônomos. Mas quanto aos que estão ao alcance do grande público, sua importância é mais como uma produção cultural legado de nossa tradição ocidental, embora muitos praticantes muito se beneficiem dessas obras e até considerem suas fórmulas indispensáveis para todos os ocultistas. Minha opinião é que como usar e em que circunstancias usar depende do preparo e maturidade de cada um, além de tato para saber com qual texto o praticante se identifica mais.
Blog dedicado a divulgação das obras e pesquisas relacionadas a ocultismo de Ricardo Dias de Oliveira
segunda-feira, 23 de abril de 2018
sexta-feira, 13 de abril de 2018
O QUE É CABALA?
Olá pessoal! Nesse post vou fazer uma explanação geral sobre cabala, porém, sem entrar em detalhes muito técnicos, mais com a intenção de desmistificar certos conceitos errados que talvez muitas pessoas tenham a respeito desse assunto e também para fazer uma introdução razoável para aqueles que não tem noção do que se trata.
"Cabala" pode ser grafada de várias formas como "kaballah", "cabalá" e outros modos. Trata-se de uma tradição esotérica tipicamente judaica. "Cabala" significa em hebraico "receber" pois é uma tradição transmitida de mestre a discípulo a milhares de anos. Resumidamente, pode-se dizer que cabala é o conhecimento esotérico que os judeus acumularam através de milhares de anos. Apesar da origem da cabala ser judaica, muitos pesquisadores afirmam que muito provavelmente conceitos esotéricos dos antigos egípcios podem ter sido incorporados á cabala. Também há pesquisadores que afirmam que os antigos gregos, em especial Pitágoras e seus seguidores conheceram a cabala. Blavatsky afirma que a verdadeira cabala é de origem caudéia (ainda praticada por adeptos de uma escola do oriente) e que ela possui diferenças em relação a cabala praticada pelos judeus em geral aqui no ocidente sendo que a base desse conhecimento está registrada em um livro que ela chama de "Livro Caudeu dos Números". O que podemos afirmar com certeza é que a cabala é a tradição esotérica mais alinhada com o pensamento dos adeptos ocidentais e portanto é considerada um "sistema mágico" tipicamente ocidental.
Todos os grandes ocultistas ocidentais tiveram contato com a cabala e até mesmo alguns personagens que não eram declaradamente ocultistas: Cornélius Agrippa, Leonardo da Vinci, Michelangelo, Nostradamus, Eliphas Levi, Mac Gregor Mathers, Crowley e muitos outros. Originalmente a cabala era tratada com muita restrição pelos rabinos cabalistas e eles apenas consentiam em transmitir esse conhecimento a quem fosse homem, judeu, com o mínimo de 40 anos, casado e de vida correta e justa. Além disso, os livros com conteúdo cabalístico só começaram a aparecer na Europa em meados da Idade Média. Se dependesse dos rabinos cabalistas tenho certeza de que o conhecimento da cabala permaneceria de posse de apenas um grupo restrito até hoje e a maioria dos interessados em esoterismo jamais teria acesso a esse conhecimento nem teria ouvido falar disso. Em grande parte, esse conhecimento veio a público por causa do interesse de indivíduos não judeus que quiseram aprender algo dos rabinos cabalistas, os chamados "cabalistas cristãos" deram contribuições de valor inestimável ao grande público devido a persistência e estudo. Outra força importante para a divulgação da cabala aos não judeus é o movimento chamado chassidismo criado pelo cabalista Baal Shem Tov (1698-1760) cujo nome verdadeiro era Israel Ben Eliezer. A ideia do movimento chassidista é que quanto mais pessoas conhecerem os aspectos místicos de Deus, mais pessoas poderão se beneficiar desse estado de "união com o divino" por isso era aceitável ensinar a cabala aos não judeus.
Vamos esclarecer alguns conceitos errôneos que os não iniciados nessa área costumam ter. Algumas pessoas usam o termo "cabala" da mesma maneira que a palavra "conluio" como se cabala fosse o nome de um grupo secreto de judeus imbuídos do propósito de "dominar o mundo". Isso é um disparate! Cabala é uma tradição, um sistema mágico e não uma "sociedade secreta". Há quem pense que para se estudar cabala é obrigatório ser judeu e falar hebraico, isso também não é verdade. Muitos grandes cabalistas do passado não eram judeus e para o público não judeu hoje em dia não é tão difícil assim estudar cabala existem muitos grupos dedicados a divulgação desse conhecimento encabeçados por rabinos cabalistas. Outro conceito errado que muitos tem é que todo judeu ou todo rabino é cabalista, isso não é verdade, nem todo judeu conhece cabala, assim como nem todo rabino é cabalista, há rabinos que até mesmo não incentivam o estudo dessa matéria e consideram a cabala mais como uma superstição. Resumindo: o conhecimento da cabala está de posse de alguns rabinos, nem todos, que se dedicam a estudar esse assunto e praticar cabala. Devido a onda de popularização das chamadas "terapias alternativas" recentemente tem sido comum ver "celebridades" afirmando que se tornaram adeptos da cabala e até mesmo exibindo fitinhas vermelhas no pulso como a Madonna e o ator Ashton Kutcher , veja:
O que há de embasamento por trás disso? Acontece que muitas dessas "celebridades" levam um vida superficial, vazia de sentido e por isso acabam se apegando as chamadas "terapias alternativas" como um tipo de "brincadeira esotérica" para tentar preencher suas vidas vazias. Até onde eu sei, o rabino do centro cabalístico que a Madonna frequentava se recusou a continuar ensinando ela. Falando especificamente da fitinha vermelha, elas geralmente são de lã vermelha e o significado delas é o de proporcionar um tipo de proteção contra o vulgarmente chamado "mau olhado" e são amarradas no pulso esquerdo pois se considera que o lado esquerdo é o lado "receptivo" do corpo, por onde as energias entram. Existem até os que passam essas fitinhas em torno do túmulo de Raquel esposa de Jacó que está em Belém para dar mais sorte ainda. O fato é que muitos rabinos não incentivam seu uso e os ocultistas sérios certamente devem achar esse costume infantil e desnecessário. Existem adeptos que costumam usar uma fitinha ou colar com o nome "chai" composto das letras hebraicas "chet" e "yod" pendurados, "chai" significa "vida" em hebraico:
Nesse caso, as pessoas fazem uso desse símbolo com a intenção de se manterem "presos" á vida caso aconteça um acidente grave. Ou seja, esse uso é o mesmo que os antigos egípcios faziam do símbolo chamado "ankh" ou "cruz ansanta" que significa "vida" e o uso de tais símbolos também é pouco levado a sério pelos verdadeiros adeptos.
