sexta-feira, 6 de abril de 2018

O  MISTICISMO  DO  TIBET

   Olá a todos! Nesse post vou falar sobre o misticismo que envolve o país Tibet (ou "Tibete" mas vou preferir "Tibet").
   Para os hippies, pessoal do movimento chamado de "contracultura" dos anos 60, semelhante ao movimento chamado de "Nova Era" (termo que pra mim é associado a conceitos bastante controversos) a "Meca", a central do esoterismo da terra era considerada a Índia, talvez em parte pela influência da banda Beatles que em determinada época teve uma obsessão, uma mania pelas coisas da Índia. Porém, fazendo uma pesquisa mais aprofundada e observando referências em diversas partes o que se percebe é que na verdade o centro do esoterismo mundial fica no Tibet.
   Esse é um país com características tão incomuns que pode realmente ser chamado de "outro mundo". As grandes altitudes e temperaturas baixas favorecem a conservação de carne de animais mesmo fora da geladeira, apesar que boa parte da população seja vegetariana. A maioria do terreno é rochoso, por isso os corpos dos falecidos são exposto aos abutres para serem devorados pois é pouco prático escavar o terreno para enterrar os cadáveres. Como há poucas árvores de grande porte, o combustível para fazer fogueiras para se aquecer e alimentar os fogões vem do esterco seco dos iaques os búfalos típicos do Tibet animais adaptados ao clima hostil da região. A alimentação básica dos tibetanos consiste em "tsampa" uma massa de cevada com manteiga de leite de iaque e a bebida típica é um chá temperado com manteiga de leite de iaque. No geral é um país rural com pouco conforto material e regalias tecnológicas. 
   Vamos começar desmitificando o conceito que a maioria dos ocidentais tem sobre os "lamas" do Tibet os monges budistas típicos da região. Muitos ocidentais pensam que o líder desse grupo de monges budistas o chamado Dalai Lama (o atual Dalai Lama é Tenzin Gyatso nascido em 1935) é o equivalente a "Papa" do budismo mundial. Isso não é correto, não existe um "papa" do budismo, nem um budismo mundial, unificado. O que existe são diversas seitas budistas, cada uma tem sua interpretação particular sobre o budismo. O lamaísmo é a vertente budista dominante no Tibet e os chamados lamas são os monges superiores hierarquicamente desse grupo. Esse é o atual Dalai Lama, Tenzin Gyatso:    
   Além de ser a autoridade máxima desse grupo em particular do budismo, o Dalai Lama também possui notável influência política no Tibet. Desde a invasão dos comunistas chineses no Tibet, o Dalai Lama vive em outros lugares, por isso considera-se que ele é o Dalai Lama "no exílio". 
   No volume VI do livro "A Doutrina Secreta" de Helena Blavatsky(1831-1891) afirma-se que quem criou o lamaísmo foi Nabang-lob-Sang um sujeito que pertencia a um grupo mais misterioso chamado Tda-shu-Lama ou Teshu-Lamas. Esse grupo é composto por indivíduos realmente muito avançados nas habilidades ocultas e conhecimentos ocultistas em geral e eles podem ser considerados os superiores dos Lamas, são quem dirige eles. Assim sendo, os Lamas do Tibet são os representantes externos dos Teshu-Lamas e o Dalai Lama é o líder desse grupo externo, e não o líder que representa todos os budistas do mundo. 
