quinta-feira, 9 de novembro de 2017

RESENHA  DE  FILMES-2

   Olá a todos! Nesse post vou falar sobre o filme "A Mumia" de 1999. É provável que a ideia básica para esse filme tenha vindo de outro filme antigo "The Mummy" de 1932.  Não será necessariamente uma postagem sobre ocultismo, mas, mais focada em certas tradições do Egito antigo que os produtores do filme abordaram e também interpretaram a sua própria maneira.
   Esse é um filme muito divertido, bom pra ser assistido de maneira bem descompromissada e tem efeitos legais, foi realmente bem feito. As duas continuações eu não gostei achei que forçaram a barra. Recentemente em 2017 lançaram outro filme "A Mumia" estrelado por Tom Cruise, os produtores tinham cogitado ele para fazer o herói no primeiro mas coube a Brendan Fraser na época, esse de 2017 me parece bem fraco também, Hollywood anda espremendo ideias bem batidas e fazendo remakes que realmente tem sido ridículos. Esse é um dos posteres do primeiro filme do qual vou falar:
   O filme começa mostrando Tebas no Egito e falando sobre o faraó Seti I cujo sumo sacerdote era Imhotep. Sem dúvidas esse Imhotep foi baseado em um Imhotep que existiu de verdade. Ele foi um personagem fantástico que acumulou títulos como: sumo sacerdote, médico, arquiteto, escriba, mago e outros. Foi o arquiteto responsável pela construção da chamada "pirâmide de Sacara". Não é de se admirar que ele tenha sido divinizado, considerado o deus dos escribas e da medicina após seu desaparecimento. Uma estátua do verdadeiro Imhotep:

   Porém, na época que ele viveu em meados de 2600 a.C o faraó não era Seti I e sim Djoser. Além disso aquele Imhotep é retratado pelos registros como um sábio e um "mago do bem" enquanto que esse do filme é o oposto, um vilão. O Imhotep do filme se apaixonou pela favorita do faraó e quando o faraó descobriu o caso foi assassinado por eles. Nesse momento entra em cena a guarda do faraó, parecem ser mais do que simplesmente a guarda, são o braço armado de um grupo chamado medjai cujo propósito é manter a "ordem cósmica", os guardas medjai:
   Inclusive eles possuem tatuagens que outro site especialista em explicar os significados de tatuagens de filmes identificam como estando escrito no peito deles "deserto" e "lugar escondido". Foi um erro grosseiro dos produtores ter colocado os personagens com essas tatuagens antes do crime acontecer, pois, eles ficaram responsáveis de proteger esse lugar no deserto depois do crime e não antes! É de certo modo comum produtores de filmes tentarem retratar personagens com tatuagens com inscrições em línguas estrangeiras, mas quase nunca fica exato o significado, é mais pra ficar "cool". A amante de Imhotep se suicida com a chegada dos guardas, ela tinha certa confiança que podia ser "ressuscitada". Imhotep roubou o corpo mumificado dela e levou a cidade de Hamunaptra (o nome dessa cidade não existe) para realizar os rituais que pudessem ressuscitá-la. Os antigos egípcios eram realmente obcecados com a "vida após a morte" acreditavam que a alma tinha várias partes com nomes diferentes como "ka" e "ba" e que tinham que enfrentar grandes desafios no "outro mundo" chamado de "amenti", se submeterem a testes e o tribunal com 42 juízes e deuses no qual seu coração era pesado em uma balança e caso fosse mais pesado que a pluma de Maat deusa da verdade a alma seria enviada para ser devorada por Ammit um monstro com cabeça de crocodilo e corpo de leão. Aqui uma ilustração do chamado "Livro dos Mortos" mostrando o julgamento da alma, a pesagem na balança e o monstro Ammit aguardando se pode devorar a alma da pessoa: 