Então, em que consiste a cabala? A melhor resposta que eu acho que poderia dar é: um acumulado de conhecimentos esotéricos que os adeptos fazem uso para melhorar a própria vida e também servir de base para muitos outros usos. Acredito que a melhor maneira de encarar a cabala é de maneira não dogmática, ao invés de se apegar a fórmulas e rituais pré-concebidos (como receita de bolo), adaptar o conhecimento cabalístico a certas práticas e técnicas que o ocultista conhece e sabe tirar proveito.
De um modo geral, se considera a cabala de dois modos: teórico/filosófico e prático. Do ponto de vista filosófico, os conceitos da cabala podem proporcionar a pessoa explicações e esclarecimentos muito interessantes a respeito da vida e da relação entre Deus e o homem, por isso aos que encaram todo o acervo de conhecimentos da cabala apenas em seu aspecto filosófico é altamente benéfico. Quanto aquilo que se chama de "cabala prática" existem muitas técnicas que os adeptos praticam como meditações específicas, entoação de "nomes divinos" ou letras hebraicas (o próprio uso da língua hebraica para fins magísticos é altamente relevante), uso de letras hebraicas para fins magístico como fabricação de pantáculos e a permutação de letras e números, técnicas como notarikon e temurá. Mas as mais complexas e impressionantes técnicas da cabala prática são conhecidas de poucos rabinos cabalistas e eles geralmente não as tornam públicas entre outros motivos por considerarem perigoso que qualquer um faça uso de tais técnicas.
OS LIVROS BÁSICOS DA CABALA
Qualquer um que inicia seus estudos na cabala é orientado pelos rabinos a ler e estudar dois livros além da Torá (deve-se levar em conta que os cabalistas interpretam a Torá de maneira muito mais mística do que um cristão comum), o Zohar (Livro do Esplendor) e o Sefér Yetsirá (Livro da formação). Quanto ao "Sefér Yetsirá" esse é um livro breve, não é um livro grande. O conceito de "livro da formação" vem da premissa que aparece logo no início do texto de que esse livro apresenta a "fórmula" através da qual Deus formou todas as coisas do universo através das letras hebraicas ou como diz o próprio texto através de "sefer" (texto), "sefar" (número) e "sipur" (comunicação). Esse texto surgiu de forma escrita na Idade Média, mas, seu texto é muito arcano. Na história do texto é dito que foi escrito pelo patriarca Abraão, porém, os pesquisadores sabem que atribuir a autoria de um texto ao nome de um personagem famoso é um recurso antigo. Blavatsky afirma que ele é um fragmento do "Livro Caudeu dos Números". O conteúdo dele é altamente simbólico é pode ser difícil para quem não está sob a orientação de um mestre compreender seu significado. Percebe-se que há um tipo de "ritmo" no texto como se tivesse sido feito para ser memorizado. Há referências nele a muitas técnicas para serem postas em prática e inclusive é dele que vem a base das orientações que os cabalistas usam para fabricar um golem. Pessoalmente é o texto cabalístico que eu mais gosto.
O outro livro indispensável aos interessados em cabala é o Zohar, o livro do esplendor. Oficialmente quem trouxe esse livro ao público foi o cabalista espanhol Moisés de Leon, cujo nome verdadeiro era Moshe Ben Shen Tov (1240-1305). Porém a história da origem do Zohar é controversa. Não se trata de um livro apenas, mas, vários volumes, é uma longa explanação mística a respeito de certos versículos da Torá e das relações de Deus e o homem (o macro cosmo e o micro cosmo). A polêmica principal do Zohar é a respeito de quem teria escrito ele. Enquanto estava vivo, Moshe de Leon afirmava que estava copiando o Zohar de um manuscrito original de autoria de Shimon Bar Yochai um rabino cabalista que é considerado uma lenda que viveu em meados do séc II d. C. e segundo a história teria se escondido em uma caverna durante anos com seu filho fugindo da perseguição das autoridades romanas e teria tido visões místicas do profeta Elias que inspiraram ele a escrever esse manuscrito original do Zohar. As histórias mais conhecidas dizem que por algum acaso o tal manuscrito caiu nas mãos de Moisés de Leon que assim escrevia cópias e as vendia. Mas depois que ele morreu, sua esposa afirmou que não havia tal manuscrito original e que ele escrevia tudo de sua própria cabeça e que atribuia a autoria a Shimon Bar Yochai porque as pessoas de sua época (assim como hoje em dia) valorizam mais livros atribuídos a personagens famosos do que de autores desconhecidos. O cabalista Arieh Kaplan (1934-1983) em seu livro "Meditação e Cabalá" também expõe muitas teorias a respeito da origem do Zohar, uma delas diz que Moisés de Leon teria escrito o Zohar através do "nome de escrever" uma técnica cabalística tipo "escrita automática" em que o adepto escreve um "nome divino" em sua mão e essa passa a escrever por conta própria sobre certos assuntos. Blavatsky em um volume de seu livro "A Doutrina Secreta" afirma que o conhecimento do Zohar era conhecido dos mais antigos cabalistas, mas que os cabalistas se esqueceram dele, por isso quando quando de Leon trouxe o Zohar ao público ele foi tão bem recebido pela comunidade judaica. Ela também diz que de Leon mantinha correspondência com alguns cabalistas da Síria e que através de tal conhecimento escreveu o Zohar. Independente de qual seja a origem "oficial" do Zohar, o texto é altamente considerado pelos cabalistas de hoje em dia, ele apresenta consideração muito relevantes a respeito de vários assuntos, porém, eu considero muito mais filosófico do que com indicações de técnicas para serem postas em prática pelo adepto. Além desses livros, é possível encontrar algum conteúdo cabalístico em vários outros livros como o "Sefêr Ha Bahir" (significa "livro brilhante" ou "livro da iluminação) que apresenta explicações sobre a Torá atribuído a Nehunia Ben Hakanah do séc. I, os "Grandes Hechalot" texto focado na técnica conhecida como "merkabah", o "Livro de Raziel" que surgiu em meados da Idade Média, o "Talmud", o livro "Shaaré Orá" (significa "portões de luz") do cabalista Josef Gikatalia e o livro "Pardes Romonin" (significa "pomar de romãs) do cabalista Moisés Cordovero. Essas obras citadas por si só possuem conteúdo que pode parecer complexo demais para aqueles que quiserem estudá-las sem alguma orientação.
A ÁRVORE DA VIDA
Um dos diagramas de maior importância dentro do contexto da cabala é o chamado "árvore da vida". Possui muitas variações, mas é basicamente composto de dez bolinhas chamadas "séfiras" ou "sephirot" interligadas por 22 caminhos além de haver uma décima primeira séfira que é considerada oculta chamada Daath, veja:
Além do que foi dito, muitos elementos costumam ser atribuídos ás séfiras como cores e astros e aos 22 caminhos se costuma atribuir uma letra hebraica a cada um e uma carta do tarô. A árvore da vida possui muitas aplicações e os cabalistas usam os conceitos desse diagrama em inúmeras técnicas práticas. A princípio pode parecer que esse diagrama foi concebido para ser um tipo de "escada" de desenvolvimento partindo da séfira mais baixa chamada Malkut (significa "reino" e representa nosso plano físico, material) até a séfira mais alta chamada Keter (significa "coroa") porém, não deve ser interpretada apenas de maneira linear, pois, todos os aspéctos que as séfiras representam são trabalhados pelo cabalista.
