sábado, 23 de junho de 2018

CONCEITOS  BÁSICOS  SOBRE  ANJOS

   Olá pessoal! Já faz um bom tempo que eu não postava conteúdo novo por aqui. Há muitos temas que eu ainda gostaria de abordar aqui, mas, eu estava ocupado acertado os detalhes do meu próximo livro a ser publicado, será sobre cabala e em breve eu faço a divulgação dele pelos meus perfis. 
   Nesse post vou falar sobre alguns conceitos a respeito das entidades conhecidas como anjos. Eu já havia feito um estudo sobre esse tema em um livro não publicado e que inclusive precisa de algumas atualizações. Dois pontos precisam serem enfatizados logo no princípio, primeiro: por todas as fontes e relatos pode-se afirmar que o conceito que a maioria das pessoas tem sobre anjos é leviano e infantil, não são criaturas "fofinhas" nem "robôs de Deus" desprovidos de emoção. Muito do que é propagado a respeito deles são informações distorcidas. O outro ponto a ser enfatizado é que embora na tradição oculta existam varios tratados de demonologia muito descritivos e toda uma área de estudo realmente bem desenvolvida sobre demônios (inclusive abordando entidades equivalentes de outras tradições fora da judaico/cristã, uma área pela qual tenho grande interesse), as informações bem embasadas e detalhadas sobre anjos são praticamente escassas, pouco se sabe sobre essas entidades esguias. Mas dentre o material que podemos tomar como referência estão a Bíblia, a tradição judaica, o Alcorão e algumas outras fontes e relatos. Esse é um assunto denso e vou tentar compactar o máximo por aqui.
   A angelologia cristã classifica essas entidades em nove categorias: serafins, querubins, tronos/ofanins, dominações, virtudes, potestades, principados, arcanjos e anjos. As categorias de "potestades" e "principados" são mencionadas por Paulo o apóstolo em suas cartas e pela menção que ele faz não parece estar se referindo a entidades angélicas, mas, a categorias distintas de entidades. Pessoalmente considero essa classificação simplória e de pouca utilidade para o entendimento real do assunto. Uma menção que vale registrar é sobre o "Livro de Raziel" que segundo a tradição teria sido entregue a Adão pelo anjo Raziel no paraíso pra ele poder se proteger dos ataques de seres espirituais. Existe realmente um livro intitulado "Livro de Raziel", é um grimório que surgiu na Idade Média possivelmente de autoria de rabinos, seu conteúdo é basicamente instruções para a feitura de pantáculos, imagens mágicas para diversos propósitos usando combinações de letras hebraicas. Mas não é esse o verdadeiro "Livro de Raziel" se é que existiu. Para explicar o contexto, segundo a tradição Adão e Eva no paraíso estavam em contato com os animais compreendendo a linguagem deles e também com os outros seres espirituais, anjos que os orientavam, djins e outras entidades menos bem intencionadas. Foi para se protegerem da má influência dessas entidades que tal livro teria sido entregue a Adão pois nós como seres físicos estamos em desvantagem ante seres espirituais. "Raziel" significa "segredo de Deus" pois esse anjo seria um dos que estavam mais próximos de Deus assistindo-o no trono e conhecendo muitos mistérios. O nome do anjo já revela sua função como bem sabiam os membros da seita dos Essênios que existiu um tempo antes de Cristo e pouco tempo depois se dissolveu. As outras referências antigas podem ser encontradas nas narrativas bíblicas. Abraão foi visitado por dois anjos e lhes ofereceu hospitalidade mas eles não tocaram na comida o que deixou Abraão alarmado. Foram enviados para anunciar que sua esposa Sara já idosa geraria um filho seu e também para o episódio da destruição de Sodoma e Gomorra da qual só sobreviveram Lot sobrinho de Abraão e suas filhas. O episódio do anjo Rafael enviado para guiar Tobit filho de Tobias em sua viagem é bem conhecido. Rafael (cujo nome significa "Deus cura") na tradição ocultista é considerado o regente do elemento ar, conhecedor das artes sutis, um protótipo do deus pagão Hermes. Essa narrativa muito contribuiu para a área da demonologia pois apresenta o demônio Asmodeu e suas características, se especializava na destruição de relacionamentos e sua fraqueza era a fumaça da bílis de um peixe. No Talmud livro de tradições judaicas é dito que foi através de Asmodeu que Salomão obteve poder sobre outros demônios e os usou na construção do Templo de Jerusalém. No livro "Testamento de Salomão" pseudo-epigrafado atribuído a Salomão, Asmodeu também é citado e inclusive é dito que o peixe em questão era um tipo de bagre conhecido como "peixe-gato" comum nos rios da Assíria. Pinturas representando o episódio do anjo Rafael e Tobit:



   O episódio bíblico da luta de Jacó com um anjo é um dos mais controversos. O padre exorcista espanhol José Antonio Fortea em seu livro "Exorcística" coloca esse episódio entre os enigmas da Bíblia e diz não entender porque alguém "lutaria" com um anjo, entidades essencialmente boas. Embora Fortea seja um exorcista e esteja em constante contato com o oculto, muito da sutileza do ocultismo em geral lhe escapa. Quem fizer um estudo geral sobre o perfil do patriarca Jacó notará que ele é um protótipo do "judeu ambicioso" sempre ávido de fazer grandes investimentos e obter vantagens e lucros. Já havia enganado seu irmão Esaú para obter a benção de seu pai no lugar dele. Também ludibriou seu sogro através de uma artimanha na qual induziu as ovelhas dele a ficarem prenhes e gerarem filhotes manchados que seriam seus por causa de um trato. Isso explica muito. Em uma dada ocasião certo anjo foi captado por sua visão e a imagem normal de um anjo é absolutamente igual a um homem, exceto que excede em perfeição. Ele notou logo que era talvez um "homem especial" e quis obrigá-lo a lhe dar sua benção. Tal anjo teve muito trabalho para se livrar de Jacó e até deslocou a coxa dele deixando-o manco para conseguir sair, essa é a explicação. 
   A narrativa da visão de Ezequiel também figura entre as mais controversas da Bíblia. O modo como ele descreve a "criatura" com quatro faces uma de homem, uma de águia e uma de touro, uma de leão e as "rodas" que se moviam dá margem para muitas especulações. Há pesquisadores que acreditam que na verdade a descrição dessa visão se refere a visão não de um ser espiritual, mas sim a um ser alienígena e as "rodas" girando em várias direções enquanto o ser se desloca seria referência aos "discos voadores". Já os cabalistas em geral relacionam essa visão a técnica conhecida como "merkabah" na qual o praticante ascende aos planos espirituais superiores e vê e ouve os anjos e suas conversas. Ilustrações representando a visão de Ezequiel:



   Na Carta de Judas há uma menção a uma tradição judaica que fala sobre a luta de Lúcifer contra o arcanjo Miguel disputando pelo corpo de Moisés. Nos tempos pré-cristãos os judeus costumavam considerar os anjos como os "músculos de Deus" eles eram enviados para fazer sua vontade, testemunharam várias intervenções assim nos tempos de Moisés, quando o povo desobedecia os anjos que foram chamados de "destruidores" apareciam e desencadeavam uma grande catástrofe sobre os israelitas rebeldes. Há um relato no qual o castigo desencadeado por um anjo desse tipo é tão devastador que Deus ordenou que ele parasse está no Livro I de Crônicas cap; 21 versículos 15 a 16 veja:

   "Deus enviou a Jerusalém  um anjo para destruí-la. Enquanto ele a assolava, o Senhor que olhava compadeceu-se desse mal e disse ao anjo destruidor: "-Basta! Retira agora tua mão!". Ora, o anjo do Senhor achava-se perto da eira de Ornã, o jebuseu. Davi, tendo levantado os olhos viu o anjo do Senhor que estava entre o céu e a terra, com uma espada desembainhada em sua mão, dirigida contra Jerusalém."

   Dentro do conceito do judaísmo os anjos são chamados de "malach" que significa mensageiros e eles classificam os anjos em dois tipos básicos: temporários e permanentes. Para eles os anjos não são muito diferentes daquilo que os ocultistas costumam chamar de "servidores" entidades espirituais criadas pelo adepto para cumprir determinadas funções. No judaísmo se considera que qualquer pensamento ou palavra de Deus gera um anjo. Os anjos temporários são criados para realizarem apenas uma função, depois de realizada eles se desfazem , deixam de existir. Os anjos permanentes podem realizar uma tarefa e depois continuam existindo podendo realizar várias outras. Os chamados "maguid" são como entidades criadas pelo próprio adepto, quanto mais ações boas e concientes ele realiza mais ele dá forma a um belo maguid que pode vir a se manifestar para ele e lhe dar bons conselhos e informações dos planos espirituais. Existe mesmo na cabala técnicas específicas para o adepto entrar em contato com seu maguid. No já citado "Testamento de Salomão" alguns demônios interrogados por Salomão afirmam estarem ligados a alguma estrela ou constelação já que anteriormente eram anjos e não demônios. O cabalista Arieh Kaplan em sua versão comentada do clássico da tradição cabalista "Sêfer Yetsirá" faz um comentário conciso sobre isso veja esse trecho da citada obra:

   "O mesmo é certo dos anjos com nome. Estes anjos são como almas para as estrelas e isso também significa que as estrelas e planetas são seus "corpos". Assim, cada estrela serve como foco para cada anjo particular, mantendo-o como um todo integrado, ainda que, através dela, possa realizar muitas e diferentes tarefas.
   Portanto, há uma relação um a um entre as estrelas e os anjos. Cada estrela tem seu próprio anjo particular e cada anjo sua própria estrela(...)Todo anjo com nome próprio é integrado pela estrela que lhe serve de corpo.
   Assim explica-se também por que os anjos permanentes têm nomes.(...)O Midrash indica que os diferentes nomes das estrelas correspondem aos nomes dos distintos anjos. A relação um a um fica então claramente expressa."

   Dentro da tradição cabalística da "merkabah" os anjos podem ser entidades terríveis a serem temidas. A merkabah como já mencionei em outros pontos desse mesmo blog é a mais secreta e perigosa técnica da cabala, através dessa técnica o adepto pode ter acesso aos planos espirituais superiores e informações privilegiadas. O texto base para essa técnica são os "Hechalot" que significa "palácios". Esse texto ou "textos" variados com essa temática eram conhecidos desde a época da elaboração do Talmud e antes. Nesse contexto os planos espirituais superiores são divididos em sete, são esses os "sete palácios místicos" e os que praticam essa técnica com sucesso são chamados no jargão cabalístico de "príncipes dos palácios". Madame Blavatsky no volume V de seu livro "A Doutrina Secreta" diz que o cabalista não pode ser considerado como completa sua formação nessa área sem ter praticado com sucesso a merkabah, veja um trecho desse livro dela:

   "O Rabino Simão Bar Yochai, compilador do Zohar, só oralmente ensinava os pontos mais importantes de sua doutrina, e ainda assim a um número limitado de discípulos. Por isso, sem a iniciação final na merkabah ficará sempre incompleto o estudo da cabala, e somente se pode aprender a mercabah 'nas trevas, em um lugar deserto e depois de muitas e terríveis provas'. Desde a morte daquele grande iniciado judeu, esta doutrina permanece um arcano inviolável para o mundo exterior."

   O conceito básico para a técnica da merkabah é a criação de um tipo de "corpo astral ou espiritual" pelo adepto e com esse corpo e técnicas para coagir os anjos-chave a lhe ajudar ele ascende aos "palácios místicos" e depois volta com a informação em sua memória. Mas não é tão simples assim, qualquer descuido pode levar a morte do adepto e os anjos coagidos a ajudar na assenção podem se vingar do praticante. Há semelhança entre essa técnica e a chamada "projeção astral". O mago Frabato (alcunha de Frantisek Bardon nascido em 1909 e falecido em 1958) em seu livro "Magia Prática-O Caminho do Adepto" menciona que durante experiências de projeção astral quando o praticante recebe um ataque mortal de outra entidade ele morre, e a causa da morte de acordo com os médicos que avaliam seu corpo é um ataque cardíaco. Ou seja: parece que o sujeito morreu por causa de um ataque cardíaco, mas na verdade cometeu algum erro em sua "projeção de consciência". É notório que muitos cabalistas que se arriscam nessa técnica acabam morrendo jovens (o próprio Arieh Kaplan faleceu com apenas 38 anos, oficialmente de ataque cardíaco. O motivo fica em aberto para quem quiser interpretar). Veja um trecho dos Hechalot registrado por Arieh Kaplan em seu livro "Meditação e Cabalá":

   "Os guardiães da Sexta Cãmara atacarão aquele que descende na Mercabá mas não descende na Mercabá sem permissão. Eles se aglomeram perto de tais indivíduos, ferindo-os e queimando-os, e então eles enviam outros em seu lugar, que fazem o mesmo. Eles não tem nenhum remorso, nem param para pensar e perguntar: 'Porque nós estamos queimando-os? Que diversão nós temos quando quando atacamos aqueles indivíduos que descendem a Mercabá mas não descendem, sem permissão?' Entretanto, esta é a característica dos guardiões na porta da Sexta Câmara."