   A russa Helena Petrovna Blavastsky fundadora da Sociedade Teosófica, grupo que existe até hoje, foi duramente criticada e difamada por suas afirmações "místicas" tanto enquanto vivia quanto nos dias atuais. É tarefa inglória, quase impossível rastrear o passado dela e tentar confirmar os detalhes das aventuras vividas nos lugares por onde passou e os fenômenos insólitos tanto os que ela presenciou quanto os que ela manifestou por si mesma. Existem muitas biografias espalhafatosas e outras claramente difamatórias retratando-a como uma charlatã espalhadas por aí, mas, eu considero o livro "Madame Blavatsky-A Mãe da Espiritualidade Moderna" do autor Gary Lachman lançado aqui pela editora Pensamento a biografia mais bem feita dela. Nessa biografia, é dito que Blavatsky conseguiu chegar no Tibet apenas em sua terceira tentativa saindo dos Bálcãs em 1867 sob orientação de seus "mestres secretos". Foi uma longa e penosa viagem e ela foi conduzida a casa do amigo de seu mestre Morya chamado Koot Homi. Koot Hoomi dava aulas para adeptos selecionados dos Gelugpa a seita de "barrete amarelo" do budismo tibetano. Tal seita teria sido fundada por Tsong Kha-pa(1357-1419) um grande reformador do budismo da região que percebeu que o budismo da região tinha se degenerado devido a influência de tribos xamãs locais cujas práticas seriam o que nós chamaríamos de "magia negra". Assim, Tsong Kha-pa queimou livros de "magia negra" proibiu a nigromancia e estabeleceu a seita Gelugpa do budismo. Outra seita influente do budismo da região é a chamada Bön. O budismo Bön possui características do budismo tradicional misturadas a práticas e crenças das tribos xamãs locais. Blavatsky ficou alguns anos lá aprendendo com Koot Hoomi especialmente habilidades psíquicas, telepatia, viagem astral, materialização de objetos etc. O próprio biógrafo Gary Lachman não confirma essas afirmações e sugere que na verdade ela poderia ter passado algum tempo não no Tibet, mas, no norte da Índia ou no Nepal. Foto de Blavatsky:
   Ocasionalmente alguns confundem os adeptos do budismo Bön com os Dag-dugpas. Mas as práticas dos Dag-dugpas estão muito mais alinhadas com os costumes da antiga religião xamã dos povos daquela região e são o que poderia ser chamados de uma versão de "magos negros" do budismo, inclusive o tantrismo que eles praticam é um tipo de "tantrismo negro" e é dito que em certas cerimônias eles comem carne humana em seus ritos. Foto antiga de autoria da exploradora Alexandra David Nell de um sacerdote Bön com uma flauta feita de osso fêmur humano:
   Sugere-se que sacerdotes Dag-dugpas influenciaram negativamente Mao Tse Tung. Outra sugestão da influência desse grupo na história é sobre o nazismo. Pesquisadores do esoterismo nazi afirmam que durante a segunda guerra mundial um monge tibetano referido como "o homem de luvas verdes" foi conselheiro de Hitler, deu orientações de "magia negra" a ele e seria membro dos Dag-dugpas. 
   Na ficção não é raro encontrar referências ao mundo mágico de monges budistas do Tibet possuidores de grandes habilidades sobrenaturais. Vemos isso no filme "O Rapto do Menino Dourado" estrelado por Eddie Murphy (muita gente deve ter assistido na "Sessão da Tarde") e a pouco tempo no filme "Doutor Estranho" (que eu não assisti) baseado no personagem da Marvel Comics. Lembro do Doutor Estranho ou Dr. Strange em alguns episódios da série animada do Homem Aranha muito boa dos anos 90. O núcleo do Dr Strange com o qual o Homem Aranha acaba se envolvendo é repleto de "habilidades místicas" e monges com super habilidades sendo os principais antagonistas do Dr Strange o barão Mordo um adepto da vertente negativa do misticismo e a entidade Dormammu que usa Mordo para tentar sair da dimensão onde se encontra para entrar na nossa dimensão trazendo o caos. Cena do filme Doutor Estranho em que Stephen Strange é induzido a uma experiência de "viagem astral" por um monge e vê seu próprio corpo adormecido:
   O universo místico do Tibet tornou-se familiar a muitos aqui no ocidente em grande parte graças aos livros de Lobsang Rampa. Embora tenha se mostrado ao público no corpo de um inglês Cyril Hoskins que nunca visitou o Tibet, ele afirmava que a consciência de Lobsang Rampa um lama tibetano havia tomado posse daquele corpo e é com essa consciência que ele publicou 20 livros narrando sua vida no Tibet. Não posso recriminar aos leitores por se reservarem o direito de duvidar e até negar essa afirmação que mais parece uma história de ficção bem mirabolante mesmo, mas, pelo que eu li de alguns livros de Lobsang Rampa o ambiente que ele descreve, todos os detalhes dos costumes do Tibet e narrativas das habilidades especiais tanto as que os lamas tinham quanto as que ele desenvolveu são impressionantes. Tanto que o leitor chega a enjoar de tanta tsampa e manteiga de iaque! A história narrada por Lobsang Rampa conta que ele nasceu no Tibet de uma família nobre, mas, é costume no Tibet tratar os bem nascidos com muita rigidez e os de nascimento humilde com brandura. Aos sete anos ele foi enviado para se tornar monge lama, destino que já havia sido previsto pelos astrólogos. A iniciação para ser aceito no monastério é duríssima ele teve que permanecer sentado em "posição de lótus" (de pernas cruzadas) por 24 horas e completamente imóvel tendo que suportar agressões externas, fome e sede. Ao ser aceito passou por outras duras provações. Ele foi escolhido pelos lamas para aprender o máximo possível das tradições deles para depois transmiti-las a nós ocidentais pois eles já haviam previsto a invasão dos comunistas chineses e o exílio do Dalai Lama que na época era o anterior ao atual. Para os lamas e os tibetanos em geral, reencarnação era uma verdade aceita não uma hipótese e todas as habilidades místicas que nós ocidentais consideramos fantásticas para eles são coisa corriqueira. No monastério, Lobsang Rampa e outros monges jovens aprendiam matérias curriculares comuns nas escolas aqui do ocidente inclusive a história do cristianismo (até mesmo detalhes pouco conhecidos aqui no ocidente sobre as viagens de Jesus pela Ásia) e também ciências avançadas como matemática e física. Certos conhecimentos eram "implantados" na mente de Rampa em processos hipnóticos para acelerar seu aprendizado. Após se tornar lama assistente de um lama médico, Rampa foi enviado a uma universidade para aprender a medicina tradicional e como previsto foi perseguido pelos comunistas e submetido a torturas pelos japoneses, até que os lamas entraram em contato com o inglês Cyril Hoskins que já estava deprimido e sem sentido de vida e por isso aceitou receber a consciência de Lobsang Rampa, por isso o processo não foi forçado, foi pedido a ele se ele concederia seu corpo para outra consciência e ele concedeu. Foto de Lobsang Rampa com o corpo de Cyril Hoskins:
   O primeiro livro publicado de Lobsang Rampa foi "A Terceira Visão" lançado em 1956 foi um grande sucesso e influenciou muitos esoteristas no mundo todo. Aqui no Brasil os livros de Rampa marcaram toda uma geração de interessados no esoterismo entre os anos 70 e 80. Eu admito que tive acesso a alguns livros dele apenas a pouco tempo, não fiz parte daquela geração. Esse livro especificamente "A Terceira Visão" costuma ter uma capa com a imagem de Rampa com um olho na testa. É referência a narrativa de uma operação a qual os lamas submeteram ele naquela vida para abrir seu "terceiro olho" na testa possibilitando a ele enxergar a aura, o campo energético que envolve o corpo das pessoas, e outras coisas dos planos sutis. É possível identificar a influência dessa narrativa até mesmo no anime Yu-Yu-Hakushô no qual um personagem é um "cirurgião" do meikai (o mundo espiritual) chamado Shigure e ele realiza uma operação para implantar o Jagan, o "olho demoníaco" na testa do personagem Hiei. Esse é o cirurgião do meikai Shigure do anime:
   Esse é o personagem Hiei com o Jagan aberto na testa, o "olho demoníaco":
   Acredito que o que resta mencionar sobre o misticismo tibetano para encerrar esse post é que em várias partes do livro "A Doutrina Secreta" de Blavatsky ela menciona que muitas das diversas seitas budistas atuais se focaram apenas em aspectos superficiais do budismo sendo que certos livros realmente secretos e que abordam muito esoterismo são ocultados pelas seitas budistas mais esclarecidas especialmente no Tibet, assim eles evitam que esse conhecimento caia nas mãos de ocidentais como os missionários cristãos que não mereceriam ter acesso a eles. De um modo geral os tibetanos consideram os ocidentais como "bárbaros" espiritualmente pouco desenvolvidos. Outra menção que vale a pena fazer sobre o Tibet é sobre as supostas cidades subterrâneas de Agharta e Shaballa que para as quais haveriam entradas no Tibet sendo Agharta a cidade cujos líderes procuram influenciar positivamente nossa sociedade da superfície e Shamballa a cidade cujos líderes buscam influenciar negativamente nosso mundo ou dominá-lo, mas, não vou me estender sobre isso, fica mais na área dos conspirólogos que gostam de explorar esse tema. Assim, concluímos que tudo aponta que o Tibet é o principal centro do esoterismo de nosso mundo.          

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