Concluíndo, aos que se interessaram pelo assunto recomendo que pesquisem por conta própria nas obras citadas ou procurem grupos esotéricos onde a cabala é ensinada. Certas técnicas da cabala são realmente muito secretas, Arieh Kaplan em seus livros faz referência a vários grupos secretos compostos por cabalistas que não são conhecidos do grande público e que não divulgam seus conhecimentos. Ele também fala de livros e manuscritos com conteúdo cabalístico que são de propriedade de poucos mantidos em bibliotecas particulares e totalmente desconhecidos da maioria dos cabalistas comuns. Certas técnicas são realmente muito perigosas como a fabricação do golem ou a merkabah (o objetivo da "merkabah" é a ascenção aos planos espirituais superiores) isso justifica o sigilo mantido por muitos adeptos. No futuro talvez eu publique meu livro no qual faço um estudo mais aprofundado sobre cabala em geral, pois, essa matéria é uma das bases do esoterismo aqui do ocidente.
Olá pessoal! Nesse post vou fazer uma explanação geral sobre cabala, porém, sem entrar em detalhes muito técnicos, mais com a intenção de desmistificar certos conceitos errados que talvez muitas pessoas tenham a respeito desse assunto e também para fazer uma introdução razoável para aqueles que não tem noção do que se trata.
"Cabala" pode ser grafada de várias formas como "kaballah", "cabalá" e outros modos. Trata-se de uma tradição esotérica tipicamente judaica. "Cabala" significa em hebraico "receber" pois é uma tradição transmitida de mestre a discípulo a milhares de anos. Resumidamente, pode-se dizer que cabala é o conhecimento esotérico que os judeus acumularam através de milhares de anos. Apesar da origem da cabala ser judaica, muitos pesquisadores afirmam que muito provavelmente conceitos esotéricos dos antigos egípcios podem ter sido incorporados á cabala. Também há pesquisadores que afirmam que os antigos gregos, em especial Pitágoras e seus seguidores conheceram a cabala. Blavatsky afirma que a verdadeira cabala é de origem caudéia (ainda praticada por adeptos de uma escola do oriente) e que ela possui diferenças em relação a cabala praticada pelos judeus em geral aqui no ocidente sendo que a base desse conhecimento está registrada em um livro que ela chama de "Livro Caudeu dos Números". O que podemos afirmar com certeza é que a cabala é a tradição esotérica mais alinhada com o pensamento dos adeptos ocidentais e portanto é considerada um "sistema mágico" tipicamente ocidental.
Todos os grandes ocultistas ocidentais tiveram contato com a cabala e até mesmo alguns personagens que não eram declaradamente ocultistas: Cornélius Agrippa, Leonardo da Vinci, Michelangelo, Nostradamus, Eliphas Levi, Mac Gregor Mathers, Crowley e muitos outros. Originalmente a cabala era tratada com muita restrição pelos rabinos cabalistas e eles apenas consentiam em transmitir esse conhecimento a quem fosse homem, judeu, com o mínimo de 40 anos, casado e de vida correta e justa. Além disso, os livros com conteúdo cabalístico só começaram a aparecer na Europa em meados da Idade Média. Se dependesse dos rabinos cabalistas tenho certeza de que o conhecimento da cabala permaneceria de posse de apenas um grupo restrito até hoje e a maioria dos interessados em esoterismo jamais teria acesso a esse conhecimento nem teria ouvido falar disso. Em grande parte, esse conhecimento veio a público por causa do interesse de indivíduos não judeus que quiseram aprender algo dos rabinos cabalistas, os chamados "cabalistas cristãos" deram contribuições de valor inestimável ao grande público devido a persistência e estudo. Outra força importante para a divulgação da cabala aos não judeus é o movimento chamado chassidismo criado pelo cabalista Baal Shem Tov (1698-1760) cujo nome verdadeiro era Israel Ben Eliezer. A ideia do movimento chassidista é que quanto mais pessoas conhecerem os aspectos místicos de Deus, mais pessoas poderão se beneficiar desse estado de "união com o divino" por isso era aceitável ensinar a cabala aos não judeus.
Vamos esclarecer alguns conceitos errôneos que os não iniciados nessa área costumam ter. Algumas pessoas usam o termo "cabala" da mesma maneira que a palavra "conluio" como se cabala fosse o nome de um grupo secreto de judeus imbuídos do propósito de "dominar o mundo". Isso é um disparate! Cabala é uma tradição, um sistema mágico e não uma "sociedade secreta". Há quem pense que para se estudar cabala é obrigatório ser judeu e falar hebraico, isso também não é verdade. Muitos grandes cabalistas do passado não eram judeus e para o público não judeu hoje em dia não é tão difícil assim estudar cabala existem muitos grupos dedicados a divulgação desse conhecimento encabeçados por rabinos cabalistas. Outro conceito errado que muitos tem é que todo judeu ou todo rabino é cabalista, isso não é verdade, nem todo judeu conhece cabala, assim como nem todo rabino é cabalista, há rabinos que até mesmo não incentivam o estudo dessa matéria e consideram a cabala mais como uma superstição. Resumindo: o conhecimento da cabala está de posse de alguns rabinos, nem todos, que se dedicam a estudar esse assunto e praticar cabala. Devido a onda de popularização das chamadas "terapias alternativas" recentemente tem sido comum ver "celebridades" afirmando que se tornaram adeptos da cabala e até mesmo exibindo fitinhas vermelhas no pulso como a Madonna e o ator Ashton Kutcher , veja:
O que há de embasamento por trás disso? Acontece que muitas dessas "celebridades" levam um vida superficial, vazia de sentido e por isso acabam se apegando as chamadas "terapias alternativas" como um tipo de "brincadeira esotérica" para tentar preencher suas vidas vazias. Até onde eu sei, o rabino do centro cabalístico que a Madonna frequentava se recusou a continuar ensinando ela. Falando especificamente da fitinha vermelha, elas geralmente são de lã vermelha e o significado delas é o de proporcionar um tipo de proteção contra o vulgarmente chamado "mau olhado" e são amarradas no pulso esquerdo pois se considera que o lado esquerdo é o lado "receptivo" do corpo, por onde as energias entram. Existem até os que passam essas fitinhas em torno do túmulo de Raquel esposa de Jacó que está em Belém para dar mais sorte ainda. O fato é que muitos rabinos não incentivam seu uso e os ocultistas sérios certamente devem achar esse costume infantil e desnecessário. Existem adeptos que costumam usar uma fitinha ou colar com o nome "chai" composto das letras hebraicas "chet" e "yod" pendurados, "chai" significa "vida" em hebraico:
Nesse caso, as pessoas fazem uso desse símbolo com a intenção de se manterem "presos" á vida caso aconteça um acidente grave. Ou seja, esse uso é o mesmo que os antigos egípcios faziam do símbolo chamado "ankh" ou "cruz ansanta" que significa "vida" e o uso de tais símbolos também é pouco levado a sério pelos verdadeiros adeptos.