   Muitas tradições relatam sobre anjos tendo filhos com mulheres humanas. Isso pode ser encontrado no "Livro de Enoch" e também no "Kebra Nagast" livro considerado sagrado na Etiópia. Alguns demônios interrogados por Salomão no "Testamento de Salomão" afirmam que são filhos de anjos com mulheres humanas. Essa carácterista, portanto, é confirmada por várias tradições. 
   Na tradição árabe existe o chamado anjo Israfil. Na tradição cristã costuma se considerar que o anjo que soprará a trombeta do "juízo final" seria o anjo Rafael, mas na tradição árabe se considera que essa tarefa caberá ao anjo Israfil. Ao longo do Alcorão se menciona o "juízo final" mas não diz o nome do anjo que soprará tal trombeta. Israfil é uma entidade conhecida do folclore árabe antes do surgimento do islã e assim pode-se considerar que ele não pertence "oficialmente" ao islã e sim as tradições pagãs dos antigos árabes na qual é descrito como sendo gigantesco. Uma ilustração representando o anjo Israfil:

   Outra entidade aparentemente de origem pagã árabe que foi alçada ao status de "anjo" embora não oficialmente pelo islã é o anjo Azrael. Na tradição árabe ele é considerado o "ceifeiro" o "anjo da morte" encarregado de buscar as almas dos que morrem. Miguel, Rafael e Gabriel são mencionados no Alcorão e devido a importãncia que têm na tradição judaica e cristã pode-se dizer que são anjos "permanentes" e de grande status. Depois da experiência marcante na caverna de Hira, Maomé teve aberta sua "terceira visão" a visão dos planos sutis, e desde aquele acontecimento passou a enxergar quase que diariamente várias entidades espirituais. Há uma narrativas nos "Hadiths" ("Hadith" significa "ditos" são coletâneas de histórias que retratam as falas e ações de Maomé e costumam serem estudas pelos adeptos junto com o Alcorão. A mais considerada são "Os Quarenta Hadiths" copilados por Abu Zacariah An-Nawawi) na qual Maomé é abordado pelo anjo Gabriel que o submete a um tipo de interrogatório como teste, veja: 

   "Omar Ibn Al Khattab narrou que um dia em que ele e outras pessoas estavam sentados em companhia do mensageiro de Deus, aproximou-se dele um homem com roupa de resplandecente brancura, e tinha cabelos intensamente pretos. Não se lhe notavam sinais de que tivesse viajado, nem tampouco o conhecia nenhum de nós. Sentou-se em frente ao profeta e apoiando os joelhos contra os joelhos do profeta e apoiando as mãos nas pernas dele disse: 'Ó Maomé, fala-me acerca do Islã!' O mensageiro de Deus respondeu: 'O islã exige que prestes testemunho de que não há outra divindade além de Deus, de que Maomé é seu mensageiro, que observes a oração, que pages o zacat (um tipo de tributo destinado a ajudar os mais pobres), que jejues no mês do ramadan e que realizes a peregrinação á Caaba se tens meios para isso.' O homem disse: 'Dissestes a verdade.' A nós surpreendeu que perguntasse e que logo confirmasse a verdade. O homem voltou a perguntar: 'Fala-me sobre a fé!' E o profeta lhe respondeu: 'Que creias em Deus, em seus anjos, em seus mensageiros e no dia do juízo. E que creias na predestinação, tanto no bom como no mau.' E o homem disse: 'Falaste a verdade! Fala-me agora sobre a virtude!' O mensageiro de Deus respondeu: 'Que adores a Deus como se tivesse vendo-o, pois se não o vês, ele te vê.' O homem disse: 'Fala-me acerca da hora do juízo final!' Disse o profeta: 'Quem está sendo interrogado disso não tem melhor conhecimento do que quem está fazendo a pergunta.' O homem insistiu: 'Fala-me então de seus sinais!' Disse o mensageiro: 'Será quando a escrava der a luz a sua própria senhora e quando vires os descamisados e desamparados competindo nas construções dos altos edifícios.' Aquele homem se foi, deixando-me pensativo por um bom tempo. O profeta me perguntou: 'Ó Omar, sabes quem era aquele que me perguntava?' Eu disse; 'Deus e o mensageiro tem melhor conhecimento!' Disse ele: 'Era o anjo Gabriel que veio ensinar-vos a vossa religião.'"

