OCULTISTAS NOTÁVEIS-8
Olá a todos! Nesse post vou falar um pouco sobre a vida e obras de um ocultista muito interessante, o francês Saint Yves D'Alveydre (1842-1909). Foto dele:
Eu já havia mencionado em outro post desse mesmo blog de título "OCULTISTAS NOTÁVEIS-5" sobre o ambiente ocultista da França daquela época, era um ambiente muito rico que produziu ocultistas do calibre de Eliphas Levi e Papus.
A infância de Saint Yves foi muito infeliz por causa do constante choque de personalidades dele com seu pai. É possível que ele fosse uma criança mais "espiritualizada" e seu pai de atitude mais materialista. Por isso quando ele tinha 13 anos seu pai o internou em um colégio interno. Mas lá Saint Yves fez amizade com o diretor que foi um verdadeiro mestre orientador pra ele. Quando voltou pra casa seu relacionamento com seu pai continuou ruim e esse queria forçá-lo a se alistar na marinha, mas, graças a intervenção do seu amigo diretor da escola, ele foi levado a estudar na escola de medicina naval. Porém cursou apenas 3 anos, depois abandonou o curso e passou a conviver com exilados políticos do Segundo Império, possivelmente para ter contato com o escritor Victor Hugo por quem tinha grande admiração. Através de terceiros teve contato com a obra de Fabre D'Olivet (1767-1825). Em 1872 retorna a Paris onde consegue um emprego de escrituário no ministério do interior e passa a viver modestamente. Preocupava-se com as guerras e tensões políticas e sociais de sua época, chegava a ter uma concepção negativista do mundo e pensou em largar tudo e se tornar monge trapista. Frequentava ocasionalmente os salões do bibliotecário Jacob de Lacroix e certo dia lá teve contato com a condessa Marie Victoire Keller, uma mulher bela, inteligente, viúva e rica. Logo se casam embora ele tivesse 36 anos e ela 50 na época. Ele não soube administrar bem o patrimônio da esposa e teve muitos empreendimentos industriais mal sucedidos, mas, ainda assim teve a estabilidade financeira suficiente para poder se dedicar a seus estudos ocultistas. Antes, havia escrito obras de conteúdo poético, então passou a escrever obras mais focadas no oculto como suas "Missões". Em 1887 conheceu um sábio indiano chamado Hardjij Schariff que lhe deu uma verdadeira e profunda iniciação em matérias ocultas como língua hebraica e sãnscrito. Saint Yves dizia que aquele homem era um representante dos grandes iniciados de Agharta a cidade subterrânea cujos líderes eram imbuídos de darem orientações positivas a nossa sociedade da superfície. Nesse mesmo ano começou seu livro "Missão da índia na Europa". O método através do qual ele ditava essas obras de conteúdo oculto para seu secretário escrever era curioso, ele não fazia a técnica conhecido como "viajem astral" era um tipo de "êxtase contínuo" através do qual realmente podia projetar sua consciência para Agartha e outros centros iniciáticos e explicar de modo erudito o significado de certos segredos antigos. Ainda muito preocupado com a ordem política/social do mundo ocidental, ele propunha uma nova forma de governo que ele chamava de sinarquia, o contrário de anarquia e que seria mais harmonioso, justo e controlado por verdadeiros sábios. Com relação a isso ele disse: "Se não realizardes a sinarquia, vejo vossa civilização judaico-cristã eclipsada dentro de um século a vossa supremacia bruta para sempre aniquilada por um renascimento incrível da Ásia inteira, ressuscitada, de pé, sábia e armada dos pés a cabeça." Ele também menciona em alguns de seus livros o papel que o islã iria desempenhar no futuro. De certo modo algumas de suas predições se confirmaram. Logo após publicar "Missão da Índia na Europa" ele mesmo mandou destruir os exemplares sob a justificativa que seus mestres superiores haviam lhe ordenado que não divulgasse certos segredos que seriam muitos perigosos. Sobrou apenas um exemplar que ficou com Alexandre Keller filho do primeiro relacionamento da condessa Marie Victoire é graças a esse que tal obra sobreviveu até nós hoje em dia. Na época da ocupação nazista esses também expediram ordens para destruir esse livro, as razões disso os estudantes do esoterismo nazi devem saber.
Em 1893 sua esposa faleceu o que lhe causou um grande abalo. Porém, transformou o quarto dela em um tipo de "câmara ardente" através do qual conseguia se comunicar com o espírito dela. Seu discípulo Barlet dizia sobre isso: "Esse gênero de comunicação não tinha nada de comum com o espiritismo, ver-se-á a propósito de suas doutrinas que ele condenou sempre energicamente as suas práticas. Ele não tinha nehuma faculdade mediúnica e não se servia de nenhum medium. Suas cerimônias, bastante mais sagradas, eram de um mundo completamente diferente." Em relação a essa e outras técnicas como seu estado de "êxtase contínuo" faziam parte de conhecimentos que ele sabia mas que nunca quis divulgar. Ele dizia: "Se publicasse tudo aquilo que sei, integralmente, metade dos habitantes de Paris ficaria louca, a outra metade histérica."
Durante suas conferências com sua esposa na "câmara ardente" ela lhe inspirou a ideia do chamado "Arqueômetro" um instrumento na forma de um círculo com diversas cores, símbolos, números, letras e notas musicais que tem a finalidade de ao ser aplicado em coisas como uma construção por exemplo, ajudar a harmonizar as energias para que funcione melhor. Sob esse aspecto lembra um pouco a técnica chinesa conhecida como "feng shui". Em 1903 obteve a patente do Arqueômetro. Após sua morte foi enterrado no túmulo de sua mulher construído sob a aplicação do Arqueômetro. O conceito por trás do Arqueômetro é harmonizar o local ou construção baseado em certos princípios universais. Certos símbolos são realmente princípios universais e outros ocultistas do passado já tiveram uma ideia parecida como Raymond Lulle em seu "Ars Magna" onde apresenta uma demonstração lógica de todo saber. O padre jesuíta Athanasius Kircher muito envolvido com ciências ocultas especialmente cabala e hermetismo em geral em seu "Edipus Aegyptiacus" faz uma sínteses de todas as tradições místicas. E Pico della Mirandola foi até Roma publicar suas 900 teses extraídas de todas as filosofias que ele dizia que todas eram conciliáveis. Imagem de uma "prancha" ou "tabela" do Arqueômetro:
Outro elemento apresentado por Saint Yves que vale a pena mencionar é uma língua desconhecida que possuía caracteres próprios que ele chamava "vatan" inclusive caracteres vatan foram incluídos no Arqueômetro. Ele dizia que essa língua era uma língua especial e universal conhecida de certos adeptos da Ásia. Assim como a misteriosa língua "senzar" mencionada por Blavatsky, os pesquisadores pouco o nada sabem sobre isso.
Em relação ao livro "Missão da Índia na Europa" lançado aqui no Brasil pela Madras editora eu tenho um exemplar e reconheci assim que li que ele contém certos conhecimentos ocultos, faz muita referência a certos centros iniciáticos como a cidade subterrânea Agartha, porém, não tirei tempo para me aprofundar nesse livro. Se não me engano, o célebre escritor Jaques Berguier muito conhecido pelo livro que fez em parceria com Louis Pawels "O Despertar dos Mágicos" mencionou esse livro como estando na categoria dos "livros malditos" perseguidos por uma misteriosa sociedade que busca suprimir certos conhecimentos que seriam perigosos demais para a sociedade humana. Em relação ao Arqueômetro apresentado e explicado na forma de livro foi lançado aqui no Brasil também pela Madras. Ele possui não apenas a "prancha" com os símbolos do Arqueômetro e explicação sobre ele, mas, também apresenta comentários muito relevantes sobre simbologia em geral (matéria que eu particularmente gosto muito) e a contribuição espiritual de certos povos do passado, famosos iniciados e patriarcas do judaísmo para a civilização humana. De um modo geral, creio que as obras e contribuições de Saint Yves mereciam serem mais apreciadas pelos adeptos ocidentais de hoje em dia. O ocultista francês Papus (seu nome verdadeiro era Gérard Anaclet Vincent Encausse nascido em 1865 e falecido em 1910) muito influente nos círculos maçônicos da época tinha grande consideração por Saint Yves e até lhe pedia certas dicas de cabala. Após a morte de Saint Yves seus amigos e admiradores formaram um grupo chamado "Os Amigos de Saint Yves" para manter suas obras e sua memória vivas.
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