Então, em que consiste a cabala? A melhor resposta que eu acho que poderia dar é: um acumulado de conhecimentos esotéricos que os adeptos fazem uso para melhorar a própria vida e também servir de base para muitos outros usos. Acredito que a melhor maneira de encarar a cabala é de maneira não dogmática, ao invés de se apegar a fórmulas e rituais pré-concebidos (como receita de bolo), adaptar o conhecimento cabalístico a certas práticas e técnicas que o ocultista conhece e sabe tirar proveito.
De um modo geral, se considera a cabala de dois modos: teórico/filosófico e prático. Do ponto de vista filosófico, os conceitos da cabala podem proporcionar a pessoa explicações e esclarecimentos muito interessantes a respeito da vida e da relação entre Deus e o homem, por isso aos que encaram todo o acervo de conhecimentos da cabala apenas em seu aspecto filosófico é altamente benéfico. Quanto aquilo que se chama de "cabala prática" existem muitas técnicas que os adeptos praticam como meditações específicas, entoação de "nomes divinos" ou letras hebraicas (o próprio uso da língua hebraica para fins magísticos é altamente relevante), uso de letras hebraicas para fins magístico como fabricação de pantáculos e a permutação de letras e números, técnicas como notarikon e temurá. Mas as mais complexas e impressionantes técnicas da cabala prática são conhecidas de poucos rabinos cabalistas e eles geralmente não as tornam públicas entre outros motivos por considerarem perigoso que qualquer um faça uso de tais técnicas.
OS LIVROS BÁSICOS DA CABALA
Qualquer um que inicia seus estudos na cabala é orientado pelos rabinos a ler e estudar dois livros além da Torá (deve-se levar em conta que os cabalistas interpretam a Torá de maneira muito mais mística do que um cristão comum), o Zohar (Livro do Esplendor) e o Sefér Yetsirá (Livro da formação). Quanto ao "Sefér Yetsirá" esse é um livro breve, não é um livro grande. O conceito de "livro da formação" vem da premissa que aparece logo no início do texto de que esse livro apresenta a "fórmula" através da qual Deus formou todas as coisas do universo através das letras hebraicas ou como diz o próprio texto através de "sefer" (texto), "sefar" (número) e "sipur" (comunicação). Esse texto surgiu de forma escrita na Idade Média, mas, seu texto é muito arcano. Na história do texto é dito que foi escrito pelo patriarca Abraão, porém, os pesquisadores sabem que atribuir a autoria de um texto ao nome de um personagem famoso é um recurso antigo. Blavatsky afirma que ele é um fragmento do "Livro Caudeu dos Números". O conteúdo dele é altamente simbólico é pode ser difícil para quem não está sob a orientação de um mestre compreender seu significado. Percebe-se que há um tipo de "ritmo" no texto como se tivesse sido feito para ser memorizado. Há referências nele a muitas técnicas para serem postas em prática e inclusive é dele que vem a base das orientações que os cabalistas usam para fabricar um golem. Pessoalmente é o texto cabalístico que eu mais gosto.
O outro livro indispensável aos interessados em cabala é o Zohar, o livro do esplendor. Oficialmente quem trouxe esse livro ao público foi o cabalista espanhol Moisés de Leon, cujo nome verdadeiro era Moshe Ben Shen Tov (1240-1305). Porém a história da origem do Zohar é controversa. Não se trata de um livro apenas, mas, vários volumes, é uma longa explanação mística a respeito de certos versículos da Torá e das relações de Deus e o homem (o macro cosmo e o micro cosmo). A polêmica principal do Zohar é a respeito de quem teria escrito ele. Enquanto estava vivo, Moshe de Leon afirmava que estava copiando o Zohar de um manuscrito original de autoria de Shimon Bar Yochai um rabino cabalista que é considerado uma lenda que viveu em meados do séc II d. C. e segundo a história teria se escondido em uma caverna durante anos com seu filho fugindo da perseguição das autoridades romanas e teria tido visões místicas do profeta Elias que inspiraram ele a escrever esse manuscrito original do Zohar. As histórias mais conhecidas dizem que por algum acaso o tal manuscrito caiu nas mãos de Moisés de Leon que assim escrevia cópias e as vendia. Mas depois que ele morreu, sua esposa afirmou que não havia tal manuscrito original e que ele escrevia tudo de sua própria cabeça e que atribuia a autoria a Shimon Bar Yochai porque as pessoas de sua época (assim como hoje em dia) valorizam mais livros atribuídos a personagens famosos do que de autores desconhecidos. O cabalista Arieh Kaplan (1934-1983) em seu livro "Meditação e Cabalá" também expõe muitas teorias a respeito da origem do Zohar, uma delas diz que Moisés de Leon teria escrito o Zohar através do "nome de escrever" uma técnica cabalística tipo "escrita automática" em que o adepto escreve um "nome divino" em sua mão e essa passa a escrever por conta própria sobre certos assuntos. Blavatsky em um volume de seu livro "A Doutrina Secreta" afirma que o conhecimento do Zohar era conhecido dos mais antigos cabalistas, mas que os cabalistas se esqueceram dele, por isso quando quando de Leon trouxe o Zohar ao público ele foi tão bem recebido pela comunidade judaica. Ela também diz que de Leon mantinha correspondência com alguns cabalistas da Síria e que através de tal conhecimento escreveu o Zohar. Independente de qual seja a origem "oficial" do Zohar, o texto é altamente considerado pelos cabalistas de hoje em dia, ele apresenta consideração muito relevantes a respeito de vários assuntos, porém, eu considero muito mais filosófico do que com indicações de técnicas para serem postas em prática pelo adepto. Além desses livros, é possível encontrar algum conteúdo cabalístico em vários outros livros como o "Sefêr Ha Bahir" (significa "livro brilhante" ou "livro da iluminação) que apresenta explicações sobre a Torá atribuído a Nehunia Ben Hakanah do séc. I, os "Grandes Hechalot" texto focado na técnica conhecida como "merkabah", o "Livro de Raziel" que surgiu em meados da Idade Média, o "Talmud", o livro "Shaaré Orá" (significa "portões de luz") do cabalista Josef Gikatalia e o livro "Pardes Romonin" (significa "pomar de romãs) do cabalista Moisés Cordovero. Essas obras citadas por si só possuem conteúdo que pode parecer complexo demais para aqueles que quiserem estudá-las sem alguma orientação.
A ÁRVORE DA VIDA
Um dos diagramas de maior importância dentro do contexto da cabala é o chamado "árvore da vida". Possui muitas variações, mas é basicamente composto de dez bolinhas chamadas "séfiras" ou "sephirot" interligadas por 22 caminhos além de haver uma décima primeira séfira que é considerada oculta chamada Daath, veja:
Além do que foi dito, muitos elementos costumam ser atribuídos ás séfiras como cores e astros e aos 22 caminhos se costuma atribuir uma letra hebraica a cada um e uma carta do tarô. A árvore da vida possui muitas aplicações e os cabalistas usam os conceitos desse diagrama em inúmeras técnicas práticas. A princípio pode parecer que esse diagrama foi concebido para ser um tipo de "escada" de desenvolvimento partindo da séfira mais baixa chamada Malkut (significa "reino" e representa nosso plano físico, material) até a séfira mais alta chamada Keter (significa "coroa") porém, não deve ser interpretada apenas de maneira linear, pois, todos os aspéctos que as séfiras representam são trabalhados pelo cabalista.
Concluíndo, aos que se interessaram pelo assunto recomendo que pesquisem por conta própria nas obras citadas ou procurem grupos esotéricos onde a cabala é ensinada. Certas técnicas da cabala são realmente muito secretas, Arieh Kaplan em seus livros faz referência a vários grupos secretos compostos por cabalistas que não são conhecidos do grande público e que não divulgam seus conhecimentos. Ele também fala de livros e manuscritos com conteúdo cabalístico que são de propriedade de poucos mantidos em bibliotecas particulares e totalmente desconhecidos da maioria dos cabalistas comuns. Certas técnicas são realmente muito perigosas como a fabricação do golem ou a merkabah (o objetivo da "merkabah" é a ascenção aos planos espirituais superiores) isso justifica o sigilo mantido por muitos adeptos. No futuro talvez eu publique meu livro no qual faço um estudo mais aprofundado sobre cabala em geral, pois, essa matéria é uma das bases do esoterismo aqui do ocidente.
sexta-feira, 6 de abril de 2018
O MISTICISMO DO TIBET
Olá a todos! Nesse post vou falar sobre o misticismo que envolve o país Tibet (ou "Tibete" mas vou preferir "Tibet").
Para os hippies, pessoal do movimento chamado de "contracultura" dos anos 60, semelhante ao movimento chamado de "Nova Era" (termo que pra mim é associado a conceitos bastante controversos) a "Meca", a central do esoterismo da terra era considerada a Índia, talvez em parte pela influência da banda Beatles que em determinada época teve uma obsessão, uma mania pelas coisas da Índia. Porém, fazendo uma pesquisa mais aprofundada e observando referências em diversas partes o que se percebe é que na verdade o centro do esoterismo mundial fica no Tibet.
Esse é um país com características tão incomuns que pode realmente ser chamado de "outro mundo". As grandes altitudes e temperaturas baixas favorecem a conservação de carne de animais mesmo fora da geladeira, apesar que boa parte da população seja vegetariana. A maioria do terreno é rochoso, por isso os corpos dos falecidos são exposto aos abutres para serem devorados pois é pouco prático escavar o terreno para enterrar os cadáveres. Como há poucas árvores de grande porte, o combustível para fazer fogueiras para se aquecer e alimentar os fogões vem do esterco seco dos iaques os búfalos típicos do Tibet animais adaptados ao clima hostil da região. A alimentação básica dos tibetanos consiste em "tsampa" uma massa de cevada com manteiga de leite de iaque e a bebida típica é um chá temperado com manteiga de leite de iaque. No geral é um país rural com pouco conforto material e regalias tecnológicas.
Vamos começar desmitificando o conceito que a maioria dos ocidentais tem sobre os "lamas" do Tibet os monges budistas típicos da região. Muitos ocidentais pensam que o líder desse grupo de monges budistas o chamado Dalai Lama (o atual Dalai Lama é Tenzin Gyatso nascido em 1935) é o equivalente a "Papa" do budismo mundial. Isso não é correto, não existe um "papa" do budismo, nem um budismo mundial, unificado. O que existe são diversas seitas budistas, cada uma tem sua interpretação particular sobre o budismo. O lamaísmo é a vertente budista dominante no Tibet e os chamados lamas são os monges superiores hierarquicamente desse grupo. Esse é o atual Dalai Lama, Tenzin Gyatso:
Além de ser a autoridade máxima desse grupo em particular do budismo, o Dalai Lama também possui notável influência política no Tibet. Desde a invasão dos comunistas chineses no Tibet, o Dalai Lama vive em outros lugares, por isso considera-se que ele é o Dalai Lama "no exílio".
No volume VI do livro "A Doutrina Secreta" de Helena Blavatsky(1831-1891) afirma-se que quem criou o lamaísmo foi Nabang-lob-Sang um sujeito que pertencia a um grupo mais misterioso chamado Tda-shu-Lama ou Teshu-Lamas. Esse grupo é composto por indivíduos realmente muito avançados nas habilidades ocultas e conhecimentos ocultistas em geral e eles podem ser considerados os superiores dos Lamas, são quem dirige eles. Assim sendo, os Lamas do Tibet são os representantes externos dos Teshu-Lamas e o Dalai Lama é o líder desse grupo externo, e não o líder que representa todos os budistas do mundo.
A russa Helena Petrovna Blavastsky fundadora da Sociedade Teosófica, grupo que existe até hoje, foi duramente criticada e difamada por suas afirmações "místicas" tanto enquanto vivia quanto nos dias atuais. É tarefa inglória, quase impossível rastrear o passado dela e tentar confirmar os detalhes das aventuras vividas nos lugares por onde passou e os fenômenos insólitos tanto os que ela presenciou quanto os que ela manifestou por si mesma. Existem muitas biografias espalhafatosas e outras claramente difamatórias retratando-a como uma charlatã espalhadas por aí, mas, eu considero o livro "Madame Blavatsky-A Mãe da Espiritualidade Moderna" do autor Gary Lachman lançado aqui pela editora Pensamento a biografia mais bem feita dela. Nessa biografia, é dito que Blavatsky conseguiu chegar no Tibet apenas em sua terceira tentativa saindo dos Bálcãs em 1867 sob orientação de seus "mestres secretos". Foi uma longa e penosa viagem e ela foi conduzida a casa do amigo de seu mestre Morya chamado Koot Homi. Koot Hoomi dava aulas para adeptos selecionados dos Gelugpa a seita de "barrete amarelo" do budismo tibetano. Tal seita teria sido fundada por Tsong Kha-pa(1357-1419) um grande reformador do budismo da região que percebeu que o budismo da região tinha se degenerado devido a influência de tribos xamãs locais cujas práticas seriam o que nós chamaríamos de "magia negra". Assim, Tsong Kha-pa queimou livros de "magia negra" proibiu a nigromancia e estabeleceu a seita Gelugpa do budismo. Outra seita influente do budismo da região é a chamada Bön. O budismo Bön possui características do budismo tradicional misturadas a práticas e crenças das tribos xamãs locais. Blavatsky ficou alguns anos lá aprendendo com Koot Hoomi especialmente habilidades psíquicas, telepatia, viagem astral, materialização de objetos etc. O próprio biógrafo Gary Lachman não confirma essas afirmações e sugere que na verdade ela poderia ter passado algum tempo não no Tibet, mas, no norte da Índia ou no Nepal. Foto de Blavatsky:
Ocasionalmente alguns confundem os adeptos do budismo Bön com os Dag-dugpas. Mas as práticas dos Dag-dugpas estão muito mais alinhadas com os costumes da antiga religião xamã dos povos daquela região e são o que poderia ser chamados de uma versão de "magos negros" do budismo, inclusive o tantrismo que eles praticam é um tipo de "tantrismo negro" e é dito que em certas cerimônias eles comem carne humana em seus ritos. Foto antiga de autoria da exploradora Alexandra David Nell de um sacerdote Bön com uma flauta feita de osso fêmur humano:
Sugere-se que sacerdotes Dag-dugpas influenciaram negativamente Mao Tse Tung. Outra sugestão da influência desse grupo na história é sobre o nazismo. Pesquisadores do esoterismo nazi afirmam que durante a segunda guerra mundial um monge tibetano referido como "o homem de luvas verdes" foi conselheiro de Hitler, deu orientações de "magia negra" a ele e seria membro dos Dag-dugpas.
Na ficção não é raro encontrar referências ao mundo mágico de monges budistas do Tibet possuidores de grandes habilidades sobrenaturais. Vemos isso no filme "O Rapto do Menino Dourado" estrelado por Eddie Murphy (muita gente deve ter assistido na "Sessão da Tarde") e a pouco tempo no filme "Doutor Estranho" (que eu não assisti) baseado no personagem da Marvel Comics. Lembro do Doutor Estranho ou Dr. Strange em alguns episódios da série animada do Homem Aranha muito boa dos anos 90. O núcleo do Dr Strange com o qual o Homem Aranha acaba se envolvendo é repleto de "habilidades místicas" e monges com super habilidades sendo os principais antagonistas do Dr Strange o barão Mordo um adepto da vertente negativa do misticismo e a entidade Dormammu que usa Mordo para tentar sair da dimensão onde se encontra para entrar na nossa dimensão trazendo o caos. Cena do filme Doutor Estranho em que Stephen Strange é induzido a uma experiência de "viagem astral" por um monge e vê seu próprio corpo adormecido:
O universo místico do Tibet tornou-se familiar a muitos aqui no ocidente em grande parte graças aos livros de Lobsang Rampa. Embora tenha se mostrado ao público no corpo de um inglês Cyril Hoskins que nunca visitou o Tibet, ele afirmava que a consciência de Lobsang Rampa um lama tibetano havia tomado posse daquele corpo e é com essa consciência que ele publicou 20 livros narrando sua vida no Tibet. Não posso recriminar aos leitores por se reservarem o direito de duvidar e até negar essa afirmação que mais parece uma história de ficção bem mirabolante mesmo, mas, pelo que eu li de alguns livros de Lobsang Rampa o ambiente que ele descreve, todos os detalhes dos costumes do Tibet e narrativas das habilidades especiais tanto as que os lamas tinham quanto as que ele desenvolveu são impressionantes. Tanto que o leitor chega a enjoar de tanta tsampa e manteiga de iaque! A história narrada por Lobsang Rampa conta que ele nasceu no Tibet de uma família nobre, mas, é costume no Tibet tratar os bem nascidos com muita rigidez e os de nascimento humilde com brandura. Aos sete anos ele foi enviado para se tornar monge lama, destino que já havia sido previsto pelos astrólogos. A iniciação para ser aceito no monastério é duríssima ele teve que permanecer sentado em "posição de lótus" (de pernas cruzadas) por 24 horas e completamente imóvel tendo que suportar agressões externas, fome e sede. Ao ser aceito passou por outras duras provações. Ele foi escolhido pelos lamas para aprender o máximo possível das tradições deles para depois transmiti-las a nós ocidentais pois eles já haviam previsto a invasão dos comunistas chineses e o exílio do Dalai Lama que na época era o anterior ao atual. Para os lamas e os tibetanos em geral, reencarnação era uma verdade aceita não uma hipótese e todas as habilidades místicas que nós ocidentais consideramos fantásticas para eles são coisa corriqueira. No monastério, Lobsang Rampa e outros monges jovens aprendiam matérias curriculares comuns nas escolas aqui do ocidente inclusive a história do cristianismo (até mesmo detalhes pouco conhecidos aqui no ocidente sobre as viagens de Jesus pela Ásia) e também ciências avançadas como matemática e física. Certos conhecimentos eram "implantados" na mente de Rampa em processos hipnóticos para acelerar seu aprendizado. Após se tornar lama assistente de um lama médico, Rampa foi enviado a uma universidade para aprender a medicina tradicional e como previsto foi perseguido pelos comunistas e submetido a torturas pelos japoneses, até que os lamas entraram em contato com o inglês Cyril Hoskins que já estava deprimido e sem sentido de vida e por isso aceitou receber a consciência de Lobsang Rampa, por isso o processo não foi forçado, foi pedido a ele se ele concederia seu corpo para outra consciência e ele concedeu. Foto de Lobsang Rampa com o corpo de Cyril Hoskins:
O primeiro livro publicado de Lobsang Rampa foi "A Terceira Visão" lançado em 1956 foi um grande sucesso e influenciou muitos esoteristas no mundo todo. Aqui no Brasil os livros de Rampa marcaram toda uma geração de interessados no esoterismo entre os anos 70 e 80. Eu admito que tive acesso a alguns livros dele apenas a pouco tempo, não fiz parte daquela geração. Esse livro especificamente "A Terceira Visão" costuma ter uma capa com a imagem de Rampa com um olho na testa. É referência a narrativa de uma operação a qual os lamas submeteram ele naquela vida para abrir seu "terceiro olho" na testa possibilitando a ele enxergar a aura, o campo energético que envolve o corpo das pessoas, e outras coisas dos planos sutis. É possível identificar a influência dessa narrativa até mesmo no anime Yu-Yu-Hakushô no qual um personagem é um "cirurgião" do meikai (o mundo espiritual) chamado Shigure e ele realiza uma operação para implantar o Jagan, o "olho demoníaco" na testa do personagem Hiei. Esse é o cirurgião do meikai Shigure do anime:
Esse é o personagem Hiei com o Jagan aberto na testa, o "olho demoníaco":
Acredito que o que resta mencionar sobre o misticismo tibetano para encerrar esse post é que em várias partes do livro "A Doutrina Secreta" de Blavatsky ela menciona que muitas das diversas seitas budistas atuais se focaram apenas em aspectos superficiais do budismo sendo que certos livros realmente secretos e que abordam muito esoterismo são ocultados pelas seitas budistas mais esclarecidas especialmente no Tibet, assim eles evitam que esse conhecimento caia nas mãos de ocidentais como os missionários cristãos que não mereceriam ter acesso a eles. De um modo geral os tibetanos consideram os ocidentais como "bárbaros" espiritualmente pouco desenvolvidos. Outra menção que vale a pena fazer sobre o Tibet é sobre as supostas cidades subterrâneas de Agharta e Shaballa que para as quais haveriam entradas no Tibet sendo Agharta a cidade cujos líderes procuram influenciar positivamente nossa sociedade da superfície e Shamballa a cidade cujos líderes buscam influenciar negativamente nosso mundo ou dominá-lo, mas, não vou me estender sobre isso, fica mais na área dos conspirólogos que gostam de explorar esse tema. Assim, concluímos que tudo aponta que o Tibet é o principal centro do esoterismo de nosso mundo.
Olá a todos! Nesse post vou falar sobre o misticismo que envolve o país Tibet (ou "Tibete" mas vou preferir "Tibet").
Para os hippies, pessoal do movimento chamado de "contracultura" dos anos 60, semelhante ao movimento chamado de "Nova Era" (termo que pra mim é associado a conceitos bastante controversos) a "Meca", a central do esoterismo da terra era considerada a Índia, talvez em parte pela influência da banda Beatles que em determinada época teve uma obsessão, uma mania pelas coisas da Índia. Porém, fazendo uma pesquisa mais aprofundada e observando referências em diversas partes o que se percebe é que na verdade o centro do esoterismo mundial fica no Tibet.
Esse é um país com características tão incomuns que pode realmente ser chamado de "outro mundo". As grandes altitudes e temperaturas baixas favorecem a conservação de carne de animais mesmo fora da geladeira, apesar que boa parte da população seja vegetariana. A maioria do terreno é rochoso, por isso os corpos dos falecidos são exposto aos abutres para serem devorados pois é pouco prático escavar o terreno para enterrar os cadáveres. Como há poucas árvores de grande porte, o combustível para fazer fogueiras para se aquecer e alimentar os fogões vem do esterco seco dos iaques os búfalos típicos do Tibet animais adaptados ao clima hostil da região. A alimentação básica dos tibetanos consiste em "tsampa" uma massa de cevada com manteiga de leite de iaque e a bebida típica é um chá temperado com manteiga de leite de iaque. No geral é um país rural com pouco conforto material e regalias tecnológicas.
Vamos começar desmitificando o conceito que a maioria dos ocidentais tem sobre os "lamas" do Tibet os monges budistas típicos da região. Muitos ocidentais pensam que o líder desse grupo de monges budistas o chamado Dalai Lama (o atual Dalai Lama é Tenzin Gyatso nascido em 1935) é o equivalente a "Papa" do budismo mundial. Isso não é correto, não existe um "papa" do budismo, nem um budismo mundial, unificado. O que existe são diversas seitas budistas, cada uma tem sua interpretação particular sobre o budismo. O lamaísmo é a vertente budista dominante no Tibet e os chamados lamas são os monges superiores hierarquicamente desse grupo. Esse é o atual Dalai Lama, Tenzin Gyatso:
Além de ser a autoridade máxima desse grupo em particular do budismo, o Dalai Lama também possui notável influência política no Tibet. Desde a invasão dos comunistas chineses no Tibet, o Dalai Lama vive em outros lugares, por isso considera-se que ele é o Dalai Lama "no exílio".
No volume VI do livro "A Doutrina Secreta" de Helena Blavatsky(1831-1891) afirma-se que quem criou o lamaísmo foi Nabang-lob-Sang um sujeito que pertencia a um grupo mais misterioso chamado Tda-shu-Lama ou Teshu-Lamas. Esse grupo é composto por indivíduos realmente muito avançados nas habilidades ocultas e conhecimentos ocultistas em geral e eles podem ser considerados os superiores dos Lamas, são quem dirige eles. Assim sendo, os Lamas do Tibet são os representantes externos dos Teshu-Lamas e o Dalai Lama é o líder desse grupo externo, e não o líder que representa todos os budistas do mundo.
A russa Helena Petrovna Blavastsky fundadora da Sociedade Teosófica, grupo que existe até hoje, foi duramente criticada e difamada por suas afirmações "místicas" tanto enquanto vivia quanto nos dias atuais. É tarefa inglória, quase impossível rastrear o passado dela e tentar confirmar os detalhes das aventuras vividas nos lugares por onde passou e os fenômenos insólitos tanto os que ela presenciou quanto os que ela manifestou por si mesma. Existem muitas biografias espalhafatosas e outras claramente difamatórias retratando-a como uma charlatã espalhadas por aí, mas, eu considero o livro "Madame Blavatsky-A Mãe da Espiritualidade Moderna" do autor Gary Lachman lançado aqui pela editora Pensamento a biografia mais bem feita dela. Nessa biografia, é dito que Blavatsky conseguiu chegar no Tibet apenas em sua terceira tentativa saindo dos Bálcãs em 1867 sob orientação de seus "mestres secretos". Foi uma longa e penosa viagem e ela foi conduzida a casa do amigo de seu mestre Morya chamado Koot Homi. Koot Hoomi dava aulas para adeptos selecionados dos Gelugpa a seita de "barrete amarelo" do budismo tibetano. Tal seita teria sido fundada por Tsong Kha-pa(1357-1419) um grande reformador do budismo da região que percebeu que o budismo da região tinha se degenerado devido a influência de tribos xamãs locais cujas práticas seriam o que nós chamaríamos de "magia negra". Assim, Tsong Kha-pa queimou livros de "magia negra" proibiu a nigromancia e estabeleceu a seita Gelugpa do budismo. Outra seita influente do budismo da região é a chamada Bön. O budismo Bön possui características do budismo tradicional misturadas a práticas e crenças das tribos xamãs locais. Blavatsky ficou alguns anos lá aprendendo com Koot Hoomi especialmente habilidades psíquicas, telepatia, viagem astral, materialização de objetos etc. O próprio biógrafo Gary Lachman não confirma essas afirmações e sugere que na verdade ela poderia ter passado algum tempo não no Tibet, mas, no norte da Índia ou no Nepal. Foto de Blavatsky:
Ocasionalmente alguns confundem os adeptos do budismo Bön com os Dag-dugpas. Mas as práticas dos Dag-dugpas estão muito mais alinhadas com os costumes da antiga religião xamã dos povos daquela região e são o que poderia ser chamados de uma versão de "magos negros" do budismo, inclusive o tantrismo que eles praticam é um tipo de "tantrismo negro" e é dito que em certas cerimônias eles comem carne humana em seus ritos. Foto antiga de autoria da exploradora Alexandra David Nell de um sacerdote Bön com uma flauta feita de osso fêmur humano:
Sugere-se que sacerdotes Dag-dugpas influenciaram negativamente Mao Tse Tung. Outra sugestão da influência desse grupo na história é sobre o nazismo. Pesquisadores do esoterismo nazi afirmam que durante a segunda guerra mundial um monge tibetano referido como "o homem de luvas verdes" foi conselheiro de Hitler, deu orientações de "magia negra" a ele e seria membro dos Dag-dugpas.
Na ficção não é raro encontrar referências ao mundo mágico de monges budistas do Tibet possuidores de grandes habilidades sobrenaturais. Vemos isso no filme "O Rapto do Menino Dourado" estrelado por Eddie Murphy (muita gente deve ter assistido na "Sessão da Tarde") e a pouco tempo no filme "Doutor Estranho" (que eu não assisti) baseado no personagem da Marvel Comics. Lembro do Doutor Estranho ou Dr. Strange em alguns episódios da série animada do Homem Aranha muito boa dos anos 90. O núcleo do Dr Strange com o qual o Homem Aranha acaba se envolvendo é repleto de "habilidades místicas" e monges com super habilidades sendo os principais antagonistas do Dr Strange o barão Mordo um adepto da vertente negativa do misticismo e a entidade Dormammu que usa Mordo para tentar sair da dimensão onde se encontra para entrar na nossa dimensão trazendo o caos. Cena do filme Doutor Estranho em que Stephen Strange é induzido a uma experiência de "viagem astral" por um monge e vê seu próprio corpo adormecido:
O universo místico do Tibet tornou-se familiar a muitos aqui no ocidente em grande parte graças aos livros de Lobsang Rampa. Embora tenha se mostrado ao público no corpo de um inglês Cyril Hoskins que nunca visitou o Tibet, ele afirmava que a consciência de Lobsang Rampa um lama tibetano havia tomado posse daquele corpo e é com essa consciência que ele publicou 20 livros narrando sua vida no Tibet. Não posso recriminar aos leitores por se reservarem o direito de duvidar e até negar essa afirmação que mais parece uma história de ficção bem mirabolante mesmo, mas, pelo que eu li de alguns livros de Lobsang Rampa o ambiente que ele descreve, todos os detalhes dos costumes do Tibet e narrativas das habilidades especiais tanto as que os lamas tinham quanto as que ele desenvolveu são impressionantes. Tanto que o leitor chega a enjoar de tanta tsampa e manteiga de iaque! A história narrada por Lobsang Rampa conta que ele nasceu no Tibet de uma família nobre, mas, é costume no Tibet tratar os bem nascidos com muita rigidez e os de nascimento humilde com brandura. Aos sete anos ele foi enviado para se tornar monge lama, destino que já havia sido previsto pelos astrólogos. A iniciação para ser aceito no monastério é duríssima ele teve que permanecer sentado em "posição de lótus" (de pernas cruzadas) por 24 horas e completamente imóvel tendo que suportar agressões externas, fome e sede. Ao ser aceito passou por outras duras provações. Ele foi escolhido pelos lamas para aprender o máximo possível das tradições deles para depois transmiti-las a nós ocidentais pois eles já haviam previsto a invasão dos comunistas chineses e o exílio do Dalai Lama que na época era o anterior ao atual. Para os lamas e os tibetanos em geral, reencarnação era uma verdade aceita não uma hipótese e todas as habilidades místicas que nós ocidentais consideramos fantásticas para eles são coisa corriqueira. No monastério, Lobsang Rampa e outros monges jovens aprendiam matérias curriculares comuns nas escolas aqui do ocidente inclusive a história do cristianismo (até mesmo detalhes pouco conhecidos aqui no ocidente sobre as viagens de Jesus pela Ásia) e também ciências avançadas como matemática e física. Certos conhecimentos eram "implantados" na mente de Rampa em processos hipnóticos para acelerar seu aprendizado. Após se tornar lama assistente de um lama médico, Rampa foi enviado a uma universidade para aprender a medicina tradicional e como previsto foi perseguido pelos comunistas e submetido a torturas pelos japoneses, até que os lamas entraram em contato com o inglês Cyril Hoskins que já estava deprimido e sem sentido de vida e por isso aceitou receber a consciência de Lobsang Rampa, por isso o processo não foi forçado, foi pedido a ele se ele concederia seu corpo para outra consciência e ele concedeu. Foto de Lobsang Rampa com o corpo de Cyril Hoskins:
O primeiro livro publicado de Lobsang Rampa foi "A Terceira Visão" lançado em 1956 foi um grande sucesso e influenciou muitos esoteristas no mundo todo. Aqui no Brasil os livros de Rampa marcaram toda uma geração de interessados no esoterismo entre os anos 70 e 80. Eu admito que tive acesso a alguns livros dele apenas a pouco tempo, não fiz parte daquela geração. Esse livro especificamente "A Terceira Visão" costuma ter uma capa com a imagem de Rampa com um olho na testa. É referência a narrativa de uma operação a qual os lamas submeteram ele naquela vida para abrir seu "terceiro olho" na testa possibilitando a ele enxergar a aura, o campo energético que envolve o corpo das pessoas, e outras coisas dos planos sutis. É possível identificar a influência dessa narrativa até mesmo no anime Yu-Yu-Hakushô no qual um personagem é um "cirurgião" do meikai (o mundo espiritual) chamado Shigure e ele realiza uma operação para implantar o Jagan, o "olho demoníaco" na testa do personagem Hiei. Esse é o cirurgião do meikai Shigure do anime:
Esse é o personagem Hiei com o Jagan aberto na testa, o "olho demoníaco":
Acredito que o que resta mencionar sobre o misticismo tibetano para encerrar esse post é que em várias partes do livro "A Doutrina Secreta" de Blavatsky ela menciona que muitas das diversas seitas budistas atuais se focaram apenas em aspectos superficiais do budismo sendo que certos livros realmente secretos e que abordam muito esoterismo são ocultados pelas seitas budistas mais esclarecidas especialmente no Tibet, assim eles evitam que esse conhecimento caia nas mãos de ocidentais como os missionários cristãos que não mereceriam ter acesso a eles. De um modo geral os tibetanos consideram os ocidentais como "bárbaros" espiritualmente pouco desenvolvidos. Outra menção que vale a pena fazer sobre o Tibet é sobre as supostas cidades subterrâneas de Agharta e Shaballa que para as quais haveriam entradas no Tibet sendo Agharta a cidade cujos líderes procuram influenciar positivamente nossa sociedade da superfície e Shamballa a cidade cujos líderes buscam influenciar negativamente nosso mundo ou dominá-lo, mas, não vou me estender sobre isso, fica mais na área dos conspirólogos que gostam de explorar esse tema. Assim, concluímos que tudo aponta que o Tibet é o principal centro do esoterismo de nosso mundo.
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