   Na tradição muçulmana se acredita que a cada pessoa que nasce Deus designa um ou mais espíritos para lhe acompanhar e influenciar. Esses espíritos familiares são chamados na tradição muçulmana de "quarin". Um é encarregado de registrar todas as ações da pessoa, veja no capítulo 82 do Alcorão versículos 10 a 12:

   "Sobre vós há guardas
   Que são nobres escribas
   E anotam tudo quanto fazeis."

   Embora muitos acreditem que o inferno seja um lugar que seja regido por Satanás ou seus demônios na verdade não existe lugar (embora o conceito de "lugar" não seja adequado de ser aplicado aos planos espirituais) onde Deus não exerça autoridade. No Alcorão é dito que 19 anjos vigiam o inferno e supervisionam os castigos aí aplicados (apesar que esse número 19 seja mais simbólico, é um "número código" próprio do Alcorão que assim como a Torá é repleto de códigos) veja o capítulo 74 do Alcorão versículos 27 a 30:

   "E quem te dirá o que é o inferno?
   É um fogo que consome sem deixar rastro nem vestígio,
   É um suplício sobre a pele.
   Dezenove guardiães velam sobre ele.
   E não designamos para administrar o fogo senão anjos."

   Em relação aos anjos Harut e Marut enviados para testar os homens na Babilônia e que acabaram seduzidos por uma mulher e castigados por Deus por isso já mencionei em outros pontos aqui desse mesmo blog, há menção a eles no Alcorão. Talvez a mais notável menção a anjos no Alcorão seja sobre aqueles que vigiam para evitar que demônios ou djinns bisbilhotem as conversas dos anjos. Da mesma forma são perseguidos os praticantes da merkabah que cometem algum erro. No Alcorão esses anjos vigilantes são chamados de "meteoros" veja um trecho do capítulo 15 versículos 16 a 18:

   "E colocamos constelações no céu e embelezamo-lo para os contempladores.
   E protegemo-lo contra todo demônio maldito.
   E os que escutam ás escondidas são perseguidos por meteoros flamejantes."

   Vários outros pontos do Alcorão mencionam a mesma coisa. 
   Voltando ao controverso ocultista inglês John Dee já citado nesse blog em outro post, ele tencionava entrar em contato com anjos mas acabou entrando em contato com várias entidades algumas nem um pouco amistosas. Visto mais munuciosamente o "sistema" que as entidades lhe entregaram percebemos que tinha muito de técnicas de permutação de nomes codificados junto com números com os quais Dee já estava familiarizado devido aos diversos grimórios que ele tinha em sua vasta coleção como o "Livro de Soyga" ou "Aldaraia". As entidades até mesmo lhe orientaram para fazer um tipo de "projeção astral" com o propósito de acessar os planos espirituais em que habitavam. Dessas várias entidades as que mais chamam a atenção certamente são os chamados "Vigilantes" regentes dos quatro pontos cardeais, esses são os de presença muito forte e certamente não podem ser equiparados aos anjos "fofinhos" vulgarizados no imaginário popular. 
   Para encerrar, eu não poderia deixar de mencionar um homem que segundo se consta foi a pessoa que mais teve experiências com anjos registradas o sueco Emanuel Swedenborg(1688-1772). Ele foi um verdadeiro polímata o que significa que trabalhou e bem em várias áreas. Sua formação básica foi como engenheiro de minas mas ele se aventurou em muitas áreas da ciência natural e filosofia. Já idoso dedicou a maior parte do tempo que tinha a escrever e registrar suas experiências no plano espiritual. Assim como outros gênios como Tesla e Newton ele não quis se casar para se dedicar a suas pesquisas e toda renda vinda da venda de seus livros ele destinava a obras de caridade, mais que isso, bancava as tiragens e se esforçava para que fossem vendidos ao preço mais acessível possível. Blavatsky já havia dito que boa parte dos livros dele eram apenas alegóricos e não deveriam ser levados ao pé da letra. Eliphas Levi também fez um comentário semelhante e cabe aos leitores interpretarem e tirarem suas próprias conclusões. O livro dele que eu mais indico é "O Céu e as suas Maravilhas e o Inferno Segundo o que Foi Ouvido e Visto" pintura representando Swedenborg:

   Assim concluo esse post, procurei registrar alguns conceitos básicos sobre os anjos que como o leitor pôde perceber é um tema amplo e foge dos estereótipos fantasiosos presentes na imaginação da maioria das pessoas.



   



         

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