   A fascinação dos egípcios por essa jornada pós vida era tanta que eles tinham até um jogo em que dois jogadores jogavam com um número de peças em um tabuleiro, as peças simbolizando as partes da alma em sua jornada no além tinham que se mover pelas casas de acordo com um número sorteado, era o verdadeiro ancestral dos jogos conhecidos hoje em dia como "jogos de tabuleiro" chamava-se "senet". Ilustração antiga de uma rainha jogando senet:
   Olhando assim pode parecer que é um tipo de xadrez, mas não é, era tipo os de hoje "jogue os dados avance tantas casas". Aqui um tabuleiro de senet que pertenceu a Tutancâmon inclusive com a gaveta para guardar as peças:
   Continuando sobre o filme, Imhotep lê o ritual no "Livro dos Mortos" para tentar trazer a alma de sua amante de volta ao corpo. Mais um ponto apresentado de maneira deturpada pelos produtores do filme em relação as tradições do antigo Egito, o "Livro dos Mortos" não era para "ressuscitar os mortos" e sim para apresentar os ritos e dicas que ajudassem a alma a passar pelos testes na viagem ao além, inclusive no filme o livro tem a forma de um "grimório" de capa dura e tal, enquanto na realidade o "Livro dos Mortos" era feito em um longo papiro e colocado enrolado junto a tumba do morto. Aqui o livro do filme:
   Antes de conseguir ressuscitar sua amante, Imhotep foi impedido pelos guardas medjai e ele e seus sacerdotes foram condenados a serem mumificados vivos inclusive cortaram a língua dele e jogaram uns escaravelhos para devorá-lo (mais um exagero dos produtores, esses besouros são retratados no filme como vorazes comedores de carne quando na verdade são inofensivos besouros que se alimentam de matéria orgânica em decomposição). Os medjai ficaram sendo os responsáveis por vigiar para que Imhotep não ressuscitasse por milhares de anos senão traria grandes calamidades para o mundo. Como eu disse, aparentemente esses medjai do filme eram responsáveis por manter a "ordem cósmica". Entre os povos do passado se considerava que as pessoas que cometiam crimes como roubo, assassinato, incesto (apesar de na realeza do antigo Egito e da antiga Pérsia ter sido permitido casamento entre irmãos para "manter o sangue real puro") tais criminosos eram considerados como tendo transgredido a ordem cósmica e por isso castigados severamente, se não fossem castigados se considerava que os deuses enviariam calamidades a civilização como inundações, tempestades e má colheita por terem permitido o desequilíbrio. 
   Então a história vai para o ano de 1932 e mostra os medjai vigiando a cidade onde Imhotep foi enterrado. Retrataram um deles com tatuagens na testa que os produtores quiseram fazer como se fosse o nome de Imhotep em hieróglifos mas não ficou exato, e nas bochechas quiseram retratar algo como "maat" significa "verdade" e também não está exato:
   Uma bibliotecária que participa de uma expedição ao lugar lê o trecho no "Livro dos Mortos" com o encantamento para ressuscitar Imhotep. Após ressuscitar, Imhotep trás consigo algumas "pragas" semelhantes aquelas que a Bíblia relata que Moisés enviou ao povo do Egito para que o faraó permitisse a saída dos hebreus (mais um exagero dos produtores!). Além disso a múmia de Imhotep busca seus "canopus" os vasos onde foram depositados seus órgão e ainda busca absorver partes de outras pessoas vivas até restaurar sua antiga forma. A bibliotecária descobre que seu chefe pertence aos medjai que por três mil anos vigiaram para tentar impedir que Imhotep voltasse a vida:

   Imhotep aparece aos exploradores da cidade onde ele permaneceu, mas, foge ao ver um gato (nesse caso a ideia dos produtores é que Imhotep estava ainda "semi-morto" e os gatos vigiavam os que transitavam entre os planos por isso ele fugiu). Ele resolve sequestrar a bibliotecária e ressuscitar sua amante para que as partes do corpo dela ajudassem a restaurar a múmia de sua amante. No fim, eles conseguem outro livro onde a bibliotecária lê o encanto para tornar Imhotep um mortal comum e matam ele, o local desaba e eles se salvam.
   Como eu disse é bem divertido, tem personagens engraçados, roupas de época e bons efeitos. A base de tradições do antigo Egito em que os produtores se inspiraram foram explicadas (e estão bem exageradas como se pôde ver!). Até a próxima.